Fundos dão impulso a estreias e ofertas na Bolsa

Os private equity captam recursos de grandes investidores, adquirem fatias de companhias consideradas promissoras para, anos depois, se tudo der certo, revendê-las por um preço maior

Estadão Conteúdo

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SÃO PAULO – Os fundos de private equity – que compram participação em empresas para vender, no futuro, com lucro – voltaram a movimentar as ofertas de ações na Bolsa de Valores. Com a economia dando sinais de recuperação, a “janela” para esse tipo de operação está aberta de novo. E os fundos estão aproveitando o momento – antes que essa janela se feche novamente no período eleitoral – para se desfazer de participações e fechar o ciclo do investimento.

Os private equity captam recursos de grandes investidores, adquirem fatias de companhias consideradas promissoras para, anos depois, se tudo der certo, revendê-las por um preço maior – a outras empresas ou a investidores pulverizados na Bolsa.

“Das ofertas de ações que aconteceram neste ano, metade delas tinha a presença do private equity. Para o próximo ano, cerca de 30% das empresas devem ter esse componente”, destaca o diretor de banco de Investimentos do Itaú BBA, Roderick Greenlees.

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Na semana passada, por exemplo, o norte-americano Advent vendeu parte de sua participação na companhia de alimentos IMC, dona das marcas Viena e Frango Assado. O Advent já reduziu, em 2017, sua participação no laboratório Fleury e ainda levou o grupo farmacêutico Biotoscana para a Bolsa. Está previsto ainda seu desembarque da empresa do setor de vestuário Restoque, dona das marcas Dudalina e John John, por meio de uma oferta subsequente.

O Warburg Pincus também vai vender sua participação na Restoque. Para dezembro, está programada a venda de parte da fatia que Vinci Partners, Temasek e Capital Group detêm na rede de fast-food Burger King Brasil.

Os fundos que têm investimentos no Brasil estão com algumas boas companhias no portfólio, de grande porte e aptas a ofertas em Bolsa. Entre alguns exemplos estão a Intermédica Notredame, da Bain Capital, que chegou a tentar abrir seu capital neste ano, mas resolveu esperar para 2018, em busca de um melhor preço para o ativo.

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Outra candidata relevante é a Rede D’Or, do Carlyle e do fundo soberano de Cingapura, o GIC. A rede de ensino Uniasselvi, também do Carlyle, está no radar. O fundo Pátria tem no portfólio o Hidrovias do Brasil, que já chegou a se movimentar para realizar uma abertura de capital. O Grupo Oncoclínicas, controlado pela Victoria Capital, é mais um nome.

Fábio Nazari, do BTG Pactual, pondera que os desinvestimentos dos fundos, neste momento, acabam tendo uma maior visibilidade, já que nos últimos a “janela” para ofertas estava praticamente fechada.

Para o sócio da Bain & Company e especialista em private equity, André Castellini, as vendas dos fundos neste momento também são uma resposta à safra ruim de investimentos de diversos deles em países emergentes, onde sofreram com a desvalorização cambial, queda dos preços das commodities e, no caso específico do Brasil, com a corrupção.

“Quem tem investimento bom no portfólio precisa mostrar isso, mas é claro que o momento positivo de mercado permitiu esses desembarques.” Pesa ainda o fato de as eleições de 2018 terem enorme potencial de trazer alta volatilidade para o mercado, podendo fechar a janela para emissão de ações e também reduzir a precificação de um determinado ativo.