Hora de comprar? Veja o que esperar das ações da Petrobras com Bendine

Para especialistas, Petrobras mostra potencial no longo prazo

Leonardo Pires Uller

Publicidade

SÃO PAULO – Com os desdobramentos da Operação Lava Jato, a presidente da Petrobras (PETR3, PETR4) Graça Foster renunciou nessa semana e, após muita especulação, Aldemir Bendine, que ocupava a presidência do Banco do Brasil, foi anunciado no cargo. A indicação não foi bem recebida pelos investidores e os papéis da companhia caíram forte na Bolsa de Valores.

João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, afirma que o nome de Bendine trouxe desânimo para quem esperava por outros  executivos que foram ventilados na imprensa e que pareciam ser mais adequados para o atual momento da companhia. Bendine é visto como alguém muito próximo da presidente Dilma Rousseff e que pode acabar cedendo a pressões políticas e deixar de resolver questões importantes da companhia.

No entanto, para ele, o atual patamar baixo do preço do papel faz com que esse seja um bom momento de entrada para quem pensa no longo prazo. Isso porque, se for bem administrada e voltar a ganhar a confiança dos investidores, a estatal poderá voltar a ser um bom investimento.  “Mas só vejo a Petrobras se recuperando daqui cerca de três anos”, afirma Brugger. 

Continua depois da publicidade

Já para Clodoir Vieira, analista da Compliance Comunicação, existe uma oportunidade de compra no curto prazo para o papel da Petrobras. “Perto de R$ 8,50 a R$ 8,90 já vale a pena comprar para operar no curto prazo e vender com uma valorização de R$ 0,50”, afirma.

Sobre a condução da companhia, o analista afirma que uma transparência total no comando da Petrobras é necessária, mesmo que isso seja prejudicial no curto prazo. Para Clodoir, a tendência é que, no futuro, isso venha a significar uma confiança dos investidores em Bendine e também na Petrobras.

“Nova diretoria não cria nova companhia”
No último dia 4,  portanto antes da informação de que Bendine seria presidente da estatal, o Credit Suisse divulgou relatório ressaltando que uma nova diretoria não faz da Petrobras uma nova companhia. A instituição financeira manteve sua recomendação neutra para os ADR (American Depositary Receipts) e destacou a vontade dos investidores de entrar no papel esperando que o novo comando signifique uma nova companhia, com resolução mais rápida dos balanços auditados, melhor governança e melhor performance financeira e operacional.

Continua depois da publicidade

Contudo, apesar da forte queda das ações nos últimos meses, os analistas relatam que não é certo que a nova direção aceleraria os resultados auditados e, mais importante que isso, a maior parte dos elementos na equação de fluxo de caixa da companhia não vão mudar com novos diretores.

Para o Credit Suisse, 2016 será um ano mais complicado do que 2015 para a empresa. A Petrobras começará com ano com US$ 8 bilhões em caixa, o mínimo necessário para tocar o negócio e as operações e geração de caixa não vão melhorar materialmente no ano que vem independentemente da direção.