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A Vale (VALE3) registrou lucrou líquido de US$ 2,4 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 15% na comparação anual, conforme balanço divulgado na quinta-feira (24). Nesta sexta-feira (25), a mineradora também deve assinar o aguardado acordo multibilionário de Mariana (MG), que vai gerar um passivo de US$ 956 milhões.
Apesar de esses números gerarem certa pressão no caixa, o resultado veio acima do esperado, o que deve permitir à gigante da mineração manter uma distribuição de proventos relativamente estável, segundo analistas consultados pela reportagem. Eles projetam um dividend yield (taxa de retorno com dividendos) entre 6% e 9% até o final do ano (veja os detalhes das projeções mais abaixo).
Balanço
Os números acima do consenso confirmaram expectativas de que o desempenho operacional em segmentos como minério de ferro, níquel e cobre fossem robusto o suficiente para compensar parte dessa perda. “Além disso, a companhia se beneficia de um ambiente de preços de minério que, apesar de volátil, ainda se mostra favorável”, disse Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos.
Os contratos futuros da commodity negociados na bolsa de Dalian caíram ontem, para 755,0 ienes (US$ 106,13), com os investidores de olho nos dados mistos de produção. No entanto, os derivativos avançam 11,75% no mês, com desempenho superior ao visto no início de setembro, quando registrou a maior queda semanal em quase 2 anos.
Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos, disse que apesar da queda no lucro líquido, há outros pontos que compensam. “Houve melhoria de produção de forma geral. A empresa reportou uma produção de 90 milhões de toneladas de minério ferro, uma alta de 5% comparada ao ano passado”.
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Acordo de Mariana
Sobre o acordo de Mariana, Chinchila disse que, apesar do impacto na distribuição de proventos, a medida deve ser vista como uma solução de longo prazo para um problema que gerou incertezas nos últimos anos. “A expectativa é que, ao remover esse grande obstáculo, a Vale possa reavaliar suas prioridades e manter uma política de dividendos sólida, mesmo diante de gastos emergentes relacionados a reparações e indenizações”.
Esse acordo, assinado também por BHP e Samarco, deve somar R$ 170 bilhões de reais, e será usado para reparar e compensar os afetados pelo rompimento de barragem de rejeitos em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos e destruiu comunidades.
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Para o BTG Pactual, a Vale fechou o capítulo Mariana/Samarco, o que pode redirecionar a atenção do investidor para os fundamentos da empresa. “Sentimos que muitos investidores globais ignoraram a Vale nos últimos meses, dada a complexidade e a falta de visibilidade em torno desses obstáculos. Com a resolução desses problemas, esperamos que o foco do investidor volte para o desempenho operacional da Vale, que vem melhorando”, escreveram os analistas do banco em relatório.
Efeito Trump
Além do balanço e das questões jurídicas envolvendo a tragédia no município mineiro, as eleições nos Estados Unidos também podem respingar no lucro da mineradora brasileira e nos dividendos, especialmente se o candidato republicano Donald Trump vencer o pleito.
“De forma geral, o Trump vai ser um pouco mais protecionista e deve colocar alguns embargos para China. Isso desacelera a economia chinesa, e desacelerando a economia chinesa você tem menos exportação por parte da Vale, de forma geral, então isso deve causar uma diminuição na venda para a empresa”, disse Meira, da Valor Investimentos.
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O especialista falou, no entanto, que só será possível saber o tamanho do impacto após o político, em caso de vitória, definir suas proteções tarifárias. Ele lembrou, por outro lado, que com Trump no poder o dólar tende a se valorizar, o que é positivo para a Vale e serviria de contrapeso para o cenário protecionista.
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Dividend yield
A Terra Investimentos projeta um dividend yield (taxa de retorno com dividendos) de aproximadamente 8% até o final de 2024, mesmo patamar que a Valor Investimentos. O BTG Pactual aposta em 9%. Para 2025, as projeções das três casas são um pouco mais pessimistas, na faixa de 6-7%. No últimos 12 meses, para efeito de comparação, o rendimento da ação da Vale obtido apenas com proventos foi de 12%.