Quebra do SVB vai exigir Fed menos duro com juros nos EUA já na reunião de março, diz gestor da XP

Para Bruno Marques, se tiver uma interrupção nos canais de crédito, isso poderia atrapalhar bastante a atividade econômica

Bruna Furlani

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A falência do Silicon Valley Bank (SVB), maior banco dos Estados Unidos a quebrar em mais de uma década, desmoronando em menos de 48 horas depois de delinear um plano para levantar capital, exigirá um pulso menos firme do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na reunião deste mês.

A avaliação é do gestor de multimercados macro da XP Asset, Bruno Marques. Para ele, agora a visão é que o Fed deve manter os juros na próxima reunião de política monetária no país, marcada para a próxima semana, ou elevar a taxa em 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).

Segundo Marques, se houver uma interrupção nos canais de crédito, isso poderia atrapalhar desde o financiamento de automóveis até as exportações, como ocorreu em crises anteriores, e atrapalhar bastante a atividade econômica.

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Na manhã desta segunda-feira (13), o CME Group mostrava que a percepção do mercado – capturada pelas negociações de futuros dos Fed Funds – se movimentou nos últimos dias. As operações registradas na plataforma embutiam uma probabilidade implícita de 84,9% de que a alta dos juros seja 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,75% e 5% ao ano na reunião deste mês. Na outra ponta, havia uma chance de 15,1% que a autoridade monetária deveria manter os juros entre 4,50% e 4,75%.

A título de comparação, uma semana antes, o mercado colocava uma chance de 69% de a elevação dos juros ser de 0,25 ponto percentual e de 31% de ser de 0,50 ponto percentual.

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De olho em uma postura menos hawkish (inclinada ao aperto monetário) do Fed, o executivo diz que vem reduzindo bastante as posições tomadas em juros curtos (que se beneficiam da alta das taxas) nos Estados Unidos. “A alocação agora é quase insignificante. A visão é de 25 bps [pontos-base] ou zero na próxima reunião. A posição fica mais assimétrica”, completa.

Na avaliação do executivo, a mudança está ligada ao fato de que o problema de crédito parecia mais concentrado em bancos ligados a criptoativos no começo da semana passada, com a quebra do Silvergate Capital Corp, o que mudou de figura com a notícia da quebra do SVB na sexta-feira (10).

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“É uma crise de uma instituição que se alavancou e gerou um descasamento entre passivo e ativo. Se deixasse quebrar, geraria uma crise sem precedentes. As autoridades americanas agiram rápido”, diz. “É uma crise de uma instituição, mas que pode virar uma crise de confiança mais forte. Tem muita coisa que pode acontecer daqui pra frente”.