Diversificar a base de investidores e desenvolver a renda fixa: os desafios do mercado de capitais brasileiro para 2021

Atrair o capital estrangeiro de volta aos ativos locais, por meio de um horizonte econômico menos nebuloso, é um dos temas prioritários da Anbima e da B3

Lucas Bombana

Gráfico de ações (Crédito: Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – De 2011 a 2019, o mercado de capitais brasileiro teve, em média, cinco operações de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) na B3, por ano.

Em 2020, mesmo em meio à pandemia da Covid-19, foram 25 IPOs na Bolsa brasileira, muito por conta dos juros baixos e do aumento significativo do apetite por risco dos investidores locais.

No entanto, para que o financiamento corporativo por meio do mercado de capitais siga pujante em 2021, os grandes bolsos de investidores internacionais, que se mantiveram afastados nos últimos meses, serão fundamentais.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

E para esse movimento acontecer, o país precisa mostrar que tem compromisso com uma agenda fiscal responsável, e oferecer uma perspectiva de médio e longo prazo menos nebulosa do que hoje, afirmou Gilson Finkelsztain, presidente da B3, na abertura do Congresso Brasileiro de Mercado de Capitais nesta segunda-feira.

“Foi ótimo o que vimos esse ano com o protagonismo do investidor local, mas precisamos, sim, do investidor estrangeiro”, afirmou o executivo, com um discurso reforçado por José Eduardo Laloni, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “Nenhum mercado de capitais desenvolvido vive só do mercado local.”

A diversificação da base de investidores, com a participação crescente do investidor pessoa física complementada com o capital estrangeiro de longuíssimo prazo, é um dos quatro desafios traçados pela B3 e pela Anbima para o mercado de capitais brasileiro em 2021.

Continua depois da publicidade

A atração de pequenas e médias empresas (PMEs) por meio da redução dos custos de uma oferta de renda fixa ou de ações também foi elencada como um dos principais obstáculos a serem enfrentados pelo mercado.

O desenvolvimento do mercado secundário de renda fixa, com maior padronização e precificação das emissões, e o estímulo ao mercado de securitização completam a lista de prioridades da B3 e da Anbima para 2021.

Empresas do setor imobiliário e do agronegócio são costumeiramente as que mais acessam o mercado via securitização das dívidas, que consiste na antecipação do pagamento de um fluxo de caixa futuro.

Segundo Laloni, da Anbima, discussões com os reguladores têm sido realizadas para viabilizar operações de securitização do segmento educacional.

Investidor pessoa física pede passagem

Permitir o acesso a investimentos mais sofisticados à pessoa física também foi apontado por Laloni como um dos temas prioritários dentro da agenda de contínua atração de investidores ao mercado.

“Precisamos dar mais opções e educação para o investidor”, afirmou o vice-presidente da Anbima. O nível de conhecimento sobre os produtos financeiros e o momento de vida do investidor precisam ser levados em conta ao estabelecer o limite de acesso a determinados produtos com maior risco, disse o executivo.

Hoje, o patrimônio é o principal ponto levado em consideração pelo órgão regulador ao estabelecer quais fundos podem ser acessados pelo investidor do varejo, com as classificações de qualificado (com ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras) e profissional (a partir dos R$ 10 milhões).

O lado desconhecido das opções: treinamento gratuito do InfoMoney ensina a transformar ativo em fonte recorrente de ganhos – assista!