FIIs da CSHG intensificam compra e venda de imóveis, afastando reflexos da crise do Credit Suisse

O movimento confirma a expectativa do mercado que descartava influência da situação do Credit Suisse nas operações dos FIIs da CSHG

Wellington Carvalho

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Três meses após o início da crise de confiança do Credit Suisse, os fundos imobiliários da Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) – gestora de valores controlada pelo tradicional banco suíço – intensificaram a gestão ativa dos portfólios – ou seja, a compra e venda de imóveis para ganho de capital ou reciclagem da carteira.

O movimento confirma a expectativa do mercado e dos próprios gestores, que inicialmente descartavam grande influência da situação do Credit Suisse nas operações dos FIIs da CSHG.

Nesta segunda-feira (26), por exemplo, o FII CSHG Renda Urbana (HGRU11) concluiu a venda da 17ª loja que fazia parte do portfólio do fundo e estava locada para a Arthur Lundgren Tecidos, grupo conhecido como Casas Pernambucanas.

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Segundo comunicado ao mercado, o imóvel localizado na cidade de Taubaté (SP) foi vendido por R$ 7,8 milhões, montante equivalente a R$ 5.900,82 por metro quadrado. O valor do negócio é 40% superior ao total investido no espaço e 14% acima do preço de mercado.

Na semana passada, o CSHG Renda Urbana já havia anunciado a venda de imóvel na cidade de Assis Chateaubriand, no estado do Paraná – também locado para as Casas Pernambucanas.

O espaço foi negociado por R$ 4,5 milhões, montante equivalente a R$ 4.479,31 por metro quadrado. O valor do negócio também é 40% superior ao total investido no espaço e 34% acima do preço de mercado.

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De acordo com cálculos do fundo, as duas transações representam um lucro equivalente a R$ 0,19 por cota.

Há três meses, quando teve início a crise de confiança do Credit Suisse, especialistas como Marco Baroni, head de pesquisa em fundos imobiliários da Suno, afirmavam que os cotistas dos FIIs da CSHG precisavam ficar atentos no médio e longo prazo exatamente na manutenção da gestão ativa dos fundos – o que, por enquanto, parece ter ocorrido.

No caso do HGRU11, a estratégia de alienação de ativos teve início em abril, quando a equipe de gestão do fundo anunciou o plano de vender exatamente R$ 150 milhões em imóveis e obter aproximadamente R$ 45 milhões de lucro – um retorno estimado de 30%.

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De lá para cá, o fundo vendeu ou se comprometeu a vender R$ 164 milhões em ativos, montante que representa um lucro de R$ 2,73 por cota, conforme sinaliza a tabela abaixo.

Locatário Cidade Estado   Venda    Lucro por cota  Semestre da venda
Pernambucanas Batatais SP  R$      6.000.000,00  R$              0,05 1
Pernambucanas Caçador SC  R$      5.660.000,00  R$              0,09 1
Pernambucanas Lorena SP  R$      5.600.000,00  R$              0,08 1
Pernambucanas São Sebastião do Paraíso MG  R$      8.000.000,00  R$              0,11 1
Pernambucanas Francisco Beltrão PR  R$      7.800.000,00  R$              0,12 1
Pernambucanas Videira SC  R$      5.071.689,14  R$              0,07 2
Pernambucanas São José dos Campos SP  R$    13.000.000,00  R$              0,20 2
Pernambucanas Garça SP  R$      3.250.000,00  R$              0,05 1
Pernambucanas Pato Branco PR  R$    10.500.000,00  R$              0,16 2
Pernambucanas Mogi das Cruzes SP  R$    10.379.000,00  R$              0,17 2
Pernambucanas Votuporanga SP  R$      9.919.244,40  R$              0,14 2
Pernambucanas Ourinhos SP  R$      7.352.428,00  R$              0,11 2
Pernambucanas Lapa PR  R$      6.000.000,00  R$              0,15 2
Mineirão Serra ES  R$    35.000.000,00  R$              0,77 1
Pernambucanas Monte Alto SP  R$      7.770.000,00  R$              0,11 2
Pernambucanas Alfenas MG  R$    10.450.000,00  R$              0,14 2
Pernambucanas Taubaté SP  R$      7.800.000,00  R$              0,12 2
Pernambucanas Assis Chateaubriand PR  R$      4.500.000,00  R$              0,09 2
 Total  R$  164.052.361,54  R$              2,73

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Ainda na semana passada, o CSHG Logística (HGLG11) concluiu a aquisição de 10% de três unidades do condomínio logístico Tech Town, na cidade de Hortolândia, no estado de São Paulo. O fundo já era proprietário de 90% dos espaços desde março de 2011.

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Pela fração restante dos imóveis, a carteira pagou R$ 2,365 milhões, montante que será quitado em duas vezes – após superação das condições previstas no contrato.

Com o negócio, o CSHG Logística passa a ter direito a 100% do aluguel das unidades e prevê um acréscimo na receita mensal do fundo de aproximadamente R$ 0,0006 por cota.

As recentes operações do HGLG11 e HGRU11 também reforçam a posição do próprio CSHG em outubro. Em resposta aos rumores de eventuais prejuízos para os FIIs, a gestora reforçou que segue a lei 8.668/93 – que estabelece que os bens e direitos dos fundos imobiliários são segregados e independentes de qualquer instituição.

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Diante da segregação do patrimônio, a CSHG explica que os resultados e a distribuição de dividendos dos FIIs administrados pela corretora seguirão normalmente, “uma vez que os recebimentos de locações, créditos e todos os demais direitos dos FIIs não têm correlação e não são compostos por títulos de emissão do Grupo Credit Suisse”, segundo fato relevante divulgado pela instituição no início deste trimestre.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.