Do ringue para a bolsa: as lições do duelo entre Popó e Bambam para o investidor

O que torna essas lutas rentáveis é um jogo psicológico antes do evento; no mercado financeiro não é diferente

Lucas Collazo

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Caros(as) leitores(as),

Recentemente, uma onda de confrontos inconvencionais nos ringues começou. O Brasil é uma “proxy” atrasada dos EUA. Esse movimento nasceu por lá e alguns expoentes nacionais foram espertos em importar para nosso país.

A ideia é simples: unir num ringue um atleta profissional que colecione troféus e algum influenciador com níveis de alcance elevados. Dessa forma, é possível movimentar milhões em recursos financeiros.

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A última edição foi entre o pugilista três vezes campeão mundial, Acelino Popó de Freitas, de 48 anos, e o fisiculturista e ator, Kleber Bambam. A luta durou incríveis 36,14 segundos e a informação é que o evento movimentou mais de R$ 25 milhões – sendo R$ 3 milhões para cada um dos protagonistas.

Eu não sei vocês, mas R$ 3 milhões para apanhar durante 36 segundos, como foi o caso do perdedor da luta Kleber Bambam, me parece muito justo. Adoraria ter essa oportunidade, inclusive.

O que torna essas lutas tão rentáveis é o trabalho prévio, o jogo psicológico público que os participantes realizam. Pois bem, no mercado financeiro, essa também é a parte central – técnica, conhecimento teórico, tudo isso perde relevância para a psicologia do investidor, para essa luta entre você e seus próprios vieses.

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Comprar algo durante períodos de noticiários duros, preços em queda e muitos ruídos, e vender quando todos querem esse ativo, as notícias são maravilhosas e os preços não param de subir, isso é uma tarefa extremamente difícil. Tão complexa que parte dos investidores desistiu dessa missão e resolveu delegar a responsabilidade para máquinas, é assim que nasce o movimento sistemático nos mercados.

Sendo honesto, enquanto apresento os diversos programas que sou responsável e observo o chat com a audiência, eu não consigo entender tamanha repulsa com as ações brasileiras. Quando dividimos a alocação em bolsa por uma medida de poupança do povo brasileiro (M4), estamos no menor patamar desde 2015, quando estávamos numa das piores fases do país.

Detalhe importante, as notícias nem são tão ruins: o Planalto está mais “quieto”, os juros estão em queda, a inflação está convergindo, o desemprego está em níveis melhores, o PIB vem sendo revisado para cima nos últimos 4 anos. A única explicação que me parece razoável é o rentismo seguir influenciando com o resto de sua força.

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Nos últimos dias, líderes de distribuição de corretoras e de áreas de assessoria de investimentos me procuraram. Nessas conversas, ficou claro que eles vão passar a provocar ativamente os clientes para voltarem seus olhos para ativos de risco, especialmente para a bolsa.


A migração do fluxo local, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer. Os juros vão seguir reduzindo, a necessidade de sofisticar as carteiras vai se tornar latente, fora o fato de que as cotas dos fundos de ações de curto prazo estão excelentes – a maior parte dos investidores individuais tomam decisão com base nesse dado.

Quem chega no fim da festa costuma ter um resultado muito pior ou até negativo. Eu não acredito nessa filosofia de fluxo migratório, a diversificação de carteira e alocação perene são muito mais rentáveis no longo prazo.

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Isso posto, não chegue no final caso você esteja cogitando investir em ações. Quem senta na ponta da mesa, paga a conta.

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney