JP Morgan: criptomoedas continuarão com caminho incerto até que este fator chave vire

Analistas do banco de investimentos avaliam que ativos digitais precisam de impulso vindo de um segmento específico do setor

Paulo Barros

Fachada do JP Morgan nos Estados Unidos

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Apesar do começo de ano de retomada, as criptomoedas ainda acumulam fortes perdas na janela de 12 meses, em situação que parece mais longe de mudar após o Bitcoin (BTC) neste mês de maio. Segundo os analistas do JP Morgan, a situação não deve melhorar tão cedo.

Em relatório publicado na quinta-feira (18), analistas do banco de investimentos afirmaram que uma recuperação sustentada nos preços das criptomoedas é improvável enquanto o universo das stablecoins continuar encolhendo.

Stablecoins são criptoativos indexados a moedas convencionais, geralmente o dólar, e costumam servir de ponte para investidores alocarem em criptomoedas voláteis, como o Bitcoin.

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Pressão de reguladores

“Os ventos contrários da repressão regulatória dos EUA às criptos, a instabilidade das redes bancárias para o ecossistema cripto e as reverberações do colapso da FTX no ano passado estão pesando no universo das stablecoins, que continua encolhendo”, escreveram os analistas do JP Morgan.

Apesar de um início de ano positivo, os preços das criptomoedas caíram no mês passado, com o valor de mercado geral do setor recuando de US$ 1,26 trilhão para US$ 1,089 trilhão em cerca de 30 dias.

A repressão regulatória dos EUA continua afetando a USD Coin (USDC), que perdeu participação no mercado e cedeu lugar à Tether (USDT), disse o relatório. O movimento foi impulsionado também pela ordem para interrupção de emissões da Binance USD (BUSD), que partiu da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC) em fevereiro.

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Teto da dívida

O JP Morgan diz ainda que as discussões sobre o teto da dívida dos EUA chamaram a atenção para as reservas das principais stablecoins e suas posições em títulos do Tesouro dos EUA.

“A participação dos títulos do Tesouro dos EUA nas reservas das principais stablecoins vem aumentando ao longo do tempo, implicando um grande desafio para as stablecoins manterem sua indexação em um cenário adverso de default técnico dos EUA”, escreveram os analistas.

Quaisquer problemas enfrentados pelas stablecoins em um cenário tão adverso afetariam todo o ecossistema cripto, dado o papel que essas criptomoedas desempenham no acesso às negociações e como fonte de garantia em operações de finanças descentralizadas (DeFi), acrescentou o relatório.

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O banco observa que a Tether procurou diversificar suas reservas para se proteger contra a questão do teto da dívida dos EUA. Nesta semana, a empresa anunciou que começará a comprar Bitcoin como parte de sua estratégia de lastro do token USDT.

Paulo Barros

Editor de Investimentos