Tenho mais de R$ 250 mil em um banco; o que faço para me proteger?

Flávio Crossara, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta

Tenho atualmente como investimentos no mesmo banco: R$ 110 mil em previdência privada PGBL; R$ 260 mil em LCA. R$ 40 mil na poupança; R$ 100 mil no Tesouro Direto em títulos ligados a inflação; R$ 90 mil em fundos imobiliários; R$ 53 mil em fundo de renda fixa

Dúvidas: já que o FGC garante R$ 250 mil por instituição o que deveria fazer com o excedente? Abrir conta em outro banco? Caso sim, de onde deveria retirar o dinheiro? O Tesouro Direto, a previdência privada e o fundos imobiliários também estão nesse pacote de R$ 250 mil? O Tesouro Direto e os fundos imobiliários são bons investimentos mesmo com essa instabilidade do Brasil?

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Leitor:  Alexander

Resposta de Flávio Crossara, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF

Olá Alexander, na avaliação de investimentos são levados em consideração três fatores: Volume financeiro, Prazo de resgate e Perfil de risco. Usando os dados que você colocou, tenho como saber seu volume financeiro, mas os outros dois fatores vou inferir que você tenha um perfil conservador de investimento e que estas aplicações financeiras sejam para um prazo superior a 15 anos (escola de filhos pequenos, aposentadoria, complemento de renda, etc.).

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Além disso, para facilitar, vou tratar seus investimentos de forma separada. Primeiramente vamos falar do PGBL. Existem inúmeros planos de previdência oferecidos por diversas instituições financeiras, alguns interessantes e outros péssimos, para poder avaliar você precisará levar em conta principalmente as taxas de administração e carregamento. Em princípio, planos com taxa de carregamento devem ser evitados, esta taxa reduz seu saldo de previdência sem nenhum benefício direto para você. Já a taxa de administração vai depender um pouco do quanto de renda variável vai ter no seu plano, mas sempre compare com de outras instituições, e se encontrar alguma outra previdência melhor, basta fazer a portabilidade, idêntico ao que muitas pessoas fazem com suas linhas telefônicas.

Não custa lembrar que o PGBL só é vantajoso se você fizer sua declaração do IRPF completa e limitado ao que a lei prevê. Sobre a LCA, não tenho do que reclamar, traz uma rentabilidade muito boa e isento de IR, apenas reduziria a exposição para ficar dentro do limite de garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mas é um ótimo produto quanto à relação risco/retorno. Já a Caderneta de Poupança, são outros quinhentos, é um dos piores produtos de investimento que existem, evite ao máximo deixar dinheiro nela, a não ser que tenha uma parte que precise de liquidez imediata, fora isso é um produto que rende muito menos que LCI, LCA, CDB, etc. e tem o mesmo risco. Título Público comprado pelo Tesouro Direto é, também, um excelente produto, boa rentabilidade e risco ridiculamente baixo.

Estes títulos não são garantidos pelo FGC, mas diretamente pelo governo federal e não têm limite de garantia, por isso são considerados títulos de Risco Soberano, ou Risco “Zero”. O único detalhe é que você deve escolher títulos com vencimento o mais próximo possível do que você realmente precisa, pois durante o período de amadurecimento do título ele pode sofrer flutuações de valor, mas se você esperar o vencimento, irá receber exatamente o que foi contratado. Fundo Imobiliário (FII) seguem o mesmo raciocínio da compra de imóveis diretamente. São investimentos desenvolvidos para o longo prazo e tendem a trazer um resultado bastante interessante com a vantagem de facilidade de liquidez, redução de risco de inadimplência e vacância e, acima de tudo, da isenção do IR (pessoa física com menos de 10% do total de cotas). Assim como o investimento em imóvel físico, o FII não é garantido por nenhum órgão, o que garante o investimento é o próprio empreendimento, portanto é bastante aconselhável que você analise bem os imóveis nos quais este FII está lastreado.

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Por último o seu fundo de Renda Fixa. Este tipo de fundo também é bastante variado, existem excelentes opções no mercado, ao mesmo tempo que também tem péssimos produtos. Como a rentabilidade desses fundos tendem ao DI, o mais importante é avaliar o custo desta operação para você, ou seja, fique de olho na Taxa de Administração, ela deve ser próxima a 0,2% ao ano, mas em alguns casos muito específicos podem chegar a 0,5% ao ano, qualquer coisa acima disso eu evitaria, não vejo razão de um custo tão elevado para um produto tão simples de executar. Finalmente respondendo suas dúvidas, uma alternativa para ficar dentro do limite de garantia do FGC seria realmente fazer aplicações em fundos de instituições diferentes e o primeiro resgate que te aconselho é o da Caderneta de Poupança, como já disse, é o tipo de investimento que deve ser evitado.

Sobre a “crise no Brasil”, é evidente que todo investimento envolve risco, mas como estamos considerando que seu investimento é para longo prazo e nunca tivemos uma crise que venceu o tempo, esta carteira que você colocou tende a trazer um ótimo resultado. Tenho 20 anos de experiência no mercado de investimentos e te digo que o mercado tem seus movimentos, mas sempre se ajusta, principalmente quando tratamos do Tesouro Direto que é, sem dúvida, o investimento mais seguro do Brasil. Boa sorte nesta empreitada e precisando de mais ajuda basta entrar em contato.

Atenciosamente,

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Flávio Crossara é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Perguntas devem ser feitas no formulário http://www.infomoney.com.br/onde-investir/infomoney-responde-formulario-pergunta