Conteúdo editorial apoiado por

Cresce busca de brasileiros por casa nos EUA; veja cidades preferidas, preço médio e como comprar

Operações de câmbio para aquisição de imóvel crescem mais de 30% no primeiro semestre, diz FB Capital

Ana Paula Ribeiro

Bandeira dos Estados Unidos

Publicidade

Os brasileiros estão destinando mais recursos para a compra de imóveis nos Estados Unidos, seja para morar ou para investir.

Dados da FB Capital, especializada em intermediações de operações de câmbio, contabilizam US$ 60 milhões destinados para esse fim no primeiro semestre do ano, um aumento de pouco mais de 30% na comparação com igual período do ano passado.

Segundo a National Association of Realtors, que reúne corretores de imóveis de diferentes regiões, os brasileiros respondem por 3% das transações de estrangeiros, o que representa o quinto maior grupo com base nos dados de 2022.

Continua depois da publicidade

Canadenses, mexicanos, chineses e indianos estão na frente. No entanto, apenas um ano antes, a participação do Brasil era de 1%.

Valor dos imóveis e cidades mais buscadas

O valor médio da operação foi de US$ 1 milhão, mas Bergalho afirma que não é possível afirmar que essa é a média dos imóveis comprados, já que os clientes podem ter feito a remessa apenas da entrada, no caso de compra parcelada, ou para complementar alguma quantia que já estava nos Estados Unidos.

Dados mais recentes do setor apontam que brasileiros adquiriram 3,2 mil imóveis a um valor médio de US$ 500 mil. As compras ficaram concentradas na Flórida (55%) e New Jersey (10%).

Continua depois da publicidade

O aumento do interesse em comprar imóveis nos Estados Unidos também é sentido por corretores especializados em atender o público brasileiro, como Yara Gouveia e Frederico Gouveia, que atendem os mercados da Florida e Nova York e sentiram um primeiro semestre mais aquecido.

Segundo ele, a Florida ainda é o estado que mais concentra o número de imóveis comprados por brasileiros, em especial a região sul. No entanto, em relação ao volume, Nova York também se destaca por ter propriedades de valor mais elevado.

“Na Flórida, é uma classe média que compra porque tem interesse de mudar para os Estados Unidos ou investir em dólar. Já quem compra em Nova York, já pensa mais em um imóvel de padrão mais elevado”, explica Yara.

Continua depois da publicidade

Para ela, o brasileiro sempre teve o sentimento de que investir em imóvel era mais seguro — e, quando dolariza o patrimônio, uma das primeiras opções é o mercado imobiliário.

Como comprar casa nos EUA?

Uma das razões pelo aumento do envio de dinheiro de brasileiros para os EUA é a facilidade em conseguir financiamento mesmo não morando no país. Isso porque há a linha de financiamento “foreign national loan”, destinada exclusivamente a estrangeiros.

Na maior parte das vezes, os próprios corretores indicam quais bancos ofertam esse tipo de linha. Uma dessas instituições é o BB Americas, que atende pessoas de diversas nacionalidades, em especial dos países da América Latina (a maioria brasileira).

Continua depois da publicidade

O crédito permite financiar até 75% do imóvel com valor de até US$ 1 milhão — ou seja, é necessário dar entrada de pelo menos 25%. Para valores maiores, a entrada exigida é um pouco maior. O prazo vai de 15 a 30 anos.

Além da entrada, o interessado precisará mostrar capacidade de pagamento, o que pode ser feito com a apresentação da declaração do IR ou uma carta do contador, no caso de profissionais autônomos. O extrato do banco, para provar que há condições de arcar com os custos do imóvel, também estão entre as exigências.

A média da taxa de juros para financiamentos imobiliários nos Estados Unidos está em 6,79% ao ano para o prazo de 30 anos. Mas elas variam caso a caso. Exemplo: em uma simulação do BB Americas para um imóvel de US$ 500 mil, 25% de entrada e prazo de 30 anos, as taxas ficam entre 7,375% a 7,75%.

Crescimento

Dado o cenário de procura constante por imóveis nos EUA, a expectativa é que o ritmo de remessas de brasileiros com esse fim se mantenha na segunda metade de 2023, a despeito da taxa de juros mais elevada no mercado americano.

“Ter uma parte do patrimônio dolarizado está virando cada vez mais estratégia, então os clientes tomam a decisão mesmo com as variações da taxa de câmbio. E o brasileiro gosta de real estate“”, explica Fernando Bergallo, CEO da FB Capital. Os dados se referem à parcela das remessas destinadas ao setor de imóveis.

O aquecimento dessas operações chama a atenção pelo contexto de juros nos Estados Unidos. Com a elevação das taxas pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que está na faixa de 5% a 5,25% ao ano, ficou mais caro financiar imóveis no país.

A média da taxa de juros para financiamentos imobiliários nos Estados Unidos está em 6,79% ao ano para o prazo de 30 anos, cerca de 1,7 ponto percentual acima do registrado um ano antes e dos 3% de 2021. Para não-residentes, as taxas costumam ser um pouco mais elevadas.

Bergalho também explica que essas transações têm apresentado crescimento mesmo com as variações das taxas de câmbio. No início do ano, o dólar era cotado há mais de R$ 5 e agora está abaixo de R$ 4,80.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney