Rendimento real da poupança fica no negativo em 12 meses até junho pelo 10º mês consecutivo

Segundo Economatica, recuos assim não eram vistos desde outubro de 1991; mesmo assim, captações da poupança foram expressivas em junho

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – As fortes pressões inflacionárias acompanhadas de um ambiente em que as taxas de juros seguem baixas estão ajudando a corroer cada vez mais o poder de compra de quem aplica na poupança. Um levantamento feito pela Economatica, plataforma de informações financeiras, aponta que a rentabilidade real da poupança, ou seja, descontada a inflação, ficou no negativo em 6,26% em 12 meses até junho — pelo 10º mês seguido.

Segundo o levantamento, recuos assim não eram vistos desde outubro de 1991 quando o poupador perdeu 9,72% em 12 meses.

Em junho, por exemplo, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,53% na comparação com maio. Nos últimos 12 meses, a inflação já avançou 8,35%  — o maior valor desde setembro de 2016.

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Com isso, a poupança rendeu apenas 0,16%, ante variação de 0,31% do CDI, o principal referencial das aplicações de renda fixa. No semestre, o retorno da caderneta chegou a 0,83% (ante 1,28% do CDI) e, em 12 meses, a 1,56%, enquanto o CDI teve variação de 2,28%.

Mesmo com retornos pouco atrativos, a poupança voltou a captar um volume expressivo em junho, com entrada líquida de R$ 7,1 bilhões – a maior desde dezembro de 2020. A forte captação de recursos pelo produto bancário acontece em meio aos pagamentos do auxílio emergencial.

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Retornos baixos

Embora as captações chamem a atenção, a poupança não deve ver um alívio nos retornos. Isso porque o mercado vem revisando para cima — pela 13ª semana seguida — as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano.

De acordo com a mediana das expectativas dos economistas apresentada no último relatório do Boletim Focus do Banco Central, agora a estimativa do mercado para o IPCA é que ele fique em 6,07% neste ano. Uma semana antes, as projeções apontavam que a taxa fecharia o ano em 5,97%.

As expectativas continuam acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo (de 2,25% a 5,25%).

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