Fernando Assad, da Ashmore: como um especialista em mercados emergentes está investindo agora

O responsável pelo mandato de ações de mercados emergentes da gestora britânica é o entrevistado do 17º episódio do podcast Outliers

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Entender a dinâmica das economias emergentes foi o que levou o economista Fernando Assad para o mercado financeiro, logo após concluir a graduação, em Londres, no final dos anos 1990. Essa afinidade com esse conjunto de países o levou para a britânica Ashmore Asset Management.

Hoje, Assad é gestor do mandato de ações de mercados emergentes da Ashmore e um dos maiores especialistas do mundo nesse segmento.

Mas se o termo, cunhado no início dos anos 1980, era destinado a países com menor nível de desenvolvimento e maior crescimento, Assad considera que esse perfil mudou, uma vez que o ambiente de juros baixos transformou a economia mundial.

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“A melhor definição hoje para mercado emergente é onde há crescimento da economia e ainda há um prêmio de risco. A maior parte do mundo está com prêmio de risco quase zero”, disse durante sua participação no 17º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.

A Ashmore é uma das precursoras a explorar investimentos em países emergentes e empresas desses mercados. A gestora independente começou a operar no início dos anos 1980 e hoje acumula um patrimônio sob gestão em torno de US$ 85 bilhões.

Se, no início, os fundos eram voltados para o investimento em dívida soberana, local e corporativa, hoje o motor dos negócios é a gestão de renda variável. Para Assad, as estratégias da gestora se destacam porque a Ashmore tem uma área de pesquisa proprietária, que inclui visita aos países e empresas, e pela importância dada à liquidez.

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A Ashmore também busca meios de se defender de variações cambiais. Na leitura da empresa, os países da Ásia seriam os primeiros a sair da crise causada pelo novo coronavírus, então o foco não foi uma estratégia de hedge. “O que foi volátil esse ano foi o dólar, não o renminbi chinês”, disse.

Coreia, Taiwan e cobre na mira

No cenário de investimentos, o gestor destaca o esfriamento da guerra comercial entre China e Estados Unidos após a vitória do democrata Joe Biden para a presidência americana.

Com o arrefecimento dessas tensões, ele vê bom desempenho em empresas da Coreia e Taiwan, que possuem representatividade e competitividade no segmento de semicondutores.

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Na América Latina, as preferidas são as empresas do segmento de cobre, pela demanda desse insumo para a produção de carros elétricos.

“Continuamos a ver a mineração com margens altas e os volumes subindo. Temos um ‘driver” alto de crescimento vindo da Ásia.”

Menos contágio entre os emergentes

Sendo um especialista em mercados emergentes, Assad já presenciou diversas crises, tanto globais como locais. O que ele vê como uma mudança é o poder de contágio dos problemas enfrentados localmente. Se até os anos 1990 um emergente com problema arrastava todos os outros para uma turbulência, a partir de 2000 esse comportamento mudou.

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“Já não existe um contágio excessivo para os demais emergentes. A Argentina quebrou duas vezes, a Turquia fez uma bagunça em suas políticas fiscal e monetária e a Rússia enfrentou sanções”, disse, sobre a repercussão de crises mais recentes.

O gestor também fez um paralelo entre a crise de 2008 e a de 2020. Para ele, a forma de atuação das autoridades monetárias para enfrentar os problemas causados pela pandemia do novo coronavírus são decorrentes dos ensinamentos da crise financeira global 12 anos antes: “A rapidez com que os BCs agiram em 2020 foi um aprendizado de 2008. A reação foi muito mais rápida agora.”

Confira o episódio completo e tenha acesso às entrevistas anteriores do Outliers por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.