As ações mais recomendadas pelos analistas em maio; BBAS3 volta, ASAI3 e TOTS3 saem da lista

Vale (VALE3) deixa de ser unanimidade, mas permanece em primeiro, com oito recomendações

Márcio Anaya

(Crédito: Shutterstock)

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Após cair por dois meses consecutivos, o Ibovespa fechou abril no azul. O principal índice da Bolsa acumulou alta de 2,5% no mês passado, terminando em 104.432 pontos e reduzindo para 4,8% a perda acumulada em 2023.

Em meio às incertezas principalmente sobre os rumos da taxa Selic e o comportamento das commodities, os analistas promoveram diversas mudanças nas carteiras recomendadas de ações para maio. Em relação a abril, as trocas de papéis aumentaram 56%, passando de 16 para 25, considerando as dez corretoras monitoradas pelo InfoMoney.

O resultado foi uma concentração maior das escolhas.

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A principal novidade fica por conta de Banco do Brasil (BBAS3), que voltou ao rol de destaques, depois de um mês. A instituição financeira tem cinco indicações e agora divide o terceiro lugar no ranking geral com a Multiplan (MULT3).

A Vale (VALE3) se mantém na liderança, mas perdeu a unanimidade. Substituída em dois portfólios, a mineradora registra oito recomendações neste mês.

A segunda posição entre as ações preferidas pelos especialistas traz outro empate: Itaú Unibanco (ITUB4) e Prio (PRIO3), ambas com seis apontamentos, sendo que a empresa de petróleo ganhou terreno após a estreia em duas carteiras selecionadas para maio, ao passo que o banco perdeu uma indicação.

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Com as revisões, Assaí (ASAI3) – substituída por três corretoras – e Totvs (TOTS3) deixaram a lista de destaques.

Em seu relatório, o BTG Pactual diz estar “cautelosamente otimista” em relação a maio, embora o ambiente de investimentos permaneça difícil.

“Com o início da discussão do novo arcabouço fiscal no Congresso, esperamos algumas melhorias no projeto de lei, especialmente em temas relacionados à aplicação de regras”, afirma o banco. “Com as ações locais sendo negociadas com valuations extremamente descontados, a aprovação do arcabouço fiscal pode ter um impacto positivo marginal no preço dos ativos brasileiros.”

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Além disso, o provável fim do ciclo de alta dos juros nos EUA pode oferecer suporte extra para as ações globais e de mercados emergentes, afirma o BTG.

Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais citadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate.

Veja a seguir as cinco ações mais indicadas para maio, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de abril, em 2023 e em 12 meses:

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Empresa Ticker Nº de recomendações  Retorno em abril (%) Retorno em 2023 (%) Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 8 -9,83 -16,75 -6,24
Itaú Unibanco ITUB4 6 4,84 5,16 14,23
Prio PRIO3 6 11,41 -6,61 30,15
Banco do Brasil BBAS3 5 9,59 27,05 44,50
Multiplan MULT3 5 5,11 18,87 9,02
Ibovespa * * 2,50 -4,83 -3,19

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

Confira agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.

Vale (VALE3)

Mesmo substituída em dois portfólios neste mês, a mineradora segue liderando os papéis mais recomendados, com oito escolhas.

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“Apesar de a empresa ter apresentado um resultado mais fraco do que o esperado no 1T23 [primeiro trimestre] e das incertezas com relação à demanda de minério de ferro na China, acreditamos que a ação poderá ser beneficiada por sinalizações de aceleração do ritmo da economia no país asiático, principalmente se essa retomada for intensiva em consumo de metais”, diz a BB Investimentos.

Segundo a instituição, apesar de quedas recentes, os preços da commodity têm se mantido em patamar ainda elevado, o que deverá contribuir para que a Vale entregue um resultado “satisfatório” neste segundo trimestre.

Na opinião da corretora, a companhia recompôs estoques e poderá capturar com facilidade uma eventual aceleração do consumo na China.

Banco do Brasil (BBAS3)

Com duas estreias no mês, a instituição financeira é a principal novidade de maio, com um total de cinco indicações.

Em relatório, a XP Investimentos destaca o perfil defensivo da carteira de crédito do banco, com baixa inadimplência e o maior índice de cobertura do setor. Outros pontos favoráveis são as margens financeiras estáveis vistas nos créditos rural, consignado e CDC (direto ao consumidor) para funcionários públicos, diz a corretora.

Além disso, a XP afirma que as ações do BB vêm sendo negociadas a múltiplos atrativos. Um exemplo é o P/VP (preço/valor patrimonial) de 0,7 vez, o que representa um desconto aproximado de 40% sobre seus pares privados, enquanto o banco entregou um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 21% em 2022 (também maior que os concorrentes), afirmam os analistas.

“Esse desconto parece excessivo dadas as condições atuais. Dito isso, vemos uma assimetria positiva para o banco estatal.”

O P/VP é obtido a partir da divisão do preço da ação pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido de uma companhia.

“Por fim, o banco também está mais protegido contra interferências políticas por meio de comitês de capital e da Lei das estatais.”

Prio (PRIO3)

A petrolífera também ingressou em duas carteiras recomendadas do mês, atingindo um total seis escolhas. Com isso, passou a dividir o segundo lugar no ranking geral com o Itaú Unibanco.

Para a XP, a Prio possui um histórico comprovado na geração de valor aos acionistas, com um desempenho “notável” em sua estratégia de crescimento por meio de fusões e aquisições.

Outro diferencial, diz a corretora, é o horizonte de crescimento sem riscos exploratórios. “A produção deve mais que dobrar nos próximos anos, impulsionada pela aquisição da Albacora Leste e o desenvolvimento de Wahoo”, afirmam os analistas, citando dois campos exploratórios da empresa. Outros destaques, segundo eles, são o controle de custos e a captura de sinergias. “Vemos a Prio como a melhor Jr de O&G [óleo e gás] brasileira.”

A empresa prevê divulgar nesta quarta-feira (3), após o fechamento do mercado, seu balanço relativo ao primeiro trimestre deste ano.

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira perdeu uma indicação frente a abril, mas permanece na lista das mais citadas, com seis recomendações.

A corretora do BB justifica a escolha de Itaú pelo perfil equilibrado da carteira de crédito, com clientes menos suscetíveis a riscos de inadimplência – incluindo exposição relevante a grandes empresas – e diversificação de receitas.

Na Ágora Investimentos, a expectativa é de bons números do banco no primeiro trimestre, mas sem surpresas. O balanço está agendado para 8 de maio.

“Esperamos que a margem com clientes continue muito forte, impulsionada principalmente pela remuneração do capital em um cenário de taxas de juros mais altas, enquanto a margem com o mercado deve permanecer ligeiramente abaixo do último trimestre.”

Multiplan (MULT3)

A companhia sustentou as cinco indicações recebidas em abril e fecha o rol de destaques do mês.

A Santander Corretora destaca o foco da empresa em ganhos de eficiência, que geralmente começa no desenvolvimento de seus shoppings e segue com melhorias nas operações do dia a dia. Nesse sentido, a instituição cita investimentos recorrentes em tecnologia e automação, o que aumenta a eficiência na gestão dos ativos.

“Além disso, os custos de ocupação dos shoppings da Multiplan também estão se beneficiando da venda de energia no mercado spot, uma vez que parte da energia adquirida no mercado livre durante os lockdowns não foi utilizada.”

Na semana passada, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 207 milhões no primeiro trimestre de 2023, com alta de 20,8% frente a igual período do ano passado – resultado considerado positivo por analistas.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney