As ações que ganharam espaço nas carteiras das gestoras Tarpon, Moat e Indie durante a crise

Especialistas da Indie, Tarpon e Moat apresentaram suas visões para a Bolsa no pós-Covid, durante a Expert XP

Lucas Bombana

InfoMoney na Expert 2020 (Getty Images/Leo Albertino)
InfoMoney na Expert 2020 (Getty Images/Leo Albertino)

SÃO PAULO – A China informou nesta quinta-feira um crescimento de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, superando as estimativas de economistas, que esperavam por uma alta de 2,6%.

A retomada acelerada do gigante asiático tem reflexos diretos sobre o setor do agronegócio brasileiro, o que levou o gestor da Indie Capital, Daniel Reichstul, a aumentar recentemente a posição que já tinha no portfólio na empresa de logística Rumo.

“A China saiu muito mais cedo da crise”, afirmou o especialista, durante painel da Expert XP sobre oportunidades no mercado de ações no pós Covid.

Segundo Reichstul, o câmbio favorável para as exportadoras locais e a safra recorde do agronegócio, somados à pujante demanda chinesa, devem contribuir para um desempenho positivo da Rumo nos próximos meses.

Rafael Maisonnave, gestor da Tarpon, também vê o setor agro como um dos mais resilientes da Bolsa.

“Do ponto de vista econômico, o setor do agronegócio vai passar por essa crise de uma maneira bastante produtiva”, afirmou Maisonnave, enaltecendo o impacto favorável do dólar alto para o preço da soja brasileira no mercado internacional.

Resiliência na crise

O gestor da Tarpon também voltou seu olhar na crise provocada pela pandemia de coronavírus para empresas com receitas mais estáveis, de maior previsibilidade. Ele citou como exemplo a companhia paranaense de saneamento Sanepar.

“A Sanepar é uma empresa que vende água, com uma demanda altamente inelástica”, disse o gestor da Tarpon, que mencionou ainda Alupar e Wilson Sons dentro da mesma tese de investimento.

Leia também:
Digitalização da economia predomina entre as estratégias de fundos “long bias”
Como combinar empresas da “velha” e da “nova” economia no portfólio? Gestores explicam

Já Reichstul, da Indie, destacou a locadora de carros Unidas. Ele acredita que a companhia tem potencial para ser uma das consolidadoras do mercado de alugueis de automóveis. “Nos Estados Unidos, em crises passadas, foi um setor que se concentrou demais pós-crise.”

Ambos os gestores ainda enxergam oportunidades no setor imobiliário. No caso da Indie, o foco está em empresas com forte atuação no programa “Minha Casa, Minha Vida”, como MRV e Tenda. Embora as companhias sofram com a queda da renda, se beneficiam da queda dos juros, afirmou Reichstul.

Na Tarpon, Maisonnave citou a Trisul, que tem empreendimentos mais voltados para média e alta renda. A empresa fez recentemente um aumento de capital, com uma demanda quase seis vezes acima da oferta, pontuou o gestor. “É a terceira vez que a gente se torna acionista da Trisul, gostamos muito da gestão.”

Cássio Bruno, sócio gestor da Moat Capital, também enxergou valor no setor imobiliário, principalmente após o tombo de março, o que o levou a incluir no portfólio ações da Cyrela e da MRV, além do banco Pan, no segmento financeiro.

Depuração da carteira

Bruno afirmou que, logo após a forte queda da Bolsa de março, havia tantas ações com desconto acima do razoável, que o portfólio, que geralmente roda com cerca de 30 ações, passou para mais perto de 40.

Após a recuperação dos últimos meses, contudo, a Moat está em um processo de depuração da carteira, que deve voltar a ter uma distribuição mais próxima do padrão histórico. Agora, disse Bruno, o foco está mais concentrado nos nomes de maior convicção da casa, como Petrobras.

A queda brusca no preço do petróleo é compensada pelo custo de produção baixo da companhia, disse o especialista, acrescentando que outras empresas de menor porte do setor estão em uma situação mais fragilizada por conta da crise do que a estatal.

O gestor da Moat citou ainda Lojas Americanas e Via Varejo entre as ações na carteira em que deposita alta convicção.

No caso da dona das Casas Bahia, dada a valorização do papel, de 65,2% em 2020 até ontem, ante uma queda de 12% do Ibovespa no período, o ativo ganhou espaço na carteira e representa hoje a maior aposta no fundo de ações da Moat.

“A Via Varejo fez uma transição digital muito rápida, e o mercado precificou que ela ia quebrar”, afirmou Bruno. No caso das Lojas Americanas, além da aposta no digital, o fato de ela ter mantido as lojas físicas abertas mesmo durante a quarentena se mostrou uma importante vantagem, disse o sócio da Moat.

Inscreva-se na EXPERT 2020 e acompanhe o maior evento de investimentos – Online e gratuito