Caso Bigode X Scarpa: disputa de R$ 6,3 milhões cai no colo de exchange falida FTX

Caso envolvendo jogadores de futebol se desenrola desde o início do ano passado

Lucas Gabriel Marins

Publicidade

A disputa judicial milionária envolvendo os jogadores brasileiros Gustavo Scarpa e Willian Bigode, que corre desde o início do ano passado nos tribunais de Justiça de São Paulo, ganhou novos contornos nesta semana.

No processo, vale relembrar, o meia do Atlético-MG Scarpa alega que perdeu R$ 6,3 milhões na pirâmide financeira de criptomoedas XLand, que teria sido indicada pelo colega atacante do Santos. Bigode, no entanto, sustenta que também foi vítima do esquema.

Na movimentação desta semana, a defesa de Bigode sugeriu que a dívida milionária fosse quitada pela FTX, exchange que faliu e recentemente divulgou ter recuperado US$ 16,3 bilhões para distribuir aos investidores lesados.

Continua depois da publicidade

Isso porque a XLand alegava, antes de quebrar e deixar de pagar os investidores no ano passado, que os criptoativos dos clientes supostamente estavam presos na corretora. “Nada mais lógico, prudente e coerente do que requerer que a empresa americana preste informações por ordem judicial nos autos do processo, acerca da existência ou não desses ativos financeiros”, disse Bruno Santana, advogado de Bigode.

Está nas mãos de Scarpa aceitar ou não a sugestão, segundo a Justiça. Mas há um problema nessa história: a Xland não está na lista de credores da FTX, que pode ser acessada por qualquer pessoa na Kroll, a empresa responsável pela administração da falência da exchange gringa. Os envolvidos na Xland, portanto, inventaram a informação.

Pirâmides financeiras de criptomoedas, quando começam a ruir, costumam alegar que o dinheiro investido pelos clientes está preso em algum terceiro. Foi assim com a Braiscompany, que tentou jogar a culpa da Binance, e tantos outros casos que ocorreram no Brasil.

Continua depois da publicidade

Scarpa já deu a entender que a sugestão não deve ir para frente. “Nem vem que não tem”, escreveu ele em um story do Instagram na noite da quinta-feira (23). O InfoMoney contatou o advogado do jogador do Atlético, mas não teve retorno até a publicação deste texto. Ao site ESPN, que soltou matéria sobre esse episódio recente primeiro, a defesa disse que a medida foi mais um “subterfúgio” para Bigode não assumir a responsabilidade.

Pedras nada preciosas

A tentativa de repassar a dívuda do pagamento milionário para a FTX aconteceu após outro desfecho da disputa. A pirâmide Xland, que segundo Scarpa era parceira de Bigode, dizia ter um malote de 20 kg de alexandritas – supostamente avaliadas em R$ 2 bilhões – que seriam usadas como garantia em caso de problemas.

No início desta semana, porém, a Polícia Federal (PF) concluiu que as pedras não têm o valor estimado. Nota fiscal anexada ao processo judicial, visto pela reportagem no ano passado, indica que elas valem apenas R$ 6 mil, e não R$ 2 bilhões. “Para a surpresa de 3 pessoas”, comentou Scarpa em seu Istagram após a notícia, complementando que “os responsáveis por tudo isso hão de pagar, vou até o final”.

Continua depois da publicidade

Golpistas com criptos, além de tentar terceirizar a culpa, costumam também dar garantias falsas. O “Sheik das Criptomoedas”, por exemplo, usava como garantia baús de ouro para atrair suas vítimas, enquanto o  “Faraó do Bitcoin” utilizava notas promissórias falsas