ITA começa a devolver aviões após suspender voos no país; salários de funcionários seguem atrasados

Dono do grupo, Sidnei Piva, quer vender aérea; mercado, porém, não vê valor na empresa, considerada apenas com passivo e dívida trabalhista

Estadão Conteúdo

Aeronave da companhia aérea que deixou de operar em dezembro de 2021 (Reprodução/Itapemirim)

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Pouco mais de um mês após suspender “temporariamente” suas operações, a ITA, companhia aérea do grupo Itapemirim, começou a devolver suas aeronaves para os arrendadores.

A negociação com as empresas proprietárias dos aviões foi amigável e a devolução de todos os jatos deve ocorrer em até 15 dias, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Nesta semana, dois aviões já deixaram o país.

A ITA, porém, nega que essas duas aeronaves tenham sido entregues aos arrendadores definitivamente e afirma que foram enviadas aos Estados Unidos para manutenção.

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“O deslocamento se dá em razão de as empresas responsáveis pela manutenção não estarem atuando no Brasil”, afirmou a companhia aérea em nota. “Basta observar que, se fosse o caso de qualquer rompimento, as aeronaves seriam arrestadas por eles (os arrendadores). Neste caso, a própria ITA, por seus pilotos, está levando os aviões até os Estados Unidos”. A empresa, cuja frota era composta por sete jatos, destacou ainda que, “tão longo estejam prontas, essas aeronaves retornarão ao Brasil para operar o serviço oferecido pela ITA”.

Ainda não há uma definição se os três arrendadores entrarão na Justiça contra a ITA para receber os valores devidos. Antes de suspender a operação, havia pouco mais de um mês que a empresa aérea não os pagava. A tendência, segundo uma fonte, é que não haja disputa judicial, dado que a probabilidade de algum valor a ser pago é considerada muito baixa.

O dono do grupo Itapemirim, Sidnei Piva, vem tentando vender a companhia aérea. “Estamos em negociação com vários investidores para aquisição de parte da empresa ou 100%”, informou a ITA. O mercado, porém, não vê valor na aérea, de acordo com fontes.

Ao contrário da Avianca Brasil, que teve seus slots (horários de pouso e decolagem nos aeroportos) disputados pelas concorrentes, a ITA é considerada uma companhia apenas com passivo e dívida trabalhista.

A maior parte dos tripulantes da ITA não recebeu o pagamento de dezembro. Alguns também não tiveram o salário de novembro. Diárias de alimentação, vale alimentação e recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) estão atrasados. A companhia diz estar trabalhando para pagar todas as pendências salariais ainda neste mês.

No começo deste mês, o Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça que bloqueie os bens do empresário Sidnei Piva e decrete a falência da Viação Itapemirim e da ITA Transportes Aéreos.