Retirada do IOF para estrangeiros tornará Renda Fixa mais interessante?

De acordo com Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores, a redução do IOF não fará o fluxo aumentar tanto quanto a Fazenda espera

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, na última terça-feira (4), a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre o ingresso de capital estrangeiro em aplicações de renda fixa. A medida, que entrou em vigor hoje, levou a alíquota de 6% para zero.

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De acordo com Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores, a medida não fará o fluxo aumentar tanto quanto a Fazenda espera. “Essa alíquota foi introduzida em 2010 e o investimento estrangeiro em renda fixa, naquela época, foi de US$ 30 bilhões. Imagino que a fazenda saiba que não vai atingir os US$ 30 bilhões esse ano, pois o real, comparado com 2010, caiu muito. Na minha opinião, esse fluxo não vai vir. O investidor estrangeiro não vai trazer o dinheiro para cá só porque essa alíquota foi reduzida, afinal, o juro real hoje é muito menor. Eu chutaria, no máximo, US$ 12 bilhões para esse ano”, afirmou.

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Para o estrategista, o fluxo deve sim melhorar, mas nem perto de quanto a Fazenda espera que melhore, o que torna a medida inócua, afinal, sem a entrada de estrangeiros esperada, as aplicações em renda fixa não se tornarão mais interessantes para os investidores domésticos. “Não está tudo tão bem como a Fazenda imagina. O fluxo não vai chegar nem a 10% do que eles pretendem, porque nós temos uma queda de juros reais, de 2010 pra cá, e uma piora gigante do cenário internacional. Com esse aumento, nada irá mudar para os investidores locais”, disse. “Na época, os juros americanos estavam no início do QE2, agora nós estamos no final do QE3, e não terá o QE4. Aqui no Brasil, uma NTN-B 2015, em 2010, pagava o IPCA mais 6,5%, enquanto hoje rende IPCA mais 3,5%, ou seja, o cara não vai vir comprar aqui só porque a taxa está boa, ele quer rentabilidade e segurança, principalmente porque a gente tinha um câmbio estável naquela época, enquanto hoje a volatilidade intraday é gigante e no mês maior ainda”, completou.

Ata do Copom mostrou futuro das aplicações em renda fixa
Segundo Luiz Augusto Monteiro, diretor de renda fixa da Queluz, o texto da ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira (6), é que determina o futuro da atratividade dos investimentos em renda fixa.

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“Se o Banco Central indicasse na ata que deseja manter a inflação entre 5,5% e 6% ao ano, os títulos atrelados ao IPCA de médio e longo prazo ficariam muito atrativos e teriam um aumento de fluxo, no entanto, a ata indicou que o BC pretende levar a inflação para mais perto da meta de 4,5%, o que significa uma forte elevação dos juros nas próximas reuniões, ou seja, os investimentos em renda fixa, principalmente os ligados à inflação, serão muito prejudicados”, explicou.

Ainda de acordo com o diretor, a indicação de uma alta expressiva da taxa de juros até o final do ano torna mais atraente apenas os títulos indexados à Selic, como as LFTs de curto prazo. “Se os juros estão caindo, procure papéis mais longos, se estão subindo, fique com os mais curtos”, finalizou.