Quais investimentos devem compor sua carteira com Selic a 2% e Ibovespa acima dos 100 mil pontos?

Títulos públicos com juros reais, crédito privado, Bolsa e fundos imobiliários estão entre as principais recomendações

Mariana Zonta d'Ávila

(Yozayo/ Getty Images)

SÃO PAULO – Em uma decisão amplamente esperada pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a taxa Selic pela nona vez seguida, em 0,25 ponto percentual, para 2,00% ao ano.

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Com uma taxa básica de juros na mínima histórica e em meio à expectativa de que ela permaneça neste patamar até pelo menos o fim do ano, o investidor conservador terá que se acostumar com prêmios ainda mais comprimidos na renda fixa por um bom período.

E não é de agora que produtos como a caderneta de poupança têm oferecido retornos pouco atrativos. Com a Selic a 2% ao ano, a rentabilidade da aplicação financeira, que teve captação líquida recorde no primeiro semestre com os estímulos do governo para conter os efeitos da Covid-19, passa a ser de 1,4%.

O valor é inferior à expectativa de inflação para este ano, de 1,63%, e para o próximo, de 3%. Nos últimos 12 meses até junho, o IPCA registrou inflação de 2,13%.

Confira a seguir como renderiam R$ 10 mil investidos hoje na poupança e em produtos de renda fixa, como CDBs, com rendimentos equivalentes a 100% e 120% do CDI.

Para a simulação, foram considerados o período de um ano e três cenários: a manutenção da Selic em 2,00%, uma nova redução, levando a taxa para 1,75%; e outra alternativa, com a Selic a 1,50% ao ano.

Embora a maior parte do mercado financeiro espere que a Selic fique estável em 2% até dezembro, o grupo “top 5” médio prazo do relatório Focus, do Banco Central, que representa os economistas que mais acertam as previsões, ainda estima novo corte de juros, com a Selic encerrando o ano a 1,88%.

Segundo gestores de patrimônio e assessores de investimento consultados pelo InfoMoney, alongar os prazos de investimento e ampliar cada vez mais a diversificação dos portfólios será fundamental para garantir retorno neste novo cenário.

“No Brasil, sempre estivemos acostumados a investir com segurança, boa rentabilidade e alta liquidez. Mas o cenário de juros baixos nos faz ter que abrir mão de um desses pilares”, afirma Marcos Patron, sócio do escritório Messem Investimentos.

Ao investir de olho em prazos mais longos, o investidor pode optar por ativos com mais volatilidade, diz, porque eles tendem a oferecer maior potencial de retorno.

Bolsa: ainda há oportunidade

Apesar da forte retomada do Ibovespa, com alta de 59,2% desde a mínima do ano, em 23 de março, com o índice de volta aos 102.801 pontos, a avaliação é de que a Bolsa, que cai 12,5% em 2020, ainda oferece oportunidades.

Além do aumento do fluxo de investidores para o risco, movimento natural em um ambiente de juros baixos, a retomada do lucro das companhias deve impulsionar os preços das ações nos próximos meses, defende Camila Sandoval, diretora de investimentos e sócia da Sonata Gestora de Patrimônio.

Dito isso, a preferência recai sobre empresas sólidas, líderes nos segmentos em que atuam, que devem ganhar participação de mercado em meio à crise. “Quem olhar com frieza e foco de longo prazo conseguirá fazer excelentes negócios. Devemos ver mais chacoalhadas [na Bolsa], então quem não conseguiu alocar, ainda tem espaço”, diz.

Neste novo patamar de juros, mesmo o investidor mais conservador vai ter que se expor à renda variável se quiser ter retorno.

No escritório G2 Investimentos, o sócio Fernando Gaertner recomenda aos clientes uma parcela de 5% a 8% do portfólio conservador em ações, fatia que cresce até 30% nos perfis arrojados.

Para quem está começando na renda variável, os fundos de dividendos são uma opção interessante, diz Camila, que destaca a importância da análise do gestor e da criação de um “mix” de estratégias.

Fundos Imobiliários

Outra classe que ganha atratividade em meio aos juros baixos é a de fundos imobiliários. Diante da forte valorização dos fundos de logística, a oportunidade hoje pode ser encontrada em carteiras de lajes corporativas que, segundo Yuri Bialoskorski, gestor da More Invest, foram penalizadas pela crise e estão baratas.

Uma das posições que o fundo de fundos imobiliários da casa, o More Real Estate FOF ([ativo=MORE11]), ampliou nos últimos meses foi a do RB Capital Office (RBCO11), um dos principais FIIs do portfólio.

Fundos com foco em varejo também entram na lista. Em junho, o FOF da gestora alocou recursos no TRX Real Estate (TRXF11), que possui imóveis locados por grandes empresas, como Pão de Açúcar, e no qual 100% dos contratos são atípicos.

Além disso, após uma oferta mais reprimida nos meses mais agudos da crise, a avaliação é de que novas emissões de FIIs também podem ser interessantes para os investidores da gestora de patrimônio.

Renda fixa

Na renda fixa, apesar da inflação atualmente controlada, a preferência dos especialistas consultados ainda recai sobre produtos indexados ao IPCA, de forma a proteger o poder de compra do investidor no longo prazo.

Na More Invest, Bialoskorski tem recomendado aos clientes títulos públicos indexados à inflação (Tesouro IPCA+) com vencimentos em 2035, 2045 e 2050, nos quais avalia que há espaço para ganho. As posições, contudo, são pequenas, dado o risco de descontrole fiscal no horizonte, o que elevaria os prêmios pagos pelos papéis.

“Com os auxílios emergenciais que foram necessários, a relação entre dívida e PIB piorou de forma substancial e a trajetória para recuperar esse espaço perdido do lado fiscal vai exigir uma reforma e que o governo continue respeitando o teto de gastos”, afirma.

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Camila, da Sonata, diz ver retornos mais interessantes nos papéis de crédito privado de primeira linha, até “AA”, negociados no varejo.

Nas últimas semanas, a gestora aproveitou emissões de debêntures, bem como de certificados do agronegócio e imobiliário, com prazo médio de oito a dez anos e retorno na casa de IPCA mais 4% ao ano, de empresas como Brasil Foods (CRA), Raízen (CRA) e Eneva (debênture).

Caso o investidor opte por um fundo de crédito privado em vez de escolher os papéis por conta própria, Gaertner, da G2 Investimentos, recomenda analisar o histórico do fundo e, sempre que possível, os ativos que compõem o portfólio, a qualidade do crédito e o time de gestão.

Venture Capital e FIDCs

Na Sonata, uma estratégia que tem sido indicada aos clientes, que têm um patrimônio médio de R$ 30 milhões, é a de venture capital. A categoria se refere a fundos que compram participação em empresas de capital fechado, com alto potencial de crescimento, mas ainda em fase de estruturação.

A preferência recai sobre aqueles com foco em tecnologia. “É um setor que se mostrou muito resiliente na crise e que no Brasil ainda tem pouca penetração”, afirma Camila.

A gestora destaca, contudo, que são investimentos menos líquidos e com foco no longo prazo, e, portanto, ocupam um percentual menor na carteira.

Fundos de venture capital são ainda restritos a investidores qualificados, ou seja, com pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

Para Bialoskorski, da More Invest, a “cereja do bolo” hoje é o investimento em crédito estruturado, por meio de Fundos de Direito Creditório (FIDCs). O produto também é restrito, contudo, ao investidor qualificado.

“É um mercado que ainda não teve uma pulverização muito grande para pessoas físicas via plataformas e que possui muito prêmio de risco, bastante gordura de crédito para ter retorno”, assinala.

O gestor chama atenção para a rentabilidade média, de CDI mais 3,5%. “É uma análise difícil de ser feita, com diferentes classes dentro do próprio ativo, então é importante ter um gestor que consiga selecionar esses FIDCs”, sugere.

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