Fundos de ações geridos por mulheres têm melhor desempenho que os de equipes masculinas no ano, aponta Goldman Sachs

Segundo o levantamento, fundos com pelo menos um terço de gestoras têm superado aqueles sem presença feminina em um ponto percentual

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)

SÃO PAULO – Ainda minoria no mercado financeiro, as mulheres têm se destacado na gestão de fundos de ações em meio às fortes oscilações dos ativos por conta da pandemia de coronavírus.

De acordo com um levantamento feito pelo Goldman Sachs, entre os cerca de 500 fundos de investimento monitorados pelo banco nos Estados Unidos, os retornos daqueles com pelo menos um terço dos cargos de gestão ocupados por mulheres têm superado os dos fundos sem presença feminina em 1 ponto percentual, em 2020.

O dado mostra uma alteração em relação ao compilado há três anos, quando a diferença de gênero tinha pouco impacto sobre a performance dos fundos, aponta o Goldman.

Na imagem a seguir é possível verificar a performance dos fundos de ações analisados pelo banco em relação aos seus referenciais, segmentados pela composição do time de gestão.

Em azul claro estão representados os fundos com pelo menos 33% de gestoras, enquanto as barras em azul escuro representam os fundos sem mulheres na equipe.

As primeiras barras, da esquerda, correspondem às diferenças de desempenho dos fundos em março; as do meio, desde o início da crise; e as barras da direita correspondem às performances dos fundos em relação ao benchmark no acumulado do ano, até 26 de agosto.

Do total de fundos americanos do levantamento, apenas 3%, ou 14 fundos, possuem um terço do time feminino, administrando um total de 2% dos ativos sob gestão na indústria. Nada menos que 77%, ou 380 fundos, contam com times de análise 100% masculinos, representando 57% do total gerido por fundos de ações nos Estados Unidos.

Ainda segundo o estudo, 43% dos fundos geridos por mulheres batem seu benchmark neste ano, ante 41% daqueles sem gestoras na equipe. Já desde o início da crise, 48% dos fundos com maior presença feminina geram alfa, isto é, superam a expectativa de rendimento prevista, frente a 37% daqueles geridos apenas por homens.

Diferenças setoriais

Na seleção de empresas, enquanto os fundos geridos por mulheres investem mais nos setores de tecnologia e informação, que têm se destacado no ano, aqueles geridos por homens têm dado preferência para as financeiras, mostra o Goldman.

Em Tesla, por exemplo, cuja ação sobe quase 380% no ano na Nasdaq, os fundos de gestoras analisados possuem posição “overweight” (acima da média do mercado), ao passo que os fundos apenas com gestores homens têm posição abaixo da média do mercado.

Já em financeiras, apesar de ambos os times de gestão possuírem posição acima da média no segmento, os fundos geridos por mulheres, em média, estão apenas 66 pontos-base overweight, ante 216 pontos-base para os fundos com menos de um terço de mulheres na gestão.

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