Brasil em gravidade lunar e bolsa é o astronauta: hora de revisitar seus investimentos?

Uma análise sobre fatores que sustentam uma perspectiva positiva para a bolsa brasileira

Lucas Collazo

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Caros(as) leitores(as),

A gravidade do mercado financeiro possui nome e sobrenome: taxa de juros. Ela é o pilar central, o custo de oportunidade, o preço do dinheiro, a determinante do que é o valor justo de qualquer ativo financeiro.

Nos EUA, o processo de corte de juros ainda não começou, mas o Federal Reserve (Banco Central americano) tem comunicado que pretende iniciar esse ciclo no meio deste ano. Detalhes sobre magnitude e a quantidade dos cortes são uma incógnita, o “Sr. Mercado” parece discordar do presidente do Fed, Jerome Powell.

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Enquanto isso, o nosso Banco Central já iniciou o ciclo com cortes consistentes de 50 pontos base. A discussão sobre a política monetária, ou seja, trajetória da taxa de juros, no Brasil, é outra.

A grande questão por aqui é até onde vão esses cortes, qual é a taxa terminal de juros. Não apenas na perspectiva da taxa Selic em si, mas também em termos reais, descontada da inflação.

Segundo as expectativas dos agentes financeiros, monitorada pela famosa “curva de juros”, deveríamos parar o ciclo próximo de 9% e voltar a subir juros na sequência. Bom, a maior parte das grandes gestoras de recursos que tenho acesso discorda dessa tese.

Para os gestores, a taxa terminal é abaixo desse patamar, alguns dizem que o mais justo seria próximo de 8%, outros como Rogério Xavier acreditam em algo como 7%. A mensagem central não é exatamente onde o indicador vai parar – embora isso faça diferença – mas sim que as expectativas de juros estão muito conservadoras.

Como comentei anteriormente, a taxa de juro basal da economia é a gravidade, quanto maior ela está, os ativos financeiros carregam mais newtons de peso. O valor presente deles diminui, em outras palavras.

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O peso de um astronauta de massa 70 kg, por exemplo, seria de apenas 112 newtons quando ele está na Lua. Na Terra, o mesmo aventureiro espacial teria quase 700 newtons de peso.

A Lua e a Terra, no contexto financeiro, seriam geografias em momentos diferentes do ciclo de política monetária. A Lua com juros menores, a Terra com juros maiores.

Assim como o peso do astronauta muda, o preço dos ativos, como as ações, por exemplo, se altera em cada um dos ciclos.  Se a expectativa está errada para cima, eventualmente o preço dos ativos esteja errado para baixo, estão mais “pesados” do que deveriam.

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Esse já seria um dos fatores para estar mais otimista com a bolsa brasileira. Esses períodos de cortes de juros também são caracterizados por movimentos de fluxo de recursos financeiros.

Os investidores mudam os “bolsos”, saem de ativos mais atrelados às altas taxas de juros, como é o caso da renda fixa, e migram para mercados que se beneficiam dessa gravidade mais baixa, como é o caso do mercado acionário. Enquanto observamos resgates ininterruptos de veículos com maior nível de risco, talvez vamos começar a enxergar aportes daqui em diante.

Fluxo comprador pressiona os preços para cima, mais um motivo para ficar mais otimista. O contexto global pode nos ajudar também.

Juros menores nos EUA, por exemplo, podem motivar um movimento de aumento de risco nas carteiras dos alocadores globais, que vão passar a olhar com maior carinho para países emergentes, por exemplo. O Brasil é um desses candidatos.

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A China sofre com o maior nível de evasão de investimentos de estrangeiros dos últimos 30 anos. A Rússia está em guerra e fora do radar, a Índia é uma eterna promessa, os demais latino-americanos não possuem liquidez que permita entrada de investidores “gringos”.

O México é o nosso melhor concorrente, com essa história de mudanças das cadeias, pode ser até melhor que o Brasil em diversos sentidos, mas seus ativos já incorporam parte dessa história nos preços. Enquanto isso, por aqui, estamos em níveis de desconto impressionantes, muitos ativos bons baratos.

Esses pontos em conjunto me deixam com uma perspectiva positiva para a nossa bolsa, com o nosso fundo, o Selection Stock Pickers. Seria um bom momento para você revisitar a sua carteira, antes que seja tarde e você perca essa viagem para a Lua.

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney