Saques de R$ 11 bilhões da poupança significam que brasileiro está aprendendo lição?

As pessoas podem ter usado o dinheiro para pagar despesas extras do início do ano, mas uma parte também pode ter migrado para aplicações mais rentáveis

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A caderneta de poupança registrou captação líquida (diferença entre depósitos e saques) negativa de R$ 11,232 bilhões no mês de janeiro. Foram R$ 205,9 bilhões em saques no mês passado, contra R$ 194,6 bilhões em aplicações, de acordo com dados do Banco Central divulgados na quarta-feira (5).

O montante é o segundo maior da história para o primeiro mês do ano, perdendo apenas para os R$ 12,03 bilhões sacados em janeiro de 2016. Mas será que esta forte saída indica que os brasileiros estão começando a enxergar que a caderneta de poupança é uma aplicação ruim – e estão migrando para outros investimentos?

Analisando apenas um mês é muito difícil ter esta resposta. Ainda mais porque janeiro é um mês que tradicionalmente as pessoas usam as suas economias para pagar despesas extras do início do ano, como IPVA, material escolar e compras feitas na época do Natal.

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Mas um dado da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) chama atenção. No mês passado, os fundos de investimentos registraram captação líquida de R$ 10,3 bilhões, número bem próximo ao saldo negativo da poupança. Então por mais que boa parte do dinheiro da caderneta tenha sido utilizado para o pagamento de despesas extraordinárias e de outras dívidas, uma parte pode estar começando a migrar para aplicações mais rentáveis.

Segundo a Anbima, das oito classes de fundos, cinco encerraram o mês de janeiro com saldo positivo. Os destaques ficaram com a Renda Fixa com captação de R$ 6,1 bilhões, Multimercados com R$ 4,8 bilhões e Ações que registrou entrada de R$ 2,4 bilhões. Invista nos melhores fundos: abra sua conta gratuita na XP!

O Tesouro Direto, que vem se tornando uma das principais alternativas à caderneta de poupança, ainda não divulgou seus números de janeiro. Mas a popularização do programa de compra e venda de títulos públicos federais tem chamado atenção.

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Apenas em dezembro, 141.110 novos participantes se cadastraram no Tesouro Direto. O número total de investidores cadastrados ao fim do mês atingiu 3,1 milhões, o que representa aumento de 69,9% nos últimos doze meses.

Poupança não tem vantagens

Apesar da saída de dinheiro em janeiro, a poupança segue como a aplicação mais popular do país e continua com um saldo expressivo de R$ 788 bilhões.

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A explicação, segundo especialistas, é cultural e esbarra na falta de conhecimento financeiro do brasileiro. Quem tem dinheiro na poupança costuma justificar com supostas vantagens. Mas argumentos como liquidez e segurança são facilmente desarmados.

A segurança do ponto de vista do risco de crédito pode ser comparada a CDBs (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), por exemplo.

Isso porque a poupança tem a mesma garantia destas aplicações:  em caso de calote do banco emissor, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) funciona como um seguro para aplicações de até R$ 250 mil. 

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Sem falar que outro concorrente direto da caderneta, o Tesouro Selic, é considerado o título mais seguro do país – afinal, sua garantia de crédito vem do Governo Federal, o melhor dos pagadores.

Além de ser seguro do ponto de vista do risco de crédito, o Tesouro Selic não tem oscilação de preço – por isso é ideal para quem está acostumado com a poupança. “O investidor pode começar com este título, que é mais conservador, não tem volatilidade – ou seja, ele não corre risco de perder parte do dinheiro que aplicou”, diz o assessor de investimentos Jorge Luis Prado, da Sal Investimentos.

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Já a liquidez da caderneta é uma ‘falsa verdade’. Ao mesmo tempo que a poupança permite retiradas a qualquer momento, ela também tem um sistema que penaliza o investidor que precisa fazer saques com urgência.

Os depósitos da poupança possuem data de aniversário. Isso quer dizer que a aplicação só tem o rendimento creditado 30 dias depois do depósito, e sempre de 30 em 30 dias.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip