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Os argentinos estão estendendo a duração de suas economias e investimentos em pesos, indicando confiança na capacidade do presidente Javier Milei de reduzir a inflação e manter o câmbio estável.
O otimismo cresce na Argentina, com investidores buscando títulos de renda fixa em pesos com vencimentos mais longos e depositando economias por períodos maiores, prevendo quedas nas taxas de juros.
Os depósitos a prazo de 60 a 180 dias triplicaram desde julho, crescendo mais rapidamente do que os de curto prazo, segundo dados do Banco Central. Esses instrumentos dobraram sua participação no total de depósitos nos últimos quatro meses, embora ainda representem menos de 10% dos depósitos totais nos bancos.
“Os poupadores querem garantir taxas mais altas agora, pois acreditam que elas cairão junto com a inflação,” disse Rodrigo Park, diretor de pesquisa econômica do Banco Santander Argentina SA.
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Aposta de grandes poupadores
O movimento é impulsionado principalmente por grandes poupadores — empresas com pelo menos 10 milhões de pesos (R$ 2,8 milhões), de acordo com Agustin Mariani, diretor financeiro do banco. “Optamos por buscar mais depósitos de longo prazo em vez de contas remuneradas e empréstimos garantidos,” afirmou Mariani, acrescentando que há menos liquidez no sistema devido à forte demanda por empréstimos.
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Notas do Tesouro com vencimento em junho e agosto de 2025 subiram 36% e 41% no mercado secundário desde agosto, enquanto títulos de curto prazo tiveram alta inferior a 30% no mesmo período. Em outubro, o Tesouro aumentou a duração média da dívida em leilões para 250 dias, acima dos 150 dias registrados em julho.
“Os ganhos com esses títulos foram muito fortes e, enquanto o Banco Central continuar comprando dólares no mercado de câmbio, o carry trade será estendido,” disse Javier Casabal, chefe de pesquisa do AdCap Grupo Financiero. Ele estima que os títulos em pesos possam valorizar mais 10% em 2025.
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Mudança de estratégia
A BBVA Asset Management está entre os investidores que aumentaram a duração de seus ativos. “Nossos fundos aumentaram a duração dos financiamentos, alinhados à nossa visão de um ambiente de menor inflação e queda nas taxas de juros,” afirmou Lautaro Veliz Espeche, gerente-geral da BBVA.
Apesar disso, investidores estrangeiros continuam cautelosos devido aos controles cambiais e à ausência de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que aumenta a incerteza.
Custos de empréstimos reduzidos
Os investidores argentinos não apostavam em taxas mais baixas e dívidas de maior duração desde 2017. Essa mudança representa um novo desafio para os bancos, que nos últimos anos alocaram capital em instrumentos de dívida do Banco Central.
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O Banco Nacion, maior banco estatal do país, começou a vender sua carteira de títulos do governo. “Recentemente, oferecemos empréstimos em pesos para pequenas e médias empresas com taxa fixa pela primeira vez em 30 anos,” disse Alejandro Henke, diretor financeiro do banco.
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Desafios
Apesar do otimismo, ainda há dúvidas sobre a sustentabilidade desse sentimento positivo. “Quando olhamos para o médio prazo, o risco é que dados negativos, como inflação ligeiramente maior ou menor compra de dólares pelo Banco Central, sejam publicados,” alertou Casabal.
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Fatores políticos, como volatilidade cambial e incertezas nas próximas eleições legislativas, também podem influenciar. “O ritmo mais lento de desinflação combinado com um crescimento mais robusto pode representar um risco,” afirmou Diego Chameides, economista-chefe do Banco de Galicia.
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