Tesouro Direto: dois títulos de inflação seguem com retorno recorde, enquanto prefixados recuam com força

Às 15h20, juros pagos pelo Tesouro IPCA+ 2040 e 2055 chegavam a 5,65% e 5,71% ao ano, respectivamente

Bruna Furlani

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O foco dos investidores nesta quarta-feira (12) está em indicadores que serão apresentados nos Estados Unidos. Entre os destaques estão os dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que avançou 0,5% em dezembro. Já no acumulado de 2021, o indicador teve variação de 7%, a maior desde 1982.

O número mensal veio ligeiramente maior do que o esperado por economistas consultados pela Reuters, que previam alta de 0,4% para o índice na margem e de 7% na comparação anual. Os dados foram apresentados hoje pelo Departamento de Trabalho.

Mesmo com o recorde, o resultado poderia ter sido pior, na visão de analistas. A notícia fez com que o dólar e os rendimentos dos títulos públicos americanos recuassem.

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Investidores, no entanto, ainda aguardam a divulgação do Livro Bege nos Estados Unidos, que deve trazer mais pistas sobre as condições econômicas do País e a condução da política monetária americana.

De olho na inflação nos Estados Unidos e no recuo dos rendimentos no Tesouro americano, os títulos públicos do Tesouro Direto seguem com movimento misto na tarde desta quarta-feira.

Papéis prefixados operam com forte recuo nas taxas que chegam até 31 pontos-base (0,31 ponto percentual. Enquanto isso, títulos de inflação registram leve avanço ou são negociados perto da estabilidade.

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Às 15h20, o Tesouro Prefixado 2026 oferecia uma taxa de 11,19% ao ano, contra 11,50% na sessão anterior. No mesmo horário, o papel com vencimento em 2031 pagava uma taxa de 11,23%, abaixo dos 11,52% vistos ontem (11).

Com isso, pela segunda sessão consecutiva, o título de prazo 2026 apresentava retorno menor do que o papel com vencimento em 2031.

Entre os papéis atrelados à inflação, na segunda atualização da tarde, os juros pagos pelo Tesouro IPCA +2040 e 2055 continuavam com o patamar recorde alcançado no dia anterior. Ambos oferecem juros semestrais e passaram a ser negociados em fevereiro de 2020.

Às 15h20, os papeis com vencimento em 2040 e 2055 pagavam um retorno real de 5,65% e 5,71%, respectivamente. As remunerações eram iguais aos juros oferecidos ontem.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (12): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Radar internacional

Na cena externa, investidores repercutem os dados de inflação vindos dos Estados Unidos. Para Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, o número veio em linha com o esperado, e só pelo fato de não ter vindo pior, começou a puxar as bolsas lá fora, o que se refletiu por aqui também.

“O dado também contribui para que a gente não tenha inflação tão alta de importados”, complementou o executivo.

Na sequência, às 16h, será divulgado o Livro Bege do Fed, com mais detalhes sobre as condições econômicas dos Estados Unidos.

Também pesa sobre o mercado a postura adotada ontem (11) por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que é o banco central americano, em audiência para nomeação do novo cargo.

Na avaliação dos agentes financeiros, Powell não anunciou uma mudança acelerada da política monetária em relação àquilo que já foi sinalizado anteriormente, colocando a perspectiva de redução do balanço patrimonial para daqui a “três ou quatro encontros”.

Inflação, Refis e reajustes

Enquanto isso, na cena política local, o presidente Jair Bolsonaro (PL) culpou as políticas de restrições de circulação de pessoas adotadas durante a pandemia de coronavírus pela alta generalizada nos preços, divulgada ontem (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Lembra do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’? Vocês estão vendo a economia. O cara ficou em casa, apoiou e agora quer me culpar pela inflação”, disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores divulgada nas redes sociais. O presidente defendeu ainda que “o mundo todo” está com problemas de inflação.

Segundo dado divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2021 com alta de 10,06%, muito acima do limite de 5,25% da meta inflacionária estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Em carta aberta apresentada na véspera para justificar o descumprimento da meta de inflação no ano passado, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, afirmou que o movimento de alta nos preços foi um fenômeno global que atingiu a maioria dos países avançados e emergentes, ressaltando que a autoridade monetária tem “tomado as devidas providências” para que as metas sejam atingidas.

No documento, Campos Neto disse ainda que o resultado do ano foi motivado por forte elevação nos preços de bens, cobrança de tarifa adicional de energia elétrica e desequilíbrios entre oferta e demanda com gargalos nas cadeias produtivas.

Também na cena política, o Ministério da Economia anunciou ontem (11) medidas para regularização de dívidas de micro e pequenas empresas, incluindo descontos como parte do Programa de Regularização do Simples Nacional.

Com isso, será possível pagar 1% do débito como entrada, dividido em até oito vezes. E o restante da dívida será parcelado em até 137 meses, com desconto de até 100% de juros, multas e encargos legais. A parcela mínima será de R$ 100, ou R$ 25 para microempreendedores individuais. As medidas foram publicadas em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU).

Ainda na frente política, investidores monitoram protestos de auditores fiscais em aduanas, além da insatisfação de servidores do Banco Central, após reunião com Campos Neto ontem sobre reajustes salariais em 2022.

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