Aprenda a identificar esquemas de pirâmides financeiras

Edmundo Roveri, coordenador de comitês da ABRAES (Associação Brasileira de Empreendedorismo Social), explicou como identificar uma pirâmide financeira

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O caso da Telexfree e de outras empresas investigadas por supostas pirâmides financeiras trouxe à tona os perigos de cair em um esquema fraudulento. Edmundo Roveri, coordenador de comitês da ABRAES (Associação Brasileira de Empreendedorismo Social), explicou como identificar uma pirâmide financeira e ensinou a diferencia-la do marketing multinível, com base no caso da Telexfree.

Em primeiro lugar, é preciso entender a diferença entre pirâmide financeira e marketing multinível. De acordo com Roveri, o marketing multinível é uma atividade legalizada, baseada na comercialização de produtos e serviços. “Ele se baseia em princípios e fundamentos éticos e legais e pode gerar bons rendimentos aos profissionais, dependendo, é claro, dos resultados de cada um”, explicou. “As pirâmides financeiras são negócios totalmente distintos do marketing multinível. Elas são esquemas ilegais de movimentação financeira”, completou o especialista.

Segundo ele, a principal diferença é que as pirâmides prometem ganhos rápidos de dinheiro com pouco ou nenhum esforço. O foco para sustentar o negócio não é a venda de um produto ou serviço e sim a adesão de novas pessoas no esquema que realizam um investimento inicial.

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Isso se torna possível porque muitas empresas que aplicam esse golpe utilizam a estrutura comercial de um negócio autêntico e legal, possuindo toda a documentação e registro como se fosse uma empresa legalizada de marketing multinível. Elas montam planos de compensação, muitas vezes criam um produto de fachada só para se passarem por empresas legítimas, mas não são. “No final das contas tem um sistema que não se sustenta e poucos ganharão muito dinheiro e muitos perderão”, afirmou.

Ainda de acordo com Roveri, é com esse investimento que o esquema paga os lucros prometidos e se mantém firme enquanto houver a entrada de novos participantes na estrutura. Quando ocorre a estagnação de novos participantes, o negócio torna-se insustentável e começa a ruir. É neste momento que o negócio deixa de ser legal e passa a mostrar sua verdadeira face, trazendo enormes prejuízos para os que entraram por último.

Já o marketing multinível é uma forma legal de remunerar a força de vendas, seja pelas suas vendas pessoais, bem como pelas vendas realizadas pelos membros de sua equipe.

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“Assim, os profissionais recebem o lucro das vendas pessoais e uma participação do volume de vendas realizadas pela sua equipe, conforme o plano de compensação da empresa”, disse o profissional.

Caso Telexfree
A Telexfree está sendo investigada pelo Ministério Público e pela Justiça norte-americana como uma companhia com fortes indícios de pirâmide financeira, envolvendo mais de um milhão de divulgadores e que já arrecadou mais de US$ 1 bilhão em todo o mundo.

A empresa oferecia ligações de longa distância mais baratas pela internet e prometia ganhos de dinheiro fácil para quem publicasse anúncios e trouxesse novos clientes. No entanto, essa remuneração não tem a fonte de recurso que o sustente, só se mantendo enquanto o volume dos recursos de novas adesões for suficiente para remunerar os anteriores.

Ou seja, a maior parte do faturamento da empresa vinha de investimentos de novos participantes no esquema e não de produtos de telefonia, como seria o correto para caracterizar-se uma atividade de marketing multinível e não de pirâmide financeira.

O esquema da companhia era dirigido pelo americano James Merrill e o brasileiro Carlos Wanzeler. O primeiro foi preso e o segundo está foragido. Os dois eram sócios e, em 2012, abriram a Telexfree nos Estados Unidos. Eles são acusados de fraude e de operar um produto financeiro sem autorização. A mulher de Carlos Wanzeler, a brasileira Katia, também foi presa quando ia embarcar para o Brasil no aeroporto JFK, em Nova York. Mas foi libertada e está com passaportes apreendidos.