Não há como criar uma cultura de investimentos se a economia não permite, diz Benchimol

CEO do grupo XP afirmou que a empresa vai crescer em qualquer cenário, mas defendeu a importância da aprovação da reforma da Previdência, ao participar de evento em São Paulo

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – Com uma visão otimista sobre a tramitação da reforma da Previdência no Congresso e de olho em seus reflexos sobre a economia e o grau de confiança dos investidores no Brasil, Guilherme Benchimol, CEO do grupo XP, afirmou nesta quinta-feira que a empresa vai crescer em qualquer cenário, mas reforçou a importância da aprovação do projeto.

“Não há como criar uma cultura de investimentos se as condições macroeconômicas não permitem”, disse o executivo, durante a primeira edição da Asset Management Conference, evento realizado pela XP em São Paulo.

O relatório da reforma da Previdência foi entregue hoje pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), com um impacto total previsto pelo relator em torno de R$ 1,13 trilhão em dez anos. O texto original previa um impulso fiscal de R$ 1,2 trilhão no período.

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Se a reforma passar, afirmou Benchimol, os juros devem continuar baixos, levando os investidores a buscar aplicações de maior risco, que podem ter retornos mais altos – e muitas das alternativas, hoje, estão fora dos bancos. “O juro de dois dígitos deixava as pessoas acomodadas”, disse.

Benchimol comentou ainda sobre a concorrência no mercado financeiro e afirmou não enxergar espaço no cenário atual para a disputa entre as casas não vinculadas aos grandes bancos. “Enquanto a poupança estiver nos bancos, não faz sentido concorrer entre independentes”, declarou. “A disputa é com os bancos.”

Para Benchimol, o mercado bancário ainda está tentando se desconstruir e mudar, mas hoje não conta com uma estrutura organizacional para competir com as mesmas armas que as corretoras independentes. Eventualmente, porém, essas instituições vão reagir.

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“Por isso, temos essa ansiedade de crescer. Queremos aproveitar o oceano azul que ainda está disponível para a XP”, declarou. A prioridade neste momento, acrescentou, é fazer mais do mesmo, porém melhor. E esse trabalho passa por orientar os investidores a direcionar seus recursos para produtos que vão além da poupança.

“Nos Estados Unidos, 50% das pessoas investem em ações. No Brasil, as pessoas investem em média em D+3”, observou o presidente da XP, referindo-se à demanda por investimentos com maior liquidez. Na XP, o prazo médio do processo de liquidação financeiro corresponde a D+11.

Dentre os principais projetos do grupo no momento estão o da seguradora, lançada em abril, e o do banco, que deverá sair do papel no primeiro trimestre de 2020.

A ideia será oferecer serviços como conta corrente e empréstimos para quem tem investimentos na XP, permitindo que o cliente corte “o cordão umbilical com os bancos”. Segundo Benchimol, o spread máximo do crédito no banco da XP seria de CDI mais 0,7% ao mês. “Acredito que a vida dos bancos nos próximos anos vai ser cada dia mais difícil.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.