CDB+: bancos apostam em CDI com “pitada” de pré para atrair investidor – mas vale a pena?

Foram 36 ativos lançados em janeiro e 40 em fevereiro; tendência é de crescimento

Leonardo Guimarães

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Com a queda da Selic, os bancos estão criando maneiras de atrair investidores para os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários). Uma das apostas está nos CDBs de remuneração híbrida, com parte pós-fixada e parte prefixada. Comum no crédito privado, esse tipo de indexação vem crescendo no mercado de ativos bancários – e analistas estão gostando. 

Um levantamento da Quantum Finance feito a pedido do InfoMoney mostrou que 36 CDBs híbridos foram emitidos em janeiro. No mês seguinte, o montante evoluiu para 40. O montante, no entanto, ainda é cerca de 40% das emissões de de prefixados, que alcançaram 98 títulos no mês passado.

Os títulos se concentraram no prazo intermediário de 12 meses. Em 36 meses, houve apenas duas emissões e entre os mais curtos, de três meses, foram oito ativos em dois meses. 

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Gianluca Di Mattina, analista da Hike capital, explica que “a taxa livre de risco está em ciclo de queda, perto de cair abaixo dos dois dígitos, então bancos emissores desses CDBs precisam aumentar o spread na classe de pós-fixados para atrair mais investidores”. Spread é diferença para a remuneração dos títulos públicos.

Prefixar uma parte do rendimento “faz sentido”, segundo Bruno Monsanto, assessor de investimentos e sócio da RJ+ Investimentos: “se os juros caírem na proporção que esperamos, o componente pré permanece na mesma proporção e vai fazendo cada vez mais diferença”, diz. 

Vale a pena investir? 

Apesar de ainda escassos no mercado, analistas gostam dos CDBs CDI+. Em fevereiro, foi possível encontrar CDBs com remuneração de 2% além do CDI. 

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Com o CDI a 11,15% ao ano, a remuneração desses papéis chegaria a 13,15%. No entanto, a expectativa do mercado é de queda na Selic e, consequentemente, do CDI ao longo do ano, o que pode derrubar a remuneração para até 10% ao ano. 

Para Monsanto, as taxas de 1,5% são uma boa nota de corte para o investidor. “É interessante dar preferência para quem paga pelo menos CDI + 1,5%, já que, em um cenário de juros a 8,5%, o papel pagaria 10% ao ano enquanto um título de 110% do CDI entregaria remuneração na casa dos 9,35%”. 

O especialista explica, ainda, que a estratégia só faz sentido em ciclos de corte de juros, como o atual. No cenário inverso, quando o mercado espera alta da Selic, comprar um título desses significa limitar os ganhos, já que “é melhor garantir um percentual do CDI que seguirá subindo”. 

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Taxa média dos CDBs CDI+
Prazo (meses)Taxa média (jan/24)Número de títulos (jan/24)Taxa média (fev/24)Número de títulos (fev/24)
30,32%30,34%5
60,44%120,35%7
120,74%200,74%23
241,80%11,23%3
362,00%2
Fonte: Quantum Finance