Fundos imobiliários têm pior pregão desde maio de 2017

Ifix fechou com queda de 1,72%; para analistas, movimento é um ajuste pontual, após disparada do índice em dezembro

Mariana Zonta d'Ávila Beatriz Cutait

(Shutterstock)

SÃO PAULO – Os fundos imobiliários fecharam o pregão desta quarta-feira (8) em queda de 1,72%, aos 3.183 pontos. Este foi o pior desempenho do índice desde 18 de maio de 2017, quando caiu 3,04%. Na mínima do dia, o Ifix chegou a cair cerca de 3%.

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A baixa foi a terceira seguida, mas com um movimento bem mais acentuado que nos dias anteriores. Com a trajetória deste pregão, o Ifix passou a registrar queda em 2020, de 0,43%.

Entre os fundos imobiliários com maior peso no Ifix, o Kinea Renda Imobiliária (KNRI11), com participação de quase 6%, caiu 5%, enquanto o Kinea Índice de Preços (KNIP11), que responde por 5% do índice, teve alta de 0,08%.

Analistas consultados avaliam, contudo, que o movimento não passou de uma correção de preços, tida inclusive como saudável, sem fundamentos que justifiquem uma mudança de perspectiva para o setor.

Para Renan Manda, analista de fundos imobiliários da XP Investimentos, investidores apenas aproveitaram a forte alta de dezembro para embolsar parte dos ganhos. No último mês de 2019, o Ifix subiu 10,6%, encerrando 2019 com valorização de 36%.

“Dezembro foi um mês muito bom, alguns papéis subiram 30% a 40%, e muita gente aproveita para botar dinheiro no bolso. Para alguns fundos fazia sentido ter alguma correção para ajustar os níveis de preços, é saudável”, diz, ressaltando que a queda pode, inclusive, ser aproveitada por investidores interessados em fazer uma redistribuição da carteira.

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O cenário, contudo, não mudou. Manda segue otimista com o ambiente de juros baixos, a retomada da economia e a parte operacional do mercado imobiliário, com segmentos como logística e varejo mais aquecidos, assim como a demanda crescente por escritórios.

Caros ou baratos?

Embora as cotas dos FIIs estejam mais caras, o analista da XP alerta que olhar para a relação entre preço e valor patrimonial nem sempre é a melhor forma de avaliar se um fundo está caro ou barato, especialmente no caso dos chamados “fundos de tijolo”, que investem em ativos reais, isto é, em imóveis de fato.

Isso porque muitos fundos estão em processo de revisões do valor patrimonial, o que pode afetar a avaliação de preço. “O que parecia caro de repente muda. Esta não é a melhor métrica para avaliar, mas, sim, quanto um fundo paga de rendimento, se os ativos são bons e bem localizados”, afirma Manda, que considera que um retorno com dividendo da ordem de 5% segue atrativo para os FIIs.

O professor Marcos Baroni, da Suno Research, também credita a baixa recente do Ifix a um ajuste de preços. “É bem natural que o mercado corrija as cotações, porque teve um movimento forte de novos investidores chegando e muitos fundos de fundos imobiliários girando mais as posições”, diz.

Segundo ele, um maior estresse do mercado com a queda dos fundos é normal, dado o tamanho ainda pequeno da indústria. O movimento, entretanto, é apontado como saudável e serve como um alerta, principalmente para os novos investidores.

“Hoje, 80% dos investidores de FIIs investem há menos de um ano, então muitos deles nunca viram uma queda”, destaca. “Eles precisam saber que a queda não é uma possibilidade, mas uma certeza.”

As perspectivas, no entanto, seguem positivas: “Continuamos monitorando a reforma tributária, os indicadores econômicos e a inflação. O cenário ainda é positivo”.

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