Para CEO da Circle, perda de US$ 26 bi da stablecoin USDC é culpa dos EUA

A capitalização de mercado da USDC desabou após os problemas bancários norte-americanos surgirem em março

Bloomberg

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Um impulso dos investidores para “reduzir o risco dos EUA” em meio à crise do setor bancário e aos desafios regulatórios contribuiu para a queda no valor de mercado da stablecoin USD Coin (USDC), de acordo com o CEO da empresa emissora do token.

“Estamos vendo uma grande preocupação global com o sistema bancário dos EUA”, disse Jeremy Allaire, CEO da Circle Internet Financial, em entrevista à Bloomberg nesta quarta-feira (26). “Estamos vendo também preocupação com o ambiente regulatório no país”.

A USD Coin perdeu temporariamente sua paridade de um para um com o dólar americano durante a crise bancária deste ano, mas desde então se estabilizou. No entanto, a capitalização de mercado geral do token continuou a cair e agora está em cerca de US$ 30,7 bilhões, cerca de US$ 26 bilhões bem menos que o pico de mais de US$ 56 bilhões em 2022, mostram os dados do agregador CoinGecko.

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As stablecoins são peças-chave do setor de criptomoedas, pois é por meio delas que os investidores geralmente reservam fundos para usar nas negociações. Eles devem manter um valor estável, normalmente US$ 1, e geralmente são lastreados por reservas como dinheiro e títulos. Os reguladores intensificaram o escrutínio das stablecoins devido às preocupações sobre os riscos que elas podem representar.

A capitalização de mercado da USDC caiu cerca de US$ 13 bilhões desde que os problemas bancários dos EUA surgiram em março. O token temporariamente perdeu paridade com o dólar depois da revelação que US$ 3,3 bilhões das reservas usadas para apoiar a stablecoin estavam no Silicon Valley Bank.

Mais tarde, as autoridades disseram que os depositantes receberão seu dinheiro de volta, como parte de um esforço para aumentar a confiança no sistema financeiro dos EUA. A Circle também prometeu cobrir qualquer déficit de reservas. Isso ajudou o USDC a recuperar seu valor de US$ 1 nos mercados de criptomoedas.

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Repressão dos EUA

Nos EUA, as empresas de criptomoedas estão se recuperando de uma forte repressão regulatória após o colapso da exchange de ativos digitais FTX e uma profunda queda do mercado no ano passado. Explosões como FTX e o crash do setor sobrecarregaram os investidores com enormes perdas, levando a protestos sobre os perigos dos ativos digitais.

A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC) afirma que a maioria dos tokens são títulos não registrados e que muitas empresas de ativos digitais falharam em cumprir os requisitos da agência.

As empresas cripto estão pedindo aos políticos dos EUA que implementem uma legislação para esclarecer o status dos criptoativos. Mas as perspectivas de aprovação a curto prazo de regras para stablecoins diminuíram, prejudicadas por divisões partidárias.

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‘Momento crítico’

“É um momento crítico aqui nos EUA e, como gosto de dizer, é realmente um momento para [o trabalho do] Congresso se intensificar”, disse Allaire.

Ele falou que questões estão sendo levantadas sobre a competitividade do dólar americano em meio à evolução da tecnologia blockchain e das moedas baseadas na Internet.

União Europeia, Hong Kong, Cingapura e Oriente Médio estão progredindo nas regras para o setor cripto, enquanto “os EUA estão atrás agora”, disse Allaire.

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O USDC é lastreado em dinheiro e títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo e continua sendo o segundo maior token no setor de stablecoin de US$ 132 bilhões. O maior é o Tether (USDT), que consolidou sua posição número 1 com um valor de mercado de quase US$ 82 bilhões, apesar de enfrentar escrutínio sobre a transparência de suas reservas.

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