Fundo de pensão da GE inova e passa a informar diariamente o valor das cotas aos 11 mil segurados

Embora comum entre fundos de investimento, no caso das fundações de previdência complementar fechada, segurado só acompanha desempenho mensal das carteiras

Lucas Bombana

SÃO PAULO – Para o investidor pessoa física acostumado a depositar alguma quantia em fundos de investimento, ter à disposição o acompanhamento diário da variação da cota no mercado não é nenhuma novidade. No universo dos fundos de pensão, no entanto, essa não costuma ser uma possibilidade. Pelo menos não até agora.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Até julho, o GEBSAPrev, fundo de pensão da General Eletric (GE), estava alinhado à prática corrente, de informe mensal, do setor. A partir da próxima segunda-feira (03), contudo, a entidade passará a divulgar diariamente a variação da cota de cada um dos três planos, permitindo, assim, o acompanhamento do portfólio de investimentos com lupa, de acordo com o perfil selecionado.

O fundo da GE tem cerca de 11 mil participantes, que acumulam um patrimônio de aproximadamente R$ 2,2 bilhões.

Ele será um dos primeiros, quicá o primeiro, entre as cerca de 250 Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) do país, responsáveis pela poupança previdenciária de 7,5 milhões de segurados, a divulgar a variação da cota diária.

O diretor superintendente da GEBSAPrev, Acácio Carmo, reconhece que, apesar da medida, o investimento previdenciário não deve ser acompanhado com alta frequência, dado o foco na construção de um patrimônio a longo prazo. Ainda assim, o dirigente entende que o participante deve ter o serviço à disposição, caso queira ter acesso às informações com mais agilidade.

“A cota diária é uma questão de transparência importante”, afirma o dirigente, que diz ainda que a entidade vinha recebendo questionamentos de alguns participantes em busca de um acompanhamento mais apurado do desempenho de suas aplicações financeiras.

A maior sofisticação dos segurados também contribui para a demanda, observa Carmo, que aponta os juros baixos e o advento das plataformas abertas como razões que ajudam a entender o maior interesse dos participantes pelos investimentos.

Atenção à composição dos perfis

A GEBSAPrev oferece aos segurados cinco perfis de investimento, desde o super conservador, apenas com renda fixa de alta liquidez, até o super agressivo, em que o limite em ações é de 60%.

A opção mais arrojada é recente. Data do início de fevereiro de 2020 (portanto antes de a crise estourar no mercado brasileiro) e foi criada para fazer frente ao novo patamar da taxa básica de juros. As demais foram lançadas entre 2010 e 2014.

A entidade oferece ainda uma opção chamada “ciclo de vida”, em que a alocação em ativos de maior risco é automaticamente reduzida conforme o segurado envelhece.

No acumulado do ano, impulsionado pela recuperação da Bolsa após o tombo de março, o perfil super agressivo é o que apresenta o melhor rendimento, com ganho de 5,36%.

Já o perfil super conservador, em tese o que deveria estar menos sujeito à volatilidade, teve o pior desempenho, com queda de 0,50%. Embora tenha sofrido um pouco menos na fase mais aguda da crise, na volta, ficou para trás dos demais perfis.

O desempenho ruim do perfil super conservador não chama atenção apenas neste ano. Em 36 meses, por exemplo, ele acumula valorização de 16,10%, abaixo da variação do CDI (18,70%).

Compõem sua carteira quatro fundos de renda fixa de curto prazo – Santander Fairfield, CA Vitesse, Sparta Top e Itaú Active Fix –, que preveem em sua política ter uma parcela alocada em crédito privado. Com maior risco, a estratégia busca gerar um retorno excedente em relação ao benchmark, mas, na crise, a tese se provou justamente o contrário.

Mais uma razão para o participante do fundo de pensão acompanhar ainda mais de perto a trajetória de seu investimento.

Para possibilitar a adoção da cota diária, diz o diretor da GEBSAPrev, o reduzido corpo interno da fundação, com cinco pessoas contando com ele, não seria capaz de dar conta do aumento no volume de trabalho.

Por isso, a entidade optou por terceirizar o serviço para a gestora de patrimônio i9 Capital, que já era a responsável pela alocação dos recursos da fundação da GE.

Devagar com o andor

Para Luis Ricardo Martins, presidente da Abrapp, associação nacional do setor, a divulgação da cota em uma periodicidade mensal é “plenamente satisfatória” para o objetivo previdenciário de longo prazo ao qual os fundos de pensão se propõem.

O início do pagamento do benefício de boa parte da massa de beneficiários está programado apenas para os próximos 10 ou 20 anos, lembra.

Se o participante acompanhasse com muita frequência a variação das cotas, diz o dirigente, em março, teria sofrido bastante com a forte queda da Bolsa. Por outro lado, apenas pouco mais de três meses depois, o mercado já se recuperou de boa parte do tombo, observa Martins.

De todo modo, o presidente da Abrapp reconhece a importância de uma busca constante por aperfeiçoamentos na forma de comunicação da entidade com o participante. O dirigente cita como um importante avanço nesse sentido a publicação, em dezembro de 2019, da Resolução 32 do Conselho Nacional da Previdência Complementar (CNPC), órgão vinculado ao Ministério da Economia.

Entre os principais pontos, a resolução determina a obrigatoriedade de um site próprio para todas as entidades, com simuladores para que o participante saiba quanto contribuir para alcançar a aposentadoria almejada. “Transparência e credibilidade é tudo para o nosso segmento”, afirma o presidente da Abrapp.

A carreira que mais forma milionários: conheça o primeiro MBA do Brasil totalmente dedicado ao mercado de ações