Copom, inflação de serviços e dados de atividade aumentam convicção em prefixados e atrelados à inflação, diz gestor da ASA Investments

Ao olhar para os prazos, o gestor acredita que as melhores opções estão no chamado "miolo" da curva, ou seja, com vencimento entre três e cinco anos

Bruna Furlani

Fabiano Zimmermann (Divulgação)

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O anúncio de que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a Selic em 13,75% ao ano e encerrou o ciclo de altas, juntamente com dados melhores de inflação e de atividade, aumentaram a confiança de Fabiano Zimmermann, gestor de renda fixa da ASA Investments, para elevar a alocação em prefixados e ativos atrelados à inflação no último mês.

O especialista pondera que o Brasil fez antes o “dever de casa” para driblar a escalada de preços, ao iniciar o processo de aperto monetário com certa antecedência na comparação com economias desenvolvidas.

Somado a isso, o recuo na inflação de serviços e o desaquecimento da atividade devido ao juro alto atuaram como ingredientes para deixar o cenário mais favorável para aumento da posição em prefixados e ativos atrelados à inflação, ainda que de forma marginal, diz.

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Parte do receio de adotar posições maiores está ligado a indefinições sobre o futuro da política fiscal no Brasil. “O fiscal vai ser sempre um paradigma”, ressalta Zimmermann.

Ao olhar para os prazos, o gestor acredita que as melhores opções estão no chamado “miolo” da curva, ou seja, com vencimento entre três e cinco anos. Mas se tiver que selecionar entre um papel prefixado e um título atrelado à inflação de mesmo prazo, o executivo afirma que o produto indexado à inflação vai apresentar performance superior.

A inflação implícita está alta, rondando em torno de 5,5% e 6% ao ano, diz. Para que o BC tenha maior tranquilidade na condução da política econômica, essa inflação implícita precisa cair para 4,5%, observa Zimmermann.

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Como é esperado que essa taxa recue, papéis atrelados à inflação tendem a apresentar maior queda nas taxas do que papéis prefixados. Com isso, a expectativa é que títulos indexados à inflação registrem maior valorização do que prefixados.

A explicação para o aumento nos preços dos títulos, em momentos de recuo das taxas de remuneração tem origem na chamada marcação a mercado. Durante a existência de um papel, seu preço é marcado diariamente conforme as taxas que o mercado precifica a cada dia.

Na prática, os papéis prefixados costumam valorizar quando as taxas de juros estão em tendência de queda. O contrário também é verdadeiro: os preços dos papéis normalmente caem quando as taxas de juros sobem, como estava ocorrendo nos meses anteriores, enquanto o mercado precificava uma provável continuação do ciclo de aperto monetário.

Copom e eleições

Ao comentar sobre o comunicado divulgado ontem (26) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, Zimmermann diz que os dirigentes praticamente repetiram o documento apresentado em setembro.

As maiores diferenças ficaram por conta de projeções um pouco maiores para a inflação em 2024, que passaram de 2,8% para 2,9%, e um destaque maior para preocupações com a parte fiscal, pondera.

No documento, o Comitê defendeu que notou maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados, e que isso inspirava maior atenção para países emergentes.

A informação foi acrescentada pelo Banco Central na esteira de um pacote de medidas fiscais anunciado pelo Reino Unido no fim de setembro e início deste mês, que balançou o mercado de dívida e juros no País. O anúncio também levou à demissão de dois membros do alto escalão do governo. Após a repercussão negativa, a maior parte das medidas foi revogada.

Para além do Copom, o mercado está de olho no encerramento do pleito eleitoral no próximo domingo (30). Nos últimos dias, aumentou a preocupação entre agentes financeiros de que haja uma contestação do resultado das eleições, diante de impasses entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a campanha de Jair Bolsonaro (PL).

Para Zimmermann, até pode ocorrer uma contestação do resultado por parte do perdedor, mas não deve haver nenhuma ruptura institucional. Como referência, ele cita o caso das eleições americanas em que a disputa foi acirrada, mas não houve uma quebra das instituições após o evento, ainda que tenha ocorrido uma invasão ao Capitólio dias após a divulgação da vitória de Joe Biden.

“A gente não acredita em ruptura institucional. As políticas não vão ser tão diferentes. Acreditamos mais que pode ter uma volatilidade advinda de um estresse pós-eleição que pode ser até mesmo uma oportunidade de compra”, finaliza o gestor.