LCD: o que esperar da Letra de Crédito do Desenvolvimento, “prima” das LCIs e LCAs

Novo ativo de renda fixa visa captar recursos para o BNDES financiar projetos de micro, pequenas e médias empresas

Leonardo Guimarães

Sede do BNDES, no Centro do Rio de Janeiro

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A Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD) é um novo instrumento proposto pelo governo federal em dezembro que, segundo especialistas, tem potencial para ganhar espaço nas carteiras de renda fixa. As LCDs visam captar recursos para o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e bancos de desenvolvimento estaduais financiarem projetos de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). 

O projeto de lei que institui a LCD ainda tramita no Congresso Nacional, portanto, alguns detalhes sobre o instrumento ainda são incertos. Mas a dinâmica deve ser parecida com a de LCIs e LCAs, instrumentos que captam dinheiro para bancos financiarem projetos dos setores imobiliário e do agronegócio.

As LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e uma alíquota fixa de 15% de IR para pessoas jurídicas. A expectativa é que, em breve, as LCDs estejam disponíveis nos mesmos moldes nas plataformas de corretoras e bancos a investidores em geral. Saiba o que esperar do novo instrumento.

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Segurança maior

A isenção para pessoa física não será exclusividade das LCDs, mas a diferença estará no risco de um emissor considerado muito seguro: o BNDES. Debêntures incentivadas, por exemplo, podem ser emitidas por empresas não financeiras, e as LCIs e LCAs por diversos bancos.

“Uma emissão feita pelo BNDES confere ao título muito mais segurança, principalmente para o investidor que não tem condições de avaliar o risco de diversas empresas”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed. 

Remuneração

A remuneração das LCDs deve ficar acima do oferecido por títulos públicos, vistos como livres de risco, mas menor do que a de debêntures, por serem consideradas mais seguras. Para Gianluca Di Mattina, da Hike Capital, as taxas não devem diferir muito do oferecido por LCIs e LCAs, já que esses instrumentos têm muitas semelhanças com a nova LCD.

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Porém, Joaquim Gomes, especialista em produtos de renda fixa da RJ+Investimentos, alerta para um dos riscos no radar dos especialistas: “por ser um título novo, que vai concorrer com várias opções tradicionais de renda fixa e pode ser ofertado em volumes não tão significativos, o investidor pode enfrentar problemas de liquidez num primeiro momento”. 

Vale a pena investir?

Ainda não é possível aplicar em uma Letra de Crédito de Desenvolvimento. Os investidores precisam esperar o PL tramitar com sucesso no Congresso Nacional e não é possível prever quanto tempo isso levará. 

Ricardo Jorge diz que só será possível avaliar se vale a pena ou não investir em uma LCD quando a primeira emissão for feita, ponto em que os investidores terão clareza das taxas praticadas, se a isenção tributária será realmente implementada e se haverá carência para sair da aplicação.

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“Com as informações iniciais que temos agora, o instrumento tende a ser competitivo, mas precisamos avaliar as características da emissão para saber se os papéis perdem ou não competitividade”, opina o profissional.