Após Copom, taxas de títulos do Tesouro Direto recuam nesta quinta-feira

Ontem, o Banco Central decidiu pela manutenção da taxa básica de juros no patamar de 2,00% ao ano, em linha com o esperado pelo mercado

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)

SÃO PAULO – As taxas pagas pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto viraram para queda na tarde desta quinta-feira (17).

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Ontem, em linha com o esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu pela manutenção da taxa básica de juros, em 2,00% ao ano, encerrando um ciclo de nove cortes consecutivos na Selic.

No comunicado divulgado junto com a decisão, a autoridade monetária voltou a mencionar a existência de um pequeno espaço, se algum, para cortar os juros à frente. “Eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”, destacou o comunicado.

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A autoridade reforçou ainda que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, “a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta” em seu horizonte relevante, que atualmente inclui 2021 e, em grau menor, 2022.

Na avaliação do Bradesco BBI, se na reunião anterior, em 5 de agosto, havia alguma expectativa de novo corte, a estimativa de aceleração da inflação de alimentos deixou ainda menos espaço para novos estímulos no curto prazo. O banco vê a Selic em 2% ao ano em dezembro.

“De fato, o BC agora enfrenta um cenário de grande incerteza, com grande parte da forte recuperação da atividade econômica observada até o momento sendo ameaçada pelo fim do auxílio emergencial por parte do governo no final do ano — ou com a consolidação fiscal sendo ameaçada pela possibilidade de postergação do fim de tal medida”, escreveu a equipe do banco, em relatório.

O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, prevê que a Selic seguirá em 2% pelo menos até junho de 2021. “Manter a taxa de juros em 2,00% justifica-se em função de: preocupações persistentes com relação à dinâmica/volatilidade cambial e fluxos de conta de capital, pressões de portfólio entre fundos de renda fixa, riscos fiscais significativos de médio prazo não resolvidos, postura fiscal de curto prazo altamente e cada vez mais expansionista, a postura de política monetária sem precedentes e acomodatícia e, por último, mas não menos importante, o fato de a economia estar respondendo bem aos estímulos fiscais-monetários-creditícios já realizados”, disse Ramos.

Mercado hoje

No Tesouro Direto, o título prefixado com vencimento em 2023 pagava nesta tarde uma taxa anual de 4,27%, ante 4,38% a.a. na quarta-feira (16). O prêmio oferecido pelo mesmo papel com juros semestrais e prazo em 2031, por sua vez, cedia de 7,44% para 7,35% ao ano.

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Entre os papéis indexados à inflação, o com juros semestrais e prazo em 2030 pagava uma taxa anual de 3,13%, ante 3,15% a.a. anteriormente. Já o prêmio pago pelo Tesouro IPCA+ 2045 recuava de 3,88% para 3,84% ao ano.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta quinta-feira (17):

Fonte: Tesouro Direto

Ambiente político

No cenário político, os investidores monitoraram a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro foi intimado pela Polícia Federal a depor pessoalmente no inquérito que apura a denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de uma suposta interferência no órgão.

Como resposta, Bolsonaro entrou com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para prestar o depoimento por escrito.

Outro destaque foi a informação do O Estado de S. Paulo de que o presidente pretende fazer um corte bilionário em despesas da Educação, de programas sociais, e de ministérios como a Agricultura para turbinar o Plano Pró-Brasil de investimentos públicos e outras ações apadrinhadas pelo Congresso Nacional.

De acordo com o jornal, o corte foi definido em reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO). O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e o Ministério da Infraestrutura receberão R$ 1,6 bilhão cada. Já o Congresso ficará com R$ 3,3 bilhões.

Nos cortes, a maior redução, de R$ 1,57 bilhão, é prevista no Ministério da Educação. O Ministério da Defesa sofreu corte de R$ 430 milhões.

Quadro internacional

No exterior, o sentimento foi de maior aversão ao risco após o Federal Reserve ter mantido as taxas de juros nos Estados Unidos, na banda entre 0% e 0,25%, e ter sinalizado que os juros permanecerão perto de zero pelos próximos três anos.

Embora o ambiente de juros baixos seja bom para o mercado, prevalece nas bolsas mundiais o temor de que o Fed só esteja tão dovish (favorável a usar a política monetária para estimular a economia) porque as perspectivas para a atividade econômica no pós-pandemia estão mais sombrias do que as autoridades querem deixar transparecer.

Ainda na maior economia do mundo, os EUA registraram na última semana 860 mil novos pedidos por seguro-desemprego. O dado veio um pouco acima da mediana das expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que apontava para 850 mil requisições do benefício no período.

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