Tesouro Direto fora do ar? Entenda por que negócios com títulos públicos foram suspensos nesta semana

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Mariana Segala

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Os últimos dois dias causaram estranheza aos recém-chegados ao Tesouro Direto, sistema que permite a negociação de títulos públicos emitidos pelo governo federal.

Nesta quinta (10) e nesta sexta-feira (11), as negociações foram interrompidas diversas vezes durante o dia. Quando isso acontece, não é possível comprar novos títulos públicos.

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A suspensão dos negócios do Tesouro Direto é acionada como uma resposta ao estresse do mercado. Mas o que acontece exatamente nessas situações? E quais são as consequências para os investidores?

A edição de InfoMoney Responde procura esclarecer essa dúvida, comum a diversos investidores. Confira:

► Por que o Tesouro Direto suspendeu as negociações tantas vezes nesta semana?

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Desde o fim do pleito presidencial, há quase duas semanas, o assunto mais relevante para os mercados são as diretrizes para as contas públicas a serem estabelecidas no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da formação de sua equipe econômica.

Os agentes financeiros estão atentos aos menores movimentos e declarações – e uma entrevista concedida por Lula na quinta-feira (10) não foi bem digerida por eles. Na ocasião, o presidente eleito sugeriu que adotará menos rigor fiscal do que o esperado. Foi o suficiente para detonar um clima de pânico na Bolsa, assim como no mercado de juros.

“Uma das formas em que a incerteza se traduz é pela curva de juros futuros. Em geral, quando há pouca visibilidade ou pessimismo, a curva de juros ‘abre’, ou seja, o mercado passa a entender que haverá aumento de juros no futuro e embute este risco maior pedindo mais prêmio (taxa adicional) para investir nos títulos do governo”, explica a equipe de renda fixa da XP em relatório publicado nesta sexta-feira (11).

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Foi o que aconteceu entre quinta e sexta. As incertezas quanto aos gastos públicos a partir do próximo ano levaram o mercado a exigir taxas maiores para comprar os títulos públicos – que, afinal, servem exatamente para financiar estes mesmos gastos.

No relatório da XP, os analistas explicam que em dias como esses, os efeitos da disparada das taxas é percebido imediatamente nos preços dos títulos do Tesouro Direto, graças à chamada marcação a mercado. Trata-se da atualização diária que é feita no valor dos papéis, dadas as condições de negociação verificadas no mercado.

Quando as taxas de juros sobem, os preços títulos públicos prefixados e atrelados ao IPCA reagem de forma inversa – e caem.

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E quando essas variações são bruscas demais, o Tesouro Direto pode interromper as negociações por alguns minutos – ou até horas.

“Afinal, perde-se, de certa maneira, a referência justa para as taxas. Isto acaba por proteger os investidores de grandes oscilações, de forma semelhante ao circuit breaker na Bolsa”, diz o relatório.

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Circuit Breaker na Bolsa: entenda o mecanismo que interrompe as negociações em dias de forte turbulência do mercado

Foi o que aconteceu nesta semana – e já havia acontecido em momentos anteriores de grande volatilidade, como na época da eclosão da pandemia de coronavírus, em 2020. Nestas ocasiões, todos os títulos prefixados e indexados ao IPCA ficaram impedidos de serem negociados.

O relatório da XP destaca que os títulos do tipo Tesouro Selic (pós-fixados), por serem uma ferramenta importante de liquidez para o investidor e por não sofrerem com a marcação a mercado, deve continuar operando normalmente. “Sendo assim, estes títulos não têm sua negociação suspensa”, diz.

O Tesouro Direto libera as negociações sempre que as condições de mercado se tornam menos voláteis e quando entende que é seguro para os investidores voltarem a realizar suas aplicações, lembra o relatório.

Apesar das suspensões, o Tesouro Direto continua sendo um investimento seguro? A equipe da XP diz que sim. “A suspensão de negociação ocorre para proteger o investidor. Portanto, não há motivos para se preocupar em relação à segurança desse programa”, diz o relatório, ressaltando a importância de manter uma reserva de emergência para evitar surpresas inclusive nessas situações.

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Mariana Segala

Diretora de Redação do InfoMoney