Criador pode apagar o Bitcoin, como disse CEO do JPMorgan?

Até hoje ninguém sabe quem é Satoshi Nakamoto, criador do ativo digital

Lucas Gabriel Marins

(Getty Images)

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Satoshi Nakamoto, o pseudônimo da pessoa – ou grupo – que criou o Bitcoin (BTC), poderia reaparecer e apagar todas as criptomoedas do mercado, disse o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, em uma entrevista recente à CNBC.

“Acho que há uma boa chance, quando chegarmos a esses 20 milhões de Bitcoins, Satoshi chegar lá, rir histericamente, ficar quieto, e todos os Bitcoins [serão] apagados. Como diabos [você] sabe que isso vai parar aos 21 milhões [número máximo de moedas que podem ser criadas]?”.

Será que isso é possível?

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Especialistas consultados pela reportagem do InfoMoney alegam que não. O motivo, dizem, é a blockchain, a tecnologia em que o ativo digital “roda”, construída de tal maneira que os participantes são os controladores e auditores de tudo.

“O Bitcoin é uma rede descentralizada e operada por uma comunidade de mineradores e usuários ao redor do mundo. Isso significa que não há uma única entidade ou pessoa que tenha controle total sobre o Bitcoin”, disse César Felix, gerente da corretora NovaDAX.

Felix falou que o funcionamento da rede é baseado em um consenso distribuído (ou seja, qualquer mudança exige o aval da coletividade de mineradores), e a exclusão de todos os Bitcoins exigiria uma cooperação massiva de uma maioria significativa dos participantes na rede, o que não é impossível, mas é considerado altamente improvável porque não dependeria apenas da vontade do criador.

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Ataque 51%

Se uma uma entidade ou grupo de mineradores conseguir controlar mais de 50% do poder de processamento total da rede do Bitcoin, seria capaz de excluir ou modificar a ordem das transações. Esse tipo de ação recebe o nome de “ataque 51%”.

Mas hoje, segundo dados da Universidade de Cambridge, a rede de mineração do Bitcoin está bastante distribuída, o que é um impeditivo para a ação. Cerca de 35% dos mineradores ficam nos Estados Unidos, 20% na China, 13% no Cazaquistão e os outros distribuídos pelo mundo. Ou seja, não existe uma entidade no controle.

“Dado o nível de segurança e descentralização do Bitcoin, um ataque 51% em sua rede seria improvável porque além de dificuldades técnicas, este tipo de ataque exige um alto custo”, explicou o COO da Web3Valley, Daniel Constantino.

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Estimativas recentes, ainda segundo Constantino, mostram que o custo para tal ataque coordenado seria de aproximadamente R$ 30 bilhões, e duraria apenas alguns minutos. O estrago feito, ainda de acordo com o especialista, não cobriria sequer 2% dos custos necessários para tal empreitada virtual.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney