Os melhores fundos de ações e multimercados em julho de 2022 e em 12 meses; criptos e bolsas puxam retorno

Entre fundos de ação, destaque foi o Zenith Hayp FIA, que ganhou 18,30% em julho; multimercado com melhor retorno foi o Vitreo Criptomoedas, com 21,69%

Bruna Furlani

(Getty)

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O fôlego que impulsionou os ganhos dos mercados acionários em julho – com índices internacionais como o S&P 500 e o Nasdaq registrando os maiores avanços mensais desde 2020 – também se refletiu no desempenho dos fundos de ações, que apresentaram melhor performance no mês passado.

Os destaques ficaram com as carteiras que têm posições relevantes em ações americanas voltadas para crescimento (growth), como as de tecnologia, e que tinham sido bastante penalizadas por um cenário de aperto monetário mais agressivo pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) no primeiro semestre. Alocações em papéis de companhias de semicondutores, hardware e de saúde também obtiveram boa performance em julho.

A liderança dos retornos dos fundos de ação ficou com o Zenith Hayp FIA, que rendeu 18,30% em julho, contra 4,69% do Ibovespa – índice usado como referência para a classe.

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Já entre os multimercados, os que têm exposição a criptomoedas foram as estrelas de julho, impulsionados pela alta de mais de dois dígitos do Bitcoin no período. Posições em ações domésticas, além de alocações em empresas de commodities ligadas ao petróleo, alumínio e celulose também garantiram bons retornos.

O topo entre os multimercados mais rentáveis de julho ficou com o Vitreo Criptomoedas, que obteve ganhos de 21,69%, bem acima da taxa do CDI de 1,03%, referência dessa classe de fundos.

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com as maiores altas em julho: 

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Fundos mais rentáveis em julho de 2022

Fundos de ações  Retorno no mês Fundos multimercados  Retorno no mês 
Zenith Hayp FIA 18,30% Vitreo Criptomoedas FICFI Mult Ie 21,69%
Axa Wf Fr Robotech Adv Fc FIA Ie 14,84% Gonorth American Equity Reais Mult Ie FI 13,92%
Vitreo Tech Select FIA Bdr Nivel I 13,89% Logos Total Return FICFI Mult 11,30%
Genial Ms Us Growth Fc FIA Ie 12,36% IP Atlas Brl Fc FI Mult Ie 10,87%
Lm Clearbridge Us Large Cap Growth Fiaie 12,04% Vista Multiestrategia Fc FI Mult 10,60%
Ibovespa 4,69% CDI 1,03%

Fonte: Economatica 

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com os piores desempenhos em julho: 

Fundos menos rentáveis em julho de 2022

Fundos de ações  Retorno no mês  Fundos multimercados Retorno no mês 
Vitreo Tech Asia FIA Bdr Nivel I -6,83% Manager Jss Equity All China FI Mult Ie -9,48%
J China Equity Dolar Advisory Fc FIA Ie -5,61% FICFI Caixa Mult Multigestor Multiestratégia -4,57%
Inter+ Ibovespa Ativo FIA -3,20% Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie -4,03%
Brad China FIA Ie -1,27% Versa Long Biased FI Mult -2,40%
Az Quest Top Long Biased Fc FIA -0,91% Seival Fgs Agressivo FICFI Mult -2,40%
Ibovespa 4,69% CDI 1,03%

Fonte: Economatica 

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O levantamento do InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma Economatica no dia 10 de agosto. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de julho.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado. Os números utilizados na pesquisa servem para dar uma referência ao investidor em termos de consistência, mas é preciso lembrar que retornos passados não são garantia de rentabilidade futura.

Multimercados: a redenção das criptomoedas

Após meses de desempenho mais difícil para ativos de risco, julho reservou surpresas positivas para fundos multimercados que aplicam em criptomoedas.

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George Wachsmann, CEO da Vitreo Gestão, explica que o desempenho mensal foi ajudado pela maior alocação da carteira do Vitreo Criptomoedas no Bitcoin e no Ethereum, que avançaram 25,1% e 66,9% no mês, respectivamente.

O executivo pontua que investidores internacionais permaneceram temerosos com a inflação persistente nos Estados Unidos, a desaceleração econômica global e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Embora o pano de fundo não tenha mudado muito em julho, Wachsmann explica que as criptomoedas foram ajudadas por três fatores: melhora da pressão vendedora liderada por investidores institucionais, com a balança mais favorável para a compra; melhora das notícias sobre problemas com corretoras de criptomoedas; e expectativa com relação ao “merge” (fusão) do Ethereum, que deve ocorrer no meio de setembro.

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A aproximação do merge – principal acontecimento do mundo cripto – pode ter funcionado como um dos maiores catalisadores do mês passado, afirma Wachsmann. Na prática, o merge representa uma atualização da rede do Ethereum. O objetivo é mudar o sistema utilizado para credenciar validadores que checam transações, o que tende a deixar o processo mais ágil e barato ao exigir menor poder computacional e energia.

De olho no merge, uma das criptomoedas que podem ser beneficiadas no curto prazo é a Polygon (MATIC), elenca o CEO. O executivo observa que a Walt Disney Company anunciou em julho uma parceria com a Polygon, com o objetivo de desenvolver tecnologias como realidade aumentada e inteligência artificial.

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Isso sem contar as novidades anunciadas pelos desenvolvedores da rede da Polygon, com foco em resolver a validação das transações, o que também tende a melhorar a rede, segundo Wachsmann.

Outras criptomoedas que também podem ser beneficiadas pelo merge são a UniSwap (UNI) e Curve DAO (CRV), justamente porque ambas fazem parte de projetos de finanças descentralizadas (DeFi), que estão em alta. As duas também dependem do Ethereum para operar e podem registrar aumento nas transações na rede principal após o evento de setembro, destaca Wachsmann.

Multimercados: de olho nos juros de emergentes e de desenvolvidos

Diante da persistência da dinâmica inflacionária, fundos multimercados com posições que se beneficiam do aumento dos juros em países emergentes e desenvolvidos também seguiram como destaque de retorno nos últimos 12 meses. É o caso do Vinland Macro Plus, que subiu 34,38% no período.

Embora o Federal Reserve (Fed, banco central americano) já tenha elevado os juros para a faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano no último encontro, a casa manteve a alocação tomada – que se beneficia do aumento das taxas – em juros americanos.

André Laport, sócio da Vinland Capital, explica que a assimetria entre risco e retorno agora está menor, porque parte do ajuste nos juros já foi feita pelo Fed. Mas o executivo defende que ela “ainda é interessante”.

“A taxa terminal implícita pelo mercado ainda parece baixa quando comparada aos números de inflação recentes”, diz. “Há uma queda da inflação, que é natural, contudo ainda vemos uma persistência que precisará ser combatida pelo Fed, levando a um aumento de juros acima do que o mercado espera atualmente”, acrescenta Laport.

A ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed será apresentada nesta quarta-feira (17), e deve trazer novas sinalizações sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos.

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Entre as mudanças feitas recentemente na carteira, o gestor observa que a casa diminuiu posição comprada (que se beneficia da valorização) em ações de tecnologia americanas, depois do rali visto no mês passado.

Em contrapartida, Laport afirma que voltou a montar uma posição mais focada em valor nos Estados Unidos, especialmente em empresas do setor financeiro e de energia. Tais ações poderiam ser mais beneficiadas em meio a uma crise de energia na Europa e diante de um cenário de alta dos juros, o que poderia penalizar companhias com fluxo de caixa no longo prazo, como as de tecnologia.

Já no Brasil, o sócio da Vinland diz que está se movendo com cautela para ações de caráter doméstico, que estão com preços mais descontados e que seriam menos impactadas em um cenário de manutenção ou de corte da Selic.

“Temos uma visão de atividade econômica mais fraca em 2023 pelos efeitos defasados de política monetária e pela volatilidade eleitoral. Entretanto, cabe destacar que já carregamos alguma exposição a setores domésticos com supermercados e empresas farmacêuticas”, afirma Laport.

Melhores fundos multimercados nos últimos 12 meses  Retorno
em julho
Retorno
em 2022
Retorno
em 1 ano
Retorno
em 3 anos
Vista Multiestrategia Fc FI Mult 10,60% 53,84% 67,63% 189,13%
Itau Vertice Optimus Extreme Mult Fc 1,68% 19,20% 37,88%
Xp Macro Plus Fc FI Mult -1,72% 26,86% 35,45% 54,00%
Asa Hedge Fc FI Mult -1,36% 25,82% 36,33% 50,65%
Vinland Macro Plus Fc Mult 1,99% 22,60% 34,38% 77,22%
Capstone Macro FICFI Mult 1,80% 23,22% 33,64%
Spx Nimitz Feeder FIC Mult -1,19% 20,17% 29,15% 47,60%
Vista Hedge Fc FI Mult 4,14% 20,96% 26,43% 57,15%
Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie -4,03% 28,01% 24,20%
Gap Multiportfolio Fc FI Mult 2,00% 16,08% 23,35% 44,91%

Fonte: TC/Economatica. Obs.: Alguns fundos possuem histórico menor do que 36 meses e, por isso, sua rentabilidade no período não está disponível. 

Ações: commodities, bancos e atacarejo são destaque

Ainda que o mercado acionário brasileiro tenha passado por fortes oscilações nos últimos 12 meses, a exposição a ações mais ligadas ao petróleo e à metalurgia, assim como bancos e atacarejo contribuíram positivamente com mais de 1% para a cota do Charles River FIA, fundo que encerrou o período com ganhos de 8,90%.

Camilo Marcantonio, sócio-fundador da Charles River Capital, destaca seis nomes que ajudaram na boa performance do fundo no último ano: Petrobras (PETR3;PETR4); PetroReconcavo (RECV3); Tupy (TUPY3); Sulamerica (SULA11); ABC Brasil (ABCB4); e Assaí (ASAi3).

Marcantonio relembra que, no começo do ano, ações voltadas a crescimento passaram por uma forte correção nos preços com o ciclo de aperto monetário ao redor do mundo se mostrando mais intenso, o que impactaria a taxa de desconto dos papéis e afetaria para baixo o preço dos ativos.

Nesse cenário, ele afirma que papéis ligados a commodities, caso da Petrobras e da PetroReconcavo, tiveram boa performance, assim como apostas em bancos menos visados por casas de análise, como o ABC Brasil.

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Embora o cenário de elevação das taxas de juros reforce preocupações em torno de alguns bancos devido ao aumento da inadimplência, o gestor afirma que o ABC Brasil é uma instituição financeira mais voltada para o atacado e para companhias maiores, o que diminui a exposição a eventuais problemas comuns entre clientes de varejo.

Apesar de ter aumentado a parcela de clientes do middle market (médio porte), o gestor afirma que a inadimplência nesse segmento ainda se manteve baixa, mesmo subindo para 2% no segundo trimestre deste ano, em relação ao 1,3% registrado no trimestre anterior.

Na avaliação de Marcantonio, o banco também apresentou números bastante sólidos no balanço. De acordo com os resultados anunciados no começo de agosto, o lucro líquido recorrente do banco atingiu R$ 201,7 milhões no segundo trimestre de 2022 – ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 200 milhões em um trimestre. O crescimento foi de 10,1% em relação ao trimestre anterior e de 47,9% em relação ao mesmo período de 2021.

Outro destaque está nos papéis do Assaí. O executivo avalia que a empresa possui grandes barreiras de entrada para que outras companhias ganhem escala no segmento. Isso sem contar que ela apresenta um modelo de negócio consolidado e que pode se beneficiar em meio a um cenário de inflação mais persistente.

As ações da Tupy também chamam a atenção. O fundador da Charles Capital defende que a empresa de metalurgia para componentes automotivos, fins industriais e construção civil realizou aquisições recentes que aumentaram sua escala, além do que a maior parte da receita do negócio é dolarizada.

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Ao ser questionado se tem aproveitado o momento recente para realizar trocas na carteira, Marcantonio responde que a alocação do fundo é focada no longo prazo e a elevação da Bolsa em julho não foi acompanhada por “geração nova de valor” das empresas.

Segundo o profissional, há oportunidades, mas os preços precisam cair e o cenário precisa ficar um pouco mais claro. “As oportunidades existem, mas estão menos boas. Quando olhamos para o cenário macroeconômico, não estamos fazendo um call“, resume.

Melhores fundos de ações nos últimos 12 meses  Retorno
no mês
Retorno
em 2022
Retorno
em 1 ano
Retorno
em 3 anos
Charles River FIA 4,06% 7,30% 8,90% 75,98%
Absolute Pace Long Biased Fc FIA 2,66% 10,70% 8,88% 61,20%
Kadima Long Short Plus Fc FIA 1,16% 5,15% 8,44% 28,72%
Mcr-Principal FIA – Bdr Nível I 6,02% 3,34% 6,04% 69,75%
Jbfo Navi Fender Fc FIA 0,50% 8,99% 3,33%
Itau Bdr Nivel 1 Acoes Fc 5,36% -12,65% -0,03%
Rbr Reits Us Dolar FIC FIA Bdr Nivel I 7,49% -18,60% -0,48%
BB Acoes Bolsa Americana FIA 9,29% -10,18% -0,88%
Santander Acoes Dividendos Fc FI 2,17% 6,09% -1,14% 7,51%
Tarpon Gt Fc FIA 9,68% 5,79% -1,34% 68,84%

Fonte: TC/Economatica. Obs.: Alguns fundos possuem histórico menor do que 36 meses e, por isso, sua rentabilidade no período não está disponível. 

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