“Investidor quer ver o que tem do outro lado do muro”, diz gestor

Para Julio Ortiz, da Rio Bravo, investidor terá de aceitar o alongamento de prazos, a perda de liquidez e correr mais riscos se quiser manter rentabilidade

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A queda da taxa básica de juro pode ser encarada como um marco nos investimentos no País. Os brasileiros, acostumados com uma das maiores taxas de juros nominais do mundo, estão começando a perceber que uma rentabilidade de 1% ao mês já é uma realidade distante em investimentos conservadores e que para conseguir uma rentabilidade próxima dessa é preciso mudar a estratégia.

“Os investidores estão querendo ver o que tem do lado de lá do muro. Eles vão ter que aceitar o alongamento de prazos, a perda de liquidez e correr mais riscos”, aponta o diretor comercial de clientes pessoa física da Rio Bravo Investimentos, Julio Ortiz.

Na opinião dele, o risco de crédito é um dos que deve começar a entrar na carteira dos investidores. “Acreditamos no crédito privado”, diz. Atualmente, como o mercado secundário de renda fixa no Brasil é incipiente, as principais oportunidades de comprar títulos de crédito privado está nas emissões primárias. No entanto, o investidor também pode investir em títulos desta natureza por meio de fundos de investimentos. “Os fundos de crédito já estão aí. Começou com FIDC (Fundos de Investimentos de Direitos Creditórios) e a tendência é crescer”, pontua Ortiz.

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Os fundos imobiliários também chegaram para ficar, mas ele lembra que é cada vez mais importante fazer uma seleção criteriosa antes de aplicar nestes investimentos. “Existem fundos que estão caros, e o investidor também deve se atentar aos riscos desses fundos. É importante analisar o gestor e os imóveis que estão na carteira”, aconselha.

 Bolsa
Em relação à bolsa, Ortiz lembra que o cenário econômico não é favorável, mas que investir em ações sempre faz sentido no longo prazo. “A economia cresceu pouco ano passado, esse ano a expectativa também não é de um crescimento tão grande. A inflação está alta, o que pode significar um aumento da taxa de juros em algum momento. Então, o quadro para a bolsa, de modo geral, não é nenhuma grande maravilha”, diz.

Apesar disso, dependendo do perfil do investidor, pode fazer sentido alocar uma parte dos recursos em renda variável com objetivo de ganhos lá na frente. “Bolsa, por definição, é um investimento de longo prazo. É muito difícil tentar acertar o timing de entrada, a chance de errar é enorme”, alerta. “Para quem está querendo fazer uma poupança de 10 anos, acho que uma parte da sua poupança pode ir para a bolsa”, continua o executivo.

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No entanto, ele também ressalta que o investidor deve tomar cuidado ao escolher as ações e lembra que essa é uma decisão complexa, que demanda uma análise profunda e que muitas vezes não é feita da maneira correta pelo investidor comum. Por isso, para quem não possui experiência suficiente, ele diz que o ideal é procurar profissionais. “Tem que procurar bons fundos, com bons gestores. Enquanto estamos conversando, eles estão analisando a empresa”, ressalta.

O trabalho do investidor, neste caso, passa a ser o de procurar gestores confiáveis e que consigam trazer um resultado satisfatório. “Tem que saber como ele faz nos últimos 2, 5, 10, 15 anos. Os últimos 6 meses não interessam”, diz.

Ortiz conclui afirmando que a seleção de bons investimentos está ficando cada vez mais complicada, mas que o investidor terá de se acostumar com esta nova realidade para conseguir manter uma rentabilidade aceitável. “É um momento de reeducação do investidor”, finaliza.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip