Conteúdo editorial apoiado por

Juros globais vão mesmo cair? Dúvida deixa investidor com pé atrás sobre títulos soberanos

É dado como certo que cortes virão, porém, a magnitude deles ainda levanta incerteza e faz taxas subirem no primeiro pregão de 2024

Bloomberg

Publicidade

Os títulos soberanos globais tiveram um início de ano cauteloso, com operadores reduzindo as apostas em cortes profundos nas taxas de juros pelos principais bancos centrais em 2024.

O rendimento dos papéis de 10 anos da Alemanha saltou até nove pontos-base, para 2,11%, o maior em mais de duas semanas, enquanto a taxa equivalente do Reino Unido subiu 13 pontos-base.

Os rendimentos dos Treasuries dos EUA subiram pelo menos seis pontos-base em toda a curva, colocando o Bloomberg Dollar Spot Index a caminho de seu maior avanço diário em quase três meses. 

Continua depois da publicidade

Os movimentos refletem dúvidas sobre o quanto esses países entregarão de flexibilização monetária frente ao já precificado pelos mercados globais. Embora os bancos centrais tenham indicado que provavelmente já finalizaram o ciclo de alta, eles também estarão relutantes em desistir da luta contra a inflação muito cedo. 

“O mercado provavelmente deve ter um tom um pouco mais pessimista daqui para frente”, disse Emmanouil Karimalis, estrategista de juros do UBS Group, em entrevista à Bloomberg TV. “O BCE e outros bancos centrais não sinalizaram tudo de forma clara.” 

Apostas para os juros  

Operadores apostam em 158 pontos-base de flexibilização do Banco Central Europeu este ano, cerca de 10 pontos-base a menos do que na semana passada. 

Continua depois da publicidade

Embora a inflação da zona do euro esteja em queda, a autoridade monetária vê um risco de que as leituras aumentem nos próximos meses, e os operadores estarão atentos aos dados de crescimento dos preços ao consumidor para a região que serão divulgados na sexta-feira (5).

O conflito no Oriente Médio também gerou temores sobre o preço do petróleo, que estava subindo na terça-feira (2). 

Nos EUA, os mercados precificaram menos de 150 pontos-base de afrouxamento pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano) em 2024 pela primeira vez desde 21 de dezembro. Embora o ritmo de contratações esteja se moderando, um mercado de trabalho resiliente apoia as visões de que a economia continuará a se expandir em 2024, ainda que em ritmo mais lento. 

Continua depois da publicidade

A perspectiva de novas emissões em massa também deve pesar sobre os títulos, especialmente após o forte desempenho antes do final de 2023. 

Análise feita por estrategistas do Société Générale mostra que os rendimentos de longo prazo tendem a atingir o pico em torno da última alta de juros, antes de cair 100 pontos-base em média. No final de 2023, os rendimentos dos títulos caíram quase este tanto em apenas dois meses, deixando os investidores com muito pouco amortecedor para protegê-los da volatilidade. 

“A menos que o rali se intensifique por causa de algum risk-off de curto prazo, acreditamos que o preço unitário extremamente baixo do risco de duration tornará desafiador para os investidores engolir alegremente a nova emissão”, escreveram os estrategistas em nota. 

Continua depois da publicidade

Embora o dólar tenha se recuperado nos últimos dias, é provável que volte a cair, de acordo com estrategistas da equipe Markets Live da Bloomberg. Eles veem o Fed cortando os juros de forma mais agressiva, e potencialmente mais cedo, do que outros grandes bancos centrais. 

© 2024 Bloomberg L.P.