FIIs que alugam imóveis para Americanas caem até 13% no mês: vender, manter ou comprar? Saiba visão da XP

E mais: 4 fundos pagam dividendos; ALZR11 aumenta ainda mais a participação no TSER11; HOFC11 prorroga locação de imóvel e eleva aluguel em 6,85%

Wellington Carvalho

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Fundos imobiliários que alugam imóveis para a Americanas (AMER3) acumulam queda de até 13% em janeiro, mês marcado pela crise financeira da varejista. Apesar do desempenho, a XP recomenda ao investidor a manutenção dos FIIs – especialmente os que possuem bons portfólios.

“Se os fundamentos do imóvel e da região se mantêm, muito possivelmente essa volatilidade pode ser algo mais pontual, não refletindo na necessidade de se desfazer de cotas do fundo a preços abaixo do justo”, orienta Maria Fernanda Violatti, que assina relatório sobre o tema com Maria Jordão, também analista da corretora.

O documento desconsidera os fundos imobiliários Max Retail (MAXR11) e (VIUR11) – que possuem baixa liquidez e um número de cotistas reduzido.

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Além deles, pelo menos outros seis fundos imobiliários – entre os que divulgam os nomes dos inquilinos – mantêm alguma relação com as Americanas. O número não considera os FIIs de shopping que, eventualmente, abrigam lojas da varejista.

Após a recuperação judicial da varejista, Maria Fernanda afirma que os principais riscos para os FIIs são a vacância antecipada [devolução do imóvel locado] e de inadimplência nos aluguéis.

Segundo ela, as consequências e as ações que os fundos poderão adotar dependem do comportamento da Americanas a partir de agora e das características de cada contrato.

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Em caso de inadimplência, por exemplo, o proprietário do imóvel pode entrar com um pedido de despejo. Neste caso, multas e aluguéis atrasados entrariam como novos créditos na recuperação judicial.

O pedido de despejo também poderia ser feito mesmo com o pagamento integral do valor da locação, desde que o vínculo inclua uma cláusula de opção de rescisão em caso de recuperação judicial.

Sem o dispositivo no contrato – e com a manutenção dos pagamentos – a locação poderia continuar conforme o previsto, como sinaliza o fluxograma abaixo.

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Diante das possibilidades, Maria Fernanda pondera que até um cenário de vacância – um dos riscos para os FIIs – muitas etapas precisam ser percorridas.

Ela lembra ainda que, mesmo no cenário de recuperação judicial, os aluguéis devem ser pagos normalmente pois as despesas são parte da operação da empresa – o que reforça o pedido de cautela para os cotistas dos fundos imobiliários.

Ifix hoje

Na sessão desta terça-feira (31), o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – fechou com alta de 0,47%, aos 2.821 pontos. No acumulado de janeiro, o indicador registrou queda de 1,60%. 

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Maiores altas desta terça-feira (31):

Ticker Nome Setor Variação (%)
RBRY11 RBR CRI Títulos e Val. Mob. 4,32
BLMG11 Bluemacaw Logística Logística 4,12
PATL11 Pátria Logística Logística 3,34
BTAL11 BTG Pactual Agro Agro 2,83
LVBI11 VBI Logístico Logística 2,41

Maiores baixas desta terça-feira (31):

Ticker Nome Setor Variação (%)
VSLH11 Versalhes Recebíveis Imobiliários Títulos e Val. Mob. -12,67
TORD11 Tordesilhas EI Desenvolvimento -4,17
TEPP11 Tellus Properties Lajes Corporativas -2,25
LGCP11 LOGCP Inter Logística -1,37
VILG11 Vinci Logística Logística -1,06

Fonte: B3

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ALZR11 aumenta ainda mais a participação no TSER11; [ativo=HOFC11] prorroga locação de imóvel e eleva aluguel em 6,85%

Confira as últimas informações divulgadas por fundos imobiliários em fatos relevantes:

ALZR11 aumenta ainda mais a participação no FII de escritório TSER11

O FII Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) comprou mais R$ 12,1 milhões de cotas do também fundo imobiliário Tishman Speyer Renda Corporativa (TSER11), dono da Torre DuPont, edifício comercial triple A – alto padrão construtivo –, localizado em Alphaville (SP).

No último dia 11, o ALZR11 já havia anunciado o investimento de R$ 105 milhões – o equivalente a R$ 100 por cota – no fundo, que atua no segmento de escritório.

Com o novo aporte, a participação do Alianza Trust Renda Imobiliária no TSER11 sobe de 88% para 98%, de acordo com fato relevante divulgado pela carteira.

Desta forma, o ALZR11 se consolida como proprietário majoritário da Torre DuPont, que fica dentro do complexo empresarial Castelo Branco Office Park (CBOP), vizinho ao Shopping Tamboré.

O espaço – de 19 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) – é composto por dois pavimentos de subsolo, térreo e sete pavimentos corporativos, além de áreas acessórias, como loja, restaurante e auditório.

O imóvel está locado para a Perfomance Specialty Products do Brasil – DuPont –, que paga aluguel mensal de aproximadamente R$ 1,8 milhão.

Os gestores do ALZR11 estimam que a transação eleve a distribuição mensal de dividendos da carteira em R$ 0,16 por cota no primeiro ano – considerando o investimento total no TSER11.

[ativo=HOFC11] prorroga locação de imóvel em São Paulo e eleva aluguel em 6,85%

FII Hedge Office Income assinou o terceiro ajuste no contrato de locação da fração que detém no edifício Alamedas, localizado na região da Avenida Paulista, em São Paulo (SP).

De acordo com fato relevante divulgado pela carteira, o aditivo estende a vigência do vínculo pelo prazo adicional de 84 meses, com novo término previsto para dezembro de 2029.

O imóvel representa 5,76% da área bruta locável (ABL) total do fundo e o novo aluguel é 6,85% superior ao valor até então em vigor.

Apesar do ajuste, não há previsão de alteração da projeção de distribuição de dividendos do [ativo=HOFC11], reforça o comunicado ao mercado.

Dividendos hoje

Confira os FIIs que distribuem dividendos nesta terça-feira (31):

Ticker Fundo Rendimento
BTRA11  R$      0,88 1,04%
BTSI11  R$      0,69
JRDM11  R$      0,52 0,63%
EDGA11  R$      0,12 0,59%

Fonte: StatusInvest

Giro Imobiliário: mercado prevê Selic mantida em 13,75%; Justiça decide que arrendatário pode pleitear indenização por problemas na construção de imóvel

Copom se reúne pela primeira vez em 2023 para discutir Selic

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne a partir de terça-feira (31) e é praticamente uma unanimidade no mercado que a Selic será mantida no atual patamar de 13,75% ao ano. O ciclo de alta da taxa básica de juros foi interrompido no último mês de setembro, após doze elevações consecutivas.

Segundo o economista do Itaú, o BC manterá a Selic estável para assegurar a convergência da inflação à meta no horizonte relevante de política monetária.

“Como de costume, o Copom deve reforçar que se manterá vigilante como forma de perseverar no processo de desinflação até que haja convergência às metas e as expectativas de ancoragem sejam alcançadas”, diz o relatório de Mesquita.

“Ao mesmo tempo em que a maioria dos economistas concordam que a Selic deve ser mantida em 13,75%, todos estão ávidos por entender como o Copom vê o atual cenário, com riscos vindos da parte fiscal, onde uma nova âncora fiscal ainda será revelada, e a expectativa de mudanças nas metas de inflação”, afirma relatório do Bradesco.

Arrendatário pode pleitear indenização por problemas na construção de imóvel, decide Justiça

A Justiça concedeu a uma arrendatária de um imóvel o direito de pleitear indenização em dinheiro por causa de problemas estruturais detectados na moradia adquirida por ela.

O caso foi julgado na 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e, segundo os autos, a autora da ação apelou ao TRF1 após ter adquirido o imóvel por meio de um contrato de compra e venda e mútuo com obrigações e alienação fiduciária em garantia por intermédio do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”.

Ao juízo da primeira instância, a compradora observou logo na posse do bem que o imóvel apresentava inúmeros problemas internos e externos, tais como “deficiência nas instalações hidráulicas e elétricas, rachaduras e trincas nos pisos e revestimentos, umidade, falhas de impermeabilização, deterioração do reboco e pintura, infiltrações diversas, entre outros”.

No entanto, apesar das alegações, o magistrado sentenciante entendeu que, pela parte autora não ser proprietária do imóvel, mas tão somente arrendatária, não poderia pleitear indenização em dinheiro, pois “dessa forma, a Caixa Econômica Federal estaria indenizando um terceiro por um vício de construção em imóvel que lhe pertence”.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.