Dobrar o patrimônio investido pode levar até 10 anos; veja opções para acelerar meta

Rentabilidade dos ativos é decisiva para reduzir o tempo necessário para alcançar metas financeiras

Luciana Del Caro

Painel e gráfico de ações em um tablet (Crédito: Shutterstock)
Painel e gráfico de ações em um tablet (Crédito: Shutterstock)

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Os investidores estão sempre de olho na rentabilidade das aplicações, e não é por acaso: quanto maior ela for, menor será o esforço para economizar e para alcançar as metas financeiras. Mas quanto tempo seria necessário para dobrar o patrimônio aplicado, considerando as atuais condições de mercado?

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Uma simulação feita pela Ouro Preto Investimentos mostra bem como o tempo para dobrar uma única aplicação de R$ 10 mil – ou seja, para que ela alcance R$ 20 mil – está relacionado à rentabilidade das aplicações (veja na tabela abaixo). Os resultados mostraram uma grande disparidade: esse tempo pode variar de 2 anos e 7 meses, no caso do ativo mais rentável (as ações da Copel) a 9 anos e 11 meses, para o ativo menos rentável (caderneta de poupança). Ou seja, a diferença de prazo é de cerca de três vezes entre a melhor e a pior opção.

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Renda fixa

AtivoTaxa anualPrazo médio (em meses)
POUPANÇA (0,5%/mês) + (TR 1,24%/ano)7,24%119
CDB (100% CDI) 10,40%10,40%84
CDB (110% CDI)11,44%77
LCI / LCA (95% CDI)9,88%88
LCI / LCA (90% CDI)9,36%93
LCI / LCA (80% CDI)8,32%104
Tesouro SELIC 2027 (SELIC (10,40%) + 0,0984%)10,50%83
Tesouro IPCA+ 2029 (IPCA (3,60%) + 6,10%)9,70%90
TESOURO PREFIXADO 202711,13%79
TESOURO PREFIXADO 203111,80%75
CRA – CAMIL (CDI + 0,40%)10,80%81
CRI – SmartFit (CDI + 0,30%)10,70%82
Fonte: Ouro Preto Investimentos
*Dados de rendimentos levantados em 23/05/2024

 

Renda variável

AtivoTaxa anualPrazo médio (em meses)
ETF : BOVA1113,65%65
Ações : PRIO3 (Setor Petróleo)24,14%38
Ações : VALE3 (Setor Siderurgia / Mineração)18,95%48
Ações : BBSE3 (Setor de Seguros)20,79%44
Ações : CPLE6 (Setor Elétrico)31,11%31
Ações : MGLU3 (Setor de Consumo / Varejo)-64,92%PERDERIA DINHEIRO
Ações : BBDC4 (Setor Bancário)-6,25%PERDERIA DINHEIRO
Ações : AZUL4 (Setor Aéreo)-36,56%PERDERIA DINHEIRO
Fonte: Ouro Preto Investimentos
 *Na renda variável foi somada a valorização do ativos com os dividendos pagos
*Dados de rendimentos levantados em 23/05/2024

A simulação levou em conta um único aporte de R$ 10 mil feito por um investidor em maio de 2024 – mas o prazo para dobrar o patrimônio é o mesmo se o investidor tivesse aplicado R$ 100 mil ou R$ 1 milhão. No caso dos ativos de renda fixa, foram levadas em conta rentabilidades de mercado vigentes em maio. Na renda variável, dada a maior volatilidade das ações e maior complexidade para simular as cotações no longo prazo, foi levada em conta a rentabilidade apresentada por esses ativos nos últimos doze meses – ou seja, há uma premissa de que essas rentabilidades se repetiriam. Embora isso dificilmente ocorra, a simulação mostra como a rentabilidade influencia o tempo gasto para chegar aos R$ 20 mil almejados (ou, ainda, R$ 200 mil ou R$ 2 milhões).

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É interessante notar que a melhor opção foi um ativo de renda variável, corroborando a máxima de que quanto maior o risco, maior o potencial de retorno. No entanto, a desvantagem de se optar unicamente por este tipo de ativo é que nem sempre o cenário mais favorável se materializa e a possibilidade de perdas é igualmente grande. Já a vantagem de contar com a renda fixa para dobrar o patrimônio é a maior previsibilidade dos ganhos, ainda que esses venham de forma mais lenta.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos que fez a simulação, ressalta que, na hora de montar a sua carteira, o investidor deveria levar em conta a necessidade de diversificação e o seu perfil de risco. E justamente pela necessidade de diversificar, ele considera que não faz sentido concentrar o capital nem em ações e nem apenas na poupança, que aparece como a pior opção – a que consumiria mais tempo.

Não é à toa que a poupança aparece nessa posição. Isso ocorre porque a caderneta rende 0,5% ao mês acrescida da taxa TR. Lima ressalta que há outras aplicações de renda fixa com risco de crédito tão baixo ou até menor que o da poupança, e que rendem melhor. É o caso, por exemplo, dos títulos públicos como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado.

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João Pedro Silva, “head” da mesa renda fixa da Status Invest, lembra que os títulos públicos federais são, por definição, os de menor risco da economia, e que os títulos privados oferecem remunerações adicionais justamente porque vão agregando mais riscos, numa escala de rentabilidade. Se um título prefixado do governo federal paga taxa de 11%, por exemplo, um título bancário prefixado pagará a partir de 11,5% ou de 12%, a depender do tamanho da instituição financeira. Já um título corporativo de crédito privado pagaria a partir de 12,5% ao ano. “Há uma escala proporcional de risco e retorno dentro da renda fixa”, diz Silva.

Considerando o atual cenário, Silva enxerga boas oportunidades nos títulos prefixados (Tesouro Prefixado) e indexados à inflação (Tesouro IPCA) porque a tendência ainda é de redução da taxa Selic, atualmente em 10,5%. As estimativas do mercado projetam uma Selic em torno de 9,5% a 10% ao ano no fim de 2024.

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Como a rentabilidade do pós-fixado (Tesouro  Selic) deverá baixar, no momento a preferência de Silva recai sobre os dois outros títulos. No caso dos prefixados, porque quando as taxas caem, os títulos se valorizam e porque o investidor trava a taxa de rendimento no momento da aplicação, e ela permanecerá a mesma se ele levar o papel até o vencimento. No caso dos atrelados à inflação, porque eles misturam esse componente prefixado à correção pela inflação (IPCA), o que traz para o investidor uma garantia de ganho real, acima da inflação.

Outras alternativas com rentabilidades atraentes ainda dentro do universo da renda fixa, considera Lima, são as LCIs e LCAs, os CDBs, os CRIs e CRAs e mesmo os fundos de renda fixa (que investem em carteiras diversificadas de títulos públicos e privados). Enquanto o risco dos títulos bancários como CDBs, LCIs e LCAs é o da instituição financeira que os emitiu, nos CRI e CRA o risco é representado pela empresa que irá saldar os recebíveis que compõem os CRIs e CRAs.

Já no universo da renda variável, os resultados da simulação mostram como a diversificação é importante. O investidor que tivesse aplicado R$ 10 mil em ações da Copel levaria 2 anos e 7 meses para alcançar R$ 20 mil. Se tivesse investido nas ações que compõem o Ibovespa, por meio do ETF BOVA11, teriam sido necessários 5 anos e 5 meses. E, por outro lado, se tivesse aplicado o dinheiro em ações do Magazine Luiza, teria perdido dinheiro (desvalorização de 64% no período considerado). “O setor de varejo foi muito machucado pela Selic alta”, explica Lima. Mas, como se sabe, a tarefa de acertar na ação ou setor para investir não é nada trivial. Por isso, Lima recomenda que o investidor que quiser tentar se beneficiar do potencial de ganhos da renda variável para impulsionar a rentabilidade e reduzir o tempo necessário para dobrar o capital opte por fundos de ações ou carteiras recomendadas pelas corretoras.

Luciana Del Caro

Jornalista colaboradora do InfoMoney