Polymarket: conheça o site de apostas sobre tudo – e que virou “queridinho” de Trump

A plataforma abriga todo tipo de previsão e ganhou notoriedade ao atrair R$ 13 bi em apostas sobre as eleições dos EUA, tudo em criptomoedas

Lucas Gabriel Marins

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Até pouco tempo, agentes do mercado financeiro e da política costumavam usar exclusivamente pesquisas eleitorais tradicionais, como Reuters/Ipsos e Post-Schar, para acompanhar a corrida presidencial nos Estados Unidos. Esse cenário, no entanto, mudou com a ascensão das “plataformas de previsões”. A “queridinha” do momento é a Polymarket.

Lançada em 2020 por Shayne Coplan, um novaiorquino de 26 anos apaixonado por tecnologia, a Polymarket é uma plataforma construída em blockchain (a tecnologia por trás do Bitcoin e das demais criptos) que permite aos usuários apostar sobre o resultado de eventos futuros, não somente o de eleições, mas de assuntos variados como “quem a HBO vai revelar como criador do Bitcoin?” e “Taylor Swift e Travis Kelce terminam em setembro?”.

O projeto ganhou apoio de investidores “peso-pesados” do mercado financeiro, como o bilionário da tecnologia Peter Thiel, cofundador do sistema de pagamentos online PayPal e do grupo de análise de dados Palantir, e o programador Vitalik Buterin, criador do Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda em valor de mercado. Ambos investiram US$ 70 milhões na plataforma neste ano.

Como funciona?

Dentro da Polymarket, os usuários apostam comprando tokens “sim” ou “não”, que representam os possíveis resultados de eventos futuros. Se o desfecho escolhido realmente se concretizar, a pessoa pode trocar essas criptomoedas pelo valor proporcional ao total apostado.

Hoje, a maior aposta da plataforma é sobre as eleições americanas. Nela, 61% dos participantes acreditam na vitória de Donald Trump, enquanto 38% dizem que a vencedora será a vice-presidente Kamala Harris. Cada token “sim” pró-Trump custa 61,6 centavos de dólar, enquanto o pró-Kamala vale 38,3 centavos.

(Foto: Paulo Barros/InfoMoney)

Mas as apostas vão muito além da corrida presidencial nos EUA. Há de tudo um pouco: de qual time vencerá a Liga dos Campeões do futebol europeu, até a data de lançamento da próxima versão do ChatGPT. Mas, até nos assuntos aleatórios, muitos são sobre Trump, como uma aposta sobre o que o ex-presidente diria em uma entrevista ao podcaster Joe Rogan.

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Em termos técnicos, o Polymarket opera usando a blockchain da Polygon (MATIC), e aceita apostas apenas com criptomoeda – a USDC Coin (USDC), que é indexada ao dólar. Portanto, os usuários precisam ter uma carteira de criptomoedas e algum conhecimento no mercado de ativos digitais.

É confiável?

Enquanto na Polymarket Donald Trump aparece na frente de Kamala Harris com uma diferença de mais de 20%, nas pesquisas eleitorais tradicionais, os candidatos estão praticamente empatados, com a vice-presidente na frente por uma pequena diferença de menos de 1%.

No início deste ano, o CEO da Tesla e da Space X, Elon Musk, postou no X que a Polymarket é “mais precisa do que as pesquisas, pois há dinheiro real em jogo”. Só a aposta sobre as eleições nos EUA já atraiu US$ 2,3 bilhões.

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Em comunicado nesta semana, no entanto, a Polymarket enfatizou que “os mercados de previsão não são pesquisas de opinião – eles medem a probabilidade de um evento ocorrer em vez da porcentagem de pessoas que pretendem tomar uma ação”.

(Foto: Reprodução/Polymarket)

Diferente de Musk, alguns veem sinais de alerta no projeto. Recentemente, um único trader com quatro contas diferentes apostou US$ 28 milhões na vitória de Trump, segundo pesquisa da empresa de blockchain Arkham Intelligence.

Adam Cochran, um investidor veterano em cripto, disse para o The Wall Street Journal que a movimentação poderia ser um indicativo de manipulação de resultados para dar sensação de que Trump está na frente e, caso perca, possa usar o discurso de que foi roubado.

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No dia 18 de outubro, no estado do Michigan, o próprio candidato republicano chegou a mencionar a plataforma. “Não sei o que diabos isso significa, mas significa que estamos indo muito bem”.

A Polymarket iniciou uma investigação para verificar se o apostador milionário estava localizado fora dos EUA, já que os americanos não têm permissão para negociar no site, e chegou a conclusão que ele vive na França. Em 2022, o projeto foi multado pela Commodity Futures Trading Commission por oferecer serviços de negociação ilegais. Como parte de um acordo, a empresa prometeu encerrar os serviços no país.

Shayne Coplan, criador da Polymarket, disse em entrevista à revista The New Yorker nesta semana que movimentações como a da “baleia” de US$ 28 milhões são simplesmente uma prova de que o mercado está funcionando. “Não há nada que impeça as pessoas de irem comprar algo que acham que está subvalorizado”.