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Dólar em alta e renda fixa dos EUA com taxas recordes: o que é preciso para começar a investir lá fora?

Títulos públicos e corporativos têm espaço relevante até em carteiras de perfil agressivo

Ana Paula Ribeiro

(Getty Images)

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Quem está de olho na diversificação da carteira de investimentos com alocação no exterior vive um momento único: contrariando a história, a renda fixa dos Estados Unidos está pagando quase 5% ao ano, patamar impensável tempos atrás para aplicações em dólar, que volta a ser refúgio em tempos de crise. Mas, o que é preciso para começar?

Segundo especialistas, é necessário ter em mente que o investimento deve ir além da exposição direta a uma moeda estrangeira. Sabrina Loureiro, head de conteúdo e research da Nomad, explica que a diversificação precisa ser feita de forma estrutural, ou seja, levando em conta o perfil.

Ter mais renda fixa é um exemplo de alocação tática, em que se aproveita o momento do mercado americano para juros. Nenhuma carteira estrutural, independentemente do perfil, vai ignorar a renda fixa, mas claro que essas fatias vão variar de acordo com o perfil do investidor.

Sabrina Loureiro, Nomad

O cenário nos EUA é de taxas referenciais de juros na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, e preocupação com a situação fiscal do país, que enfrenta risco de paralisação de gastos (“shutdown”), combinação que tem levado as rentabilidades da renda fixa americana para os maiores patamares em mais de 15 anos. Na quarta-feira (28), os títulos de 10 anos avançaram 5 pontos-base, para 4,66% ao ano.

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A expectativa, no entanto, é que esses níveis não fiquem assim para sempre, daí a alocação “tática”: comprar papéis com prazo maior, de modo a aproveitar os ganhos por mais tempo.

Qual é o seu perfil?

Em linhas gerais, a Nomad separa os perfis de investidor em três grandes grupos, todos atualmente com forte presença de títulos de renda fixa.

Para os perfis moderado e agressivo, o investidor tem também opção de internacionalização para além dos EUA, com ativos europeus ou da Ásia na carteira. Ainda assim, papéis americanos responderiam por quase 70% dessa alocação internacional, em linha com o tamanho do mercado de investimento americano em relação ao mercado global, de acordo com Loureiro.

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Independentemente dos ativos escolhidos, a percepção de especialistas é de que diversificar a carteira alocando lá fora é recomendável para qualquer perfil de investidor, e ainda ajuda a reduzir o risco global do portfólio.

“Se o Brasil entra em uma crise, a tendência é a Bolsa cair e o dólar subir. Se parte do investimento estiver no exterior, a alta do dólar será benéfica à carteira”, ressalta José Faria Júnior, planejador financeiro na Planejar.

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“Eventualmente, o investidor ainda pode ter ativos no exterior que terão uma lógica diferente da local, com as ações subindo”, diz, justificando à proteção a carteira.

Como começar?

Independentemente do perfil e da estratégia, o investidor precisará ter uma conta em corretora que ofereça serviços no exterior. É na plataforma escolhida que o investidor terá acesso aos produtos:

Loureiro lembra que essa diversificação, com base nos objetivos de cada investidor, pode ser feita independentemente do porte do investidor.

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Para aqueles que não têm recursos ou conhecimento suficiente para comprar títulos públicos e privados de diferentes durações, a sugestão é utilizar os ETFs (fundos de índice).

Ao contrário de bonds, cuja aplicação mínima pode passar de US$ 1 mil, os ETFs têm aporte inicial baixo, muitos de apenas US$ 1, além de taxa de administração, em geral, baixa, e possibilidade de receber os dividendos atrelados aos ativos da cesta.

Há diferentes opções de ETFs para objetivos e níveis de risco distintos: investem em papéis de prazos variados, alguns focam apenas em Treasuries, outros são voltados para papéis com grau de investimento. O maior da categoria renda fixa é o Vanguard Total Bond (BND), que aplica em ativos grau de investimento nos EUA.

Cuidados

Entre os pontos de atenção que devem estar na mente do investidor, o mais importante é o risco cambial — ou seja, a possibilidade perdas em caso de valorização do real, depreciando o rendimento em dólares na hora da conversão.

Uma das formas de minimizar esse efeito é tendo cuidado na hora de definir o tamanho da alocação.

Paula Bento, sócia da HCI Invest, lembra que a fatia da carteira com ativos no exterior dependerá dos objetivos de investimento e do custo em dólar planejado: quem não pretende gastar em dólar pode investir menos, já quem pretende custear escola americana para o filho, por exemplo, precisa dedicar uma parcela maior.

A especialista recomenda que o investidor esteja sobretudo confortável em relação ao tamanho do aporte em conta internacional, deixando fora do país apenas os recursos que não correm o risco de fazer falta no Brasil em caso de emergência.

“Ele precisa saber que pode ocorrer uma variação grande da moeda e não ser o momento de trazer o dinheiro de volta devido à cotação do dólar. Será preciso esperar”, explica.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney