Renda de investidor caiu pela metade em 1 ano; saiba o que fazer agora

Quem tinha, por exemplo, R$ 1 milhão em CDB conseguia por mês, em média, R$ 9.800. Agora, este mesmo investidor ganha apenas R$ 5.200 por mês  

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – Em março de 2017, há exatamente um ano, a Selic estava em 12,25%. Ruim para quem precisava tomar qualquer espécie de linha de crédito em instituições financeiras, mas garantia de tranquilidade para quem mantinha boa parte de seu patrimônio na renda fixa. Março de 2018: a Selic é cortada pela 12ª vez seguida e cai ao mais baixo patamar da história. Melhor para quem precisa renegociar dívidas e fim da serenidade de quem podia deixar o dinheiro parado em algum ativo de renda fixa e receber, todo mês, cerca de 1% de rendimentos. 

Seja para quem vive apenas com esses rendimentos, como para quem está construindo seu patrimônio para concretizar um sonho ou garantir uma aposentadoria tranquila, ver seus ganhos serem cortados pela metade em 1 ano é, no mínimo, inquietante para o investidor que tem observado essa redução de ganhos e tentado alternativas e pode ser apavorante para quem só se deu conta disso agora. 

Quem investia R$ 100 mil em um CDB que pagava 120% do CDI, por exemplo, conseguia R$ 11.760 em 12 meses, já com desconto do Imposto de Renda. Agora, os mesmos R$ 100 mil resultarão em R$ 6.240, ou seja, quase R$ 6.000 de diferença. O investidor que tinha bastante dinheiro em renda fixa e usava este tipo de aplicação para viver de renda, portanto, teve um grande impacto nos seus retornos. Quem tinha, por exemplo, R$ 1 milhão em CDB conseguia por mês, em média, R$ 9.800 seguindo o exemplo do CDB citado acima. Agora, este mesmo investidor ganha apenas R$ 5.200 por mês 

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O assessor de investimentos Pier Mattei, sócio da Monte Bravo, conta que os investidores que acompanharam a perspectiva de juros mais baixos e realocaram seu portfólio um ano atrás conseguiu maximizar seus ganhos no período e – na prática – acumularam mais dinheiro. Quem ainda não revisou seu aportes e dividiu seus ovos em mais cestas – um ditado clássico do mercado financeiro – e tem observado sua rentabilidade ruir, ele conta que ainda há salvação.

“Estamos vendo uma legião de órfãos da renda fixa. Alguns investidores, assim que a taxa de juros começou a cair com mais constância e amplitude, já perceberam a necessidade de reavaliar portfólio. Os mais retardatários acabaram saindo da zona de conforto só agora. Estão sentindo as perdas no bolso e saindo de sua zona de conforto”, avalia Mattei. 

Segundo o assessor, o caminho natural – e comum no último ano – para o investidor de renda fixa que começou a experimentar um pouco mais de risco devido ao cenário desfavorável de juros para renda, foi a categoria de fundos multimercados. 

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“O primeiro produto de transmissão da renda fixa que vimos procura muito grande, e aceitação muito grande de investidores que eram mais de renda fixa, são os fundos multimercados. A captação bateu recorde e a prova disso é que vários fundos dessa indústria tiveram sua captação fechada”, conta. 

Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) apontam captação de R$ 101 bilhões nos fundos multimercados em 2017 – salto de 414% em relação ao ano anterior. 

Para Felipe Macedo, assessor de investimentos da Messem, essa disparada na procura por fundos multimercados está intimamente ligada a queda da Selic e a necessidade de diversificação de aplicações sem, necessariamente, tomar riscos muito elevados. 

Os fundos multimercados reúnem em um só produto vários tipos de papéis. Um único multimercado pode ser formado por títulos públicos, ações de empresas, debêntures e até ativos do mercado internacional. Por serem mais flexíveis do que outros tipos de fundos, os multimercados podem ter suas estratégias modificadas de acordo com o cenário econômico. Em um período que a Bolsa sobe, como o momento atual, os investimentos em renda fixa tendem a se tornar menos atrativos e o gestor desses fundos tem a liberdade de aumentar os aportes em ações na tentativa de equilibrar perdas e ganhos.

“A primeira classe de ativos que teve apelo muito grande mesmo com os investidores mais conservadores foi o fundo multimercado. É onde o investidor coloca o primeiro pé fora da renda fixa”, conta Mattei.

O médico Thiago Chulam é o exemplo de investidor que observou a curva de juros com antecedência e realocou suas aplicações ampliando sua exposição a fundos multimercados. “Tenho perfil um pouco mais conservador e, com a taxa que tinha no mercado anteriormente tinha muitos produtos do Tesouro Direto, debêntures, CRAs, CRIs, que entregavam rentabilidade interessante. Conforme a Selic foi caindo, eles deixaram de ser interessantes e tive que aumentar o apetite por risco”, conta o investidor.

Felipe Macedo, da Messem, conta como, em média, os investidores passaram a diversificar seus aportes experimentando mais riscos do que na renda fixa. O assessor explica que de 40% a 60% do portfólio ainda é mantido em renda fixa, para preservar o caráter mais defensivo dos investidores conservadores. No entanto, essa parcela da carteira não é concentrada em apenas um tipo de ativo, mas pulverizada entre Tesouro Direto, CDBs, debêntures, CRIs, CRAs, LCIs, LCAs para diversificar riscos, ainda que reduzidos, e potencializar os ganhos. 

A segunda maior parcela na carteira tem sido dos fundos multimercados, que abocanham de 20% a 30%, em média do patrimônio médio investido, seguidos de renda variável – que englobam desde a compra de ações diretamente a cotas em fundos de ações e até COEs (sigla para Certificados de Operações Estruturadas). Nos aportes em ações, Mattei destaca o momento “extremamente convidativo” para investir em Bolsa propiciado pelo cenário de retomada da economia, queda de juros e baixa inflação. Para quem não consegue acompanhar uma carteira de ações de perto, ele recomenda o aporte em fundos de ações ou a compra de papéis das chamadas blue chips, empresas com elevado valor de mercado, como Vale, Petrobras e Itaú Unibanco.

Os fundos imobiliários, com expectativa de manutenção de taxas básicas de juros (que favorecem o setor) e retomada da economia, também se destacam e são responsáveis por 5% a 10% do portfólio. “Esse mercado anda de mãos dadas com a economia. Como o brasileiro tem interesse pelo segmento imobiliário, gosta de investir em imóveis, é possível comprar uma cota de fundo imobiliário por R$ 100. Isso é muito atrativo”, conta Mattei. 

Assim, a alocação teórica média praticada pelos investidores observada por Macedo é a seguinte: 

Produto Participação no portfólio
Renda fixa 40% a 60%
Fundos multimercados 20% a 30%
Renda variável  15% a 20%
Fundos imobiliários 5% a 10%

 Entre as alternativas na parcela alocada em renda fixa chama a atenção um relativo novo tipo de investimento para os brasileiros. Os COEs foram criados no 2º semestre de 2013 e combinam a proteção da renda fixa com o rendimento da renda variável.

Nas operações em renda variável ele pode estar atrelado a diversos tipos de investimentos, desde índices de ações (nacionais ou estrangeiros), moedas, juros, commodities e ações do mundo inteiro.  É a chance de investidores conservadores começarem a diversificar o portfólio com exposição em outros mercados, sem colocar em risco seu capital investido. Isso porque cerca de 95% dos COEs emitidos no Brasil são de capital protegido.

Na prática, se o investidor comprar um COE de 6 meses de vencimento lastreado em um índice de ações internacional e ele subir no período, o investidor embolsará o lucro acumulado deste movimento. Na outra ponta, caso o índice caia, o investidor recebe de volta o dinheiro investido no COE, acrescido ainda de um “cupom”, que é a taxa de juro acumulada no período e estipulada no momento da compra.

A única perda neste investimento está no chamado “custo de oportunidade”, que é a diferença entre o rendimento do cupom do seu COE e o quanto esse dinheiro teria rendido se estivesse em uma aplicação segura de renda fixa, por exemplo.

Thiago Chulam investe em COEs desde o ano passado e conta que, além da boa rentabilidade com baixo risco, a aplicação inicial reduzida foi um dos atrativos que o convenceram a apostar em uma “novidade” do mercado brasileiro. É possível encontrar COEs com aplicação inicial de R$ 5 mil.

Ainda com medo de sair da renda fixa? 
Pier Mattei, da Monte Bravo, destaca que o investidor que preferir se manter 100% posicionado em ativos de renda fixa correrá elevado risco de obter rentabilidade pouco acima da inflação, prevista para ficar em 3,63% em 2018, segundo o Boletim Focus mais recente.

Muito procurado por investidores conservadores, os CDBs que pagam 120% do CDI, terá ganhos líquidos de 6,59% ao ano em um período de 24 meses, patamar 2,62 ponto percentual acima da inflação prevista para o período, ou 7,1 vezes acima da poupança e 66% maior que a inflação. 

Ao mesmo tempo, há pelos menos 5 fundos multimercados já renderam mais de 900% do CDI em 2018 e muitos investidores, como Chulam, já vêm surfando essa onda de ganhos elevados desde o ano passado. Vai arriscar entrar na água ou prefere ficar na areia segura, mas que fará pouco por seu patrimônio?

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