Reforma da previdência: nosso futuro está em jogo

O destino da economia brasileira depende da aprovação da reforma da Previdência

Lara Rizério

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Pode parecer um exagero, mas o destino da economia brasileira, não só em 2019, mas também em 2020, 2021 e por muitos anos a frente, depende primordialmente de uma coisa: a aprovação da reforma da previdência.

Como já se sabe, o país abriu um buraco fiscal muito difícil de fechar em razão da recessão que abalou o país no triênio 2014-2016, mas principalmente pelo aumento expressivo de gastos de algumas rubricas, como Pessoal e Previdência.

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Caso a reforma da previdência seja aprovada, podemos ter um ano bastante positivo, com crescimento superior a 2,5%, reacendendo o espírito animal dos empresários, a manutenção dos juros básicos da economia em níveis historicamente baixos (ou até menores do que aqueles que predominam hoje), alta da bolsa e apreciação do câmbio.

Seria um reforço via condições financeiras das famílias que também acabariam afetadas positivamente por esse círculo virtuoso.

Por outro lado, caso tenhamos, mais uma vez, a reforma despedaçada em meio ao caos de Brasília, neste caso teremos um ambiente econômico bem diferente do descrito no parágrafo anterior.

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Possivelmente o país perderia algumas âncoras, como a cambial, a confiança dos investidores quanto à capacidade de geração de superávit primário em horizonte relevante, com consequências nefastas para as expectativas de inflação e a política monetária.

O ciclo de aperto monetário pelo Banco Central teria que começar quase que instantaneamente para tentar domar a inflação nos anos subsequentes. E, em meio a isso, o crescimento certamente não viria, pois não haveria empresário com apetite para investir um único centavo em um avião que perdeu o rumo e com a asa quebrada.

Portanto, para prever o que vai acontecer com a economia brasileira em 2019, voltamos à estaca zero, nós economistas precisamos voltar a vestir o chapéu de analista político e refazer as velhas planilhas com os deputados a favor e contra a reforma.

A dificuldade adicional é que o novo governo federal possui uma nova forma de fazer política com um novo congresso. É muita coisa nova em um curto espaço de tempo. Entender se essa dinâmica, com uma forma de montar ministério inédita, sem uma relação clara entre ministros-base no Congresso e teoricamente sem o toma-lá-da-cá, ou pelo menos adotado em outras bases, dificulta a análise da construção de base de apoio político ao Bolsonaro pelos parlamentares.

À parte a previdência e toda a agenda fiscal, o país possui inúmeros desafios a serem enfrentados no ano que vem, mas que devem gerar frutos nos anos subsequentes. O principal deles é aumentar a produtividade da economia brasileira.

A boa notícia é que a equipe liderada por Paulo Guedes possui a intenção e disposição de atacar os velhos problemas que a atravancam. De novo, o risco é esbarrar nos obstáculos políticos.

O cardápio é longo: agenda BC+, a reforma tributária, abertura da economia, concessões e privatizações, reforma do Estado, investimento em capacitação da mão de obra, redução dos subsídios setoriais, reforma do FGTS, dentre outros. Para cada medida dessas, a literatura econômica possui inúmeros estudos provando sua eficácia como indutor do crescimento.

O Brasil precisa dessa agenda. O boom demográfico acabou. Daqui pra frente, para crescer, precisaremos da produtividade dos trabalhadores e do capital. Estamos em uma bifurcação em que um lado representa um crescimento potencial de 3% ou até mais na próxima década e o outro implica que envelheceremos e não conseguiremos enriquecer. O resultado inevitável é observarmos os nossos pares nos ultrapassando em desenvolvimento. A sociedade tem uma escolha a fazer.

Não será fácil. A economia ao redor do mundo dá sinais de cansaço. Para onde se olha, veem-se problemas se acumulando. Ainda não estamos próximos a uma recessão global, possivelmente só em 2020, mas isso não significa que não devemos ver uma desaceleração nos países desenvolvidos e, possivelmente, emergentes.

No meio desse contexto, o Brasil tem uma chance de ouro de se destacar caso aprove as reformas estruturais que promete há tanto tempo. Caso as concretize, não só seremos melhores do que temos sido nas últimas décadas, como ainda conseguiremos nos distinguir do restante do mundo. Eu acredito que é possível.

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*Ivo Chermont é sócio e economista-chefe da Quantitas Asset

*As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.