Invisto todo o meu dinheiro em ações; estou fazendo certo?

Valdir Carlos, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Sou estrangeiro radicado no Brasil há quase 14 anos. Decidi reconstruir minha vida aqui ao saber que posso enriquecer, trabalhando e investindo o dinheiro poupado. A minha pergunta é: tendo em vista que sou arrojado, depois de deixar uma pequena parte para emergência, estou errado em ter o mercado de ações como a única opção de investimento?

Sou escritor com dois livros publicados e ganho um pouco mais que salário mínimo, trabalhando na conscientização dos presidiários através da secretaria de justiça do Estado do Ceará. Tenho 43 anos de idade, invisto no mercado de ações há cerca de 4 anos.

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Leitor: Cornelius

Resposta de Valdir Carlos, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Caro Cornelius,

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A questão proposta por você é pertinente, e seria muito interessante que os investidores se questionassem antes de iniciar suas aplicações.

Para responder a sua pergunta vamos avaliar alguns pontos, iniciando por pontuar quais os riscos que você está assumindo ao aplicar em ações.

Quando você faz a opção por aplicar em ações está assumindo dois riscos básicos: o risco Sistêmico e o Não Sistêmico.

Risco Sistêmico é o risco soberano, afeta todos os ativos, por exemplo: alteração na taxa de juros, taxa de câmbio, inflação, entre outros.

O risco Não Sistêmico são os fatores que afetam o preço especifico de um ativo, por exemplo, no caso de uma mineradora, a variação do preço minério de ferro. A diversificação é o instrumento que procura mitigar esse risco.

E o risco do investidor não conhecer o mercado financeiro e sua dinâmica?

Um país com histórico inflacionário, e essa é a realidade do Brasil, está constantemente passando por alterações em taxa de juros e câmbio, além de outros elementos. Para as aplicações financeiras (renda fixa, fundos imobiliários e renda variável) a taxa de juros exerce total influência.

Ignorar esses riscos é o que motiva, em muitos casos, equívocos para elaborar um portfólio de investimentos.

O índice Bovespa em 2013 perdeu 15,5% e a inflação finalizou em 5,91%, para saber o quanto realmente o investidor perdeu ele deverá somar a inflação as suas perdas com ações.

Saber se o investidor é conservador, moderado ou arrojado é importante, mas o que todos os investidores querem é que suas aplicações financeiras rendam e ninguém fica feliz em perder dinheiro.

O momento de vida, também é um fator que deve ser levado em consideração. Normalmente, uma regra simples evita dissabores, pense que quanto mais próximo dos 60 anos menos exposto ao risco deve estar o seu portfólio. Algumas perdas necessitam de um longo período para recuperar, se é que um dia irão recuperar.

A economia cria oportunidade a cada momento, e o importante é saber aproveitar esses momentos.

Para o momento atual, onde as taxas de juros estão crescentes, a renda fixa tem ótimas oportunidades, e faz todo sentido tê-las em seu portfólio.

Avalie as oportunidades nos títulos públicos e produtos de renda fixa oferecidos pelas corretoras de valores, se optar por fundos de investimentos pesquise quais as taxas envolvidas.

Na maioria dos casos e momentos, ter ações como única forma de investimento é correr muito risco. Tenha um portfólio balanceado com renda fixa.

Valdir Carlos é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas. 

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você! 

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF