Ouro é o melhor investimento do ano pela 3ª vez consecutiva

SÃO PAULO – O ano de 2012 não foi nada fácil para os investidores. Se a renda fixa viu seus retornos minguarem por conta da queda da Selic (taxa básica de juros), a bolsa também não conseguiu deslanchar e mais uma vez enfrentou forte volatilidade por conta das incertezas econômicas globais. Diante desse cenário, o ouro foi o investimento mais rentável do ano pela terceira vez consecutiva –  em 2010 e 2011 o metal também ficou em primeiro na pesquisa compilada pelo InfoMoney.

Balizado pelo câmbio e pelo avanço do preço no mercado internacional, o metal precioso valorizou 24% do começo do ano até o final de novembro. Em dezembro, impactado pelo câmbio, o ouro sofreu desvalorização de 6,41%, mas mesmo assim, terminou 2012 na ponta entre os investimentos mais rentaveis, com retorno de 15,26%. De acordo com especialistas, o que justifica o resultado são as dúvidas em torno da capacidade dos países desenvolvidos resolverem o imbróglio da crise financeira.

“Nesse quadro, os investidores internacionais acabam partindo para o ouro como um porto seguro, já que ele é visto como uma proteção ao patrimônio do investidor”, comenta o gerente de negócios da Reserva Metais, Edson Magalhães. Outros pontos que ajudaram a construir essa posição foram o fato dele ser isento de gestão, o que não dá chances do investidor ser prejudicado por decisões erradas e de ser um ativo “físico”, o que permite sua negociação em qualquer parte do mundo.

Dólar Ptax
Com uma valorização de 8,94% no ano apesar da queda de 4,15% no último mês de 2012, o dólar se beneficiou das sucessivas medidas do governo com objetivo de desvalorizar o real. Outro fator que contribuiu para o desempenho do dólar foi a aversão ao risco por parte dos investidores internacionais. 

Com muitas incertezas no radar, os grandes investidores preferem aplicar em ativos mais seguros, em países com baixíssimo risco. Com isso, os investimentos no país diminuíram. “Há uma queda do fluxo de dólar nos investimentos, gerando uma valorização da moeda”, explica Quintella.

Ibovespa
Depois de sentir o impacto da crise mundial durante grande parte deste ano, o Ibovespa (principal índice do mercado acionário nacional) começou a esboçar uma retomada, com valorização de 6,05% no mês de dezembro, mas ainda assim não teve grande destaque em 2012, acumulando valorização de 7,40% ao longo de todo o ano. De acordo com especialistas, esse resultado pode ser justificado pelo desempenho ruim de dois grandes setores da bolsa brasileira: o de commodities e de instituições financeiras.

“Grandes empresas ligadas a estes setores tviram suas ações recuarem este ano. No caso dos bancos, houve forte pressão por causa da alta taxa de inadimplência, e a queda da Selic também prejudicou ao forçar a redução dos spreads bancários, já que os bancos estatais reduziram suas taxas”, explica o diretor da Valore Investimentos Personalizados, Sérgio Quintella. Já o setor de commodities foi influenciado pela queda do preço das matérias-primas e pela desaceleração da economia chinesa, um dos principais destinos das commodities brasileiras.

Poupança e CDB
Desde o dia 4 de maio, a rentabilidade da caderneta de poupança passou a ser atrelada à taxa básica de juros – sempre que a Selic estiver em 8,5% ao mês ou menos, a poupança renderá 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Com isso, o rendimento da caderneta também ficou menor, já que a Selic encontra-se agora em seu menor nível histórico: 7,25% ao ano. Em dezembro, a rentabilidade da poupança foi de 0,41% e no ano, a caderneta acumulou retorno de 6,33%. 

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) também rendeu menos este ano com a queda da Selic. Em dezembro, a rentabilidade desta aplicação foi de 0,56% e no ano o rendimento ficou em 6,90%. Na mesma linha, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) rendeu 0,48% no último mês do ano e 7,82% no acumulado desde janeiro. “2012 foi um ano de muitas mudanças em padrões de investimentos. Quem aplicava nesses produtos se deparou com rendimentos baixos e precisa buscar outras aplicações”, pontua Quintella.

Veja a rentabilidade dos investimentos em dezembro e no ano: