No mês do Carnaval, não se assuste se seus investimentos renderem menos

Entenda a dinâmica de remuneração dos títulos corrigidos pelo CDI, referência para aplicações de renda fixa

Leonardo Guimarães

Carnaval de rua em São Paulo

Publicidade

No país do Carnaval – e, nos últimos meses, também da renda fixa –, o investidor que não conhece o funcionamento das aplicações pode se assustar com o rendimento do seu dinheiro no final do mês de fevereiro. A “culpa” é do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

O CDI é a referência para os investimentos em renda fixa no País, e seu rendimento anual é conhecido da maioria dos investidores. No ano passado, por exemplo, ficou pouco acima de 13%. Mas, como ele varia mês a mês? Será que em um mês mais curto como fevereiro o dinheiro rende menos? 

Fizemos estas perguntas a Fernando Zetune Marrocco, CFP da Braúna Investimentos, que esclarece: neste mês, o rendimento das aplicações de renda fixa atreladas ao CDI será mesmo menor. “O investidor só tem rendimento em dias úteis”, explica.

Continua depois da publicidade

Mesmo em ano bissexto, fevereiro de 2024 segue sendo um mês curto devido ao Carnaval. O dinheiro investido em uma aplicação corrigida pelo CDI renderá, portanto, nos 19 dias úteis do mês. 

Considerando que o CDI rende, hoje, 11,15% ao ano, os investidores que colocaram dinheiro em um CDB a 100% do CDI, por exemplo, terão retorno de 0,807% em fevereiro. Em um mês “comum”, a taxa ficaria próxima de 0,93%. Ou seja, quem aplicou R$ 10 mil no início do mês terá, antes de impostos, R$ 10.080, contra R$ 10.093 em outros meses.

E até o fim do ano, quanto o CDI renderá? 

Aqui, a resposta é um pouco mais complexa. É possível calcular com exatidão o desempenho do CDI de fevereiro porque não haverá decisão sobre a Selic no Brasil no período. O CDI acompanha a taxa básica de juros e se ela for alterada, o referencial também muda. 

Continua depois da publicidade

Em geral, o CDI rende 0,1 ponto percentual abaixo da Selic. Então com a taxa de juros a 11,25% ao ano, 100% do CDI equivale a um rendimento de 11,15% ao ano.

Portanto, em períodos que contam com reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) para decidir sobre corte, aumento ou manutenção dos juros, o que está ao alcance de analistas são apenas previsões. 

Hoje, o mercado financeiro espera que a taxa Selic termine 2024 em 9% ao ano, o que levaria o CDI para 8,90% ao ano. Se a expectativa virar realidade, uma aplicação corrigida pelo CDI renderia 9,905% entre fevereiro e dezembro, período que a taxa teria sofrido corte de 2,25 pontos percentuais. 

Continua depois da publicidade

Lições de investimento

Ao entender a dinâmica da remuneração pelo CDI, o investidor tem uma importante lição: “é impossível saber exatamente quanto uma aplicação pós-fixada lhe renderá; só é possível saber com precisão quanto dinheiro terei lá na frente em investimentos prefixados”, segundo Marrocco. 

Mas qual o sentido de ter na carteira um papel que não mostra com exatidão o rendimento final? Ângelo Belitardo gestor da Hike Capital, responde: a função da classe dos pós-fixados é possibilitar retorno que acompanhe o movimento da curva de juros, oferecendo rentabilidade nominal (desconsiderando a inflação) e protegendo o investidor em cenários de estresse na economia”. 

Sidney Lima analista da Ouro Preto Investimentos, explica que os “pós-fixados são muito utilizados para acompanhar a dinâmica econômica, preservando o capital e o poder de compra do investidor independentemente do cenário econômico”.