Papa dos FIIs, investidor André Bacci se rende aos fundos de “tijolo”: “Virei a casaca”

Bacci aposta atualmente em fundos de escritórios que estão em regiões de baixa vacância, de logística, além de hotéis

Neide Martingo

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A história de André Bacci, que deixou de trabalhar aos 33 anos em razão do seu talento como investidor, costuma ser inspiração para os investidores que ficam de olho no mercado em busca da independência financeira.

Ele, que optou pelos fundos imobiliários e é autor do livro Introdução aos Fundos de Investimento Imobiliário, foi o convidado da edição desta terça-feira (29) do programa Liga de FIIs, do InfoMoney, que teve apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, e Thiago Otuki, economista do Clube FII.

Sempre que Bacci é entrevistado no programa, as perguntas não param de pipocar. Afinal, não é todo dia que se pode ouvir e fazer perguntas a um professor de informática que ganhava um salário mínimo e hoje consegue o sustento nos investimentos que escolheu e administrou.

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Ainda mais neste momento, tão delicado para os FIIs e outros ativos. O Ifix caiu mais de 4% em novembro. A queda é consequência da maior preocupação com o risco fiscal devido à PEC da Transição, depreciação dos ativos brasileiros (câmbio, juros e ações) e abertura da curva de juros longos.

Dentre os FIIs, as categorias mais afetadas são os FIIs de recebíveis e do setor de logística. Mas pelo menos um destes está entre os preferidos de Bacci para investimento. Ele aposta atualmente em escritórios que estão em regiões de baixa vacância, logística, além de hotéis. Atualmente, 80% do patrimônio dele está alocado no segmento.

Para quem aprecia os conselhos de Bacci, aqui vai um: segundo ele, o investidor tem que ler, com muito cuidado, os relatórios escritos pelos gestores. “Os ganhos são limitados ao número de relatórios que a pessoa acompanha. Se não lê nenhum, não consegue diversificar. Não se pode ser um analfabeto e ter resultados de analfabeto”.

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Crise

Bacci se lembrou de crises passadas, como a que aconteceu entre 2014 e 2017, para ressaltar que “tudo se repete”. As pessoas estão preocupadas com o futuro e com o que acontece agora na economia – a volatilidade provocada pela PEC da Transição e outras incertezas associadas ao novo governo. “Mas o futuro é agora. Não ver o patrimônio progredindo é triste. Mas no longo prazo, o retorno acontece”, detalha o especialista.

Ele dá mais uma sugestão, no que se refere a comprar na baixa e vender na alta. “O importante é comprar o barato e evitar vender o que está na baixa”. Bacci prefere hoje comprar fundos de “tijolo”: “Virei a casaca, fazia exatamente o contrário no passado”.

Fiagro

“Prefiro Fiagros mais para crédito e empresas grandes do que para empreendedores individuais. As quedas no meio do caminho acontecem mais no agronegócio do que em outros segmentos comerciais”, afirma Bacci. “A ideia é muito boa, vai melhorar o Brasil, mas não preciso investir no ativo”.

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Otuki tem uma opinião semelhante. Para ele, trata-se de uma grande oportunidade de diversificação no lastro em agronegócio,  mas o gestor tem que entender muito sobre o assunto. “Não gosto de CDI+. Prefiro crédito com indexação ao IPCA”, detalha Otuki.

Maria Fernanda observou que os Fiagros oferecem a oportunidade de desburocratizar e dar alternativa de crédito para produtores e empresas, além de dar acesso à pessoa física ao ativo, já que exige baixo valor para investimento.

O programa Liga de FIIs vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você pode rever todas as edições passadas aqui.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney