Sob nova direção, fundo multimercado da ARX busca manter sucesso da última década

Com foco na estratégia “long and short”, ARX Extra ficou entre os melhores multimercados dos últimos dez anos, com retorno de 241,7%

Mariana Zonta d'Ávila

(shutterstock)

SÃO PAULO – Não foi apenas uma estratégia que levou o fundo ARX Extra a entregar um retorno da ordem de 242% na última década, o segundo melhor desempenho entre multimercados no ranking InfoMoney-Ibmec 2020.

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O produto permite que os gestores da ARX Investimentos se posicionem de diversas maneiras para aproveitar as oportunidades que o mercado oferece, seja em juros ou via operações com pares de ações.

Pertencente à categoria multimercado livre, portanto sem o compromisso de concentração em uma estratégia específica de investimento, o fundo tem foco prioritário em Bolsa.

Ele replica parte do ARX Long & Short e se destaca pela forte exposição à renda variável, com 70% da carteira dedicada a essa estratégia. A parcela, que já foi maior no passado, varia de acordo com a perspectiva dos gestores no momento. No long & short, o gestor faz uma operação simultânea, mantendo uma posição vendida (apostando na queda) em uma ação e comprada (apostando na alta) em outra.

Nas palavras de Eduardo Canto, gestor do ARX Extra, o fundo é um retrato fiel da casa, uma vez que, além de desfrutar de parte da experiência dos analistas de renda variável, aproveita os especialistas dedicados a estratégias de renda fixa e macro. A única que não é utilizada no fundo é a de crédito privado.

Hoje, a maior parte do patrimônio da ARX está concentrado nas estratégias de renda variável e crédito, com R$ 6 bilhões cada. Em multimercados, o montante corresponde a R$ 500 milhões.

Canto, ex-Aria Capital, é o atual gestor do ARX Extra, explorando os ativos pela parte fundamentalista, na estratégia macro. Ele conta com o suporte de Carlos Silva, ex-STK Capital e responsável pelos fundos de estratégia long & short. Ambos têm cerca de 20 anos de experiência na gestão de recursos e ocupam os respectivos cargos desde 2019, quando se juntaram à ARX.

Criado em 2003, o ARX Extra tem sua fatia de renda variável dividida em cinco “caixinhas”, permitindo operações com foco no curto prazo e aquelas que olham para um horizonte mais longo.

Troca de comando

Fundada em 2001, a ARX passou por grandes transformações ao longo do tempo, com impacto sobre a gestão e a base de investidores.

A primeira grande transformação foi a venda da ARX Investimentos para o BNY Mellon, em 2008. Naquele ano, a notícia provocou o resgate de cotas, reduzindo para quase metade a base de cotistas do ARX Extra, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.

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No fundo, a tendência foi revertida apenas a partir de 2011, após chegar à mínima de 43 cotistas em fevereiro. O ARX Extra passou a acumular mais aplicações do que resgates até alcançar 7,2 mil investidores em março de 2017, recorde do produto. O patrimônio líquido chegava a R$ 1,75 bilhão.

Ainda em 2017, porém, figuras-chave da gestora, como o fundador José Alberto Tovar e o gestor Bruno Garcia, saíram da ARX para fundar a Truxt Investimentos. Diante da mudança, três mil cotistas deixaram o multimercado, reduzindo seu patrimônio para R$ 866 milhões em junho daquele ano.

Retornar ao patamar anterior ainda é um desafio da equipe. Atualmente, o fundo administra R$ 105 milhões, tem cerca de mil cotistas e está aberto pra captações.

Rogério Poppe, que assumiu o cargo de CEO da gestora em 2017, após 11 anos como gestor da estratégia long only na ARX, afirma que, mesmo com movimentações de equipe, a divisão da casa em braços de especialistas permitiu a manutenção de uma “gestão de excelência”.

A principal mudança atribuída à compra pelo grupo BNY Mellon foi o aumento de controle de riscos, compliance e melhores práticas.

Além de contar com uma estrutura de grupo internacional, diz Poppe, a aquisição permitiu à ARX maior conexão com o mercado global e com o investidor estrangeiro. Um exemplo disso é o lançamento de fundos focados em Brasil para clientes no exterior.

Nos últimos dez anos, o ARX Extra passou por momentos de volatilidade tanto no mercado doméstico quanto internacional, com resquícios até hoje da crise financeira de 2008.

No Brasil, foram quatro presidentes, em um contexto agitado pelo impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Eventos políticos incluíram ainda casos como o Mensalão, a Operação Lava Jato, o “Joesley Day” e o mais recente debate acerca da reforma da Previdência.

Principais posições

Atualmente, o ARX Extra está posicionado para uma valorização adicional da Bolsa, com preferência pelos setores de consumo (e-commerce, consumo básico e locação de automóveis) e de commodities, com ações como blue chips Petrobras, Vale e Gerdau na carteira. Em bancos, a posição é neutra, enquanto, para bens de capital, telecomunicações e alimentos, a visão é mais negativa.

Com um ambiente de juros baixos que veio para ficar, a avaliação dos gestores do fundo é de que a migração de investidores para a renda variável continue beneficiando a classe. Eles avaliam ainda que a aceleração do PIB brasileiro deve atuar como um grande gatilho para a Bolsa, especialmente pelo fato de o país viver uma fase contrária do ciclo em relação ao restante do mundo.

Na renda fixa, Canto afirma que vê oportunidades na parte mais longa da curva de juros, dada a “chance razoável” de a Selic cair mais uma vez. Dito isso, o fundo possui uma grande posição em juro real.

Já em moeda, a casa está praticamente zerada. “No último mês, alguns indicadores na parte industrial começaram a levantar questionamentos sobre o crescimento e, como o crescimento é a grande chave para os ativos, quando há dúvida sobre ele, a moeda tende a sofrer bastante”, diz Canto.

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