Investidor faz sempre a coisa errada na hora errada, diz Ricardo Amorim

Amorim fez uma palestra em comemoração aos 10 anos do escritório de investimentos CMS Invest, credenciado à XP Investimentos.

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Entrar em um investimento quando a tendência de alta já passou, ver o preço do ativo cair, se desesperar e vender na baixa. O roteiro descrito pelo economista Ricardo Amorim é comum para a maioria dos investidores tanto no Brasil quanto no mundo e fugir desse ‘script’ é uma das melhores maneiras de ganhar dinheiro investindo. “Isso aconteceu com o bitcoin. Aconteceu na época do boom dos imóveis. Acontece a todo momento com ações e com qualquer outro tipo de investimento”, disse Amorim durante palestra em comemoração aos 10 anos do escritório de investimentos CMS Invest, credenciado à XP Investimentos, na última segunda-feira (21).

Nos negócios, o economista destaca o caso das paleterias mexicanas como um exemplo clássico disso. “As grandes oportunidades não surgem quando está tudo às mil maravilhas e todo mundo já percebeu. Quando isso acontece já passou a hora. É o que eu chamo de efeito ‘paletas mexicanas’. Uma pessoa teve uma ideia genial: pegar um picolé e encher de leite condensado. E cobrar 10 vezes o preço de cada picolé. As pessoas pagaram por isso e essa pessoa ficou rica. Quando ela ficou rica entrou em ação a mais humana das emoções: inveja. Um ano depois que a primeira paleteria foi montada no Brasil haviam 6 cadeias de paleteria no Brasil. Dois anos depois haviam 200. 3 anos depois haviam 600. 4 anos depois eram 1200 cadeias de paleterias no Brasil. No quinto ano o seu vizinho monta uma paleteria. Você acha que vai dar errado, mas ele fica rico. Você fica com inveja e o que faz: monta uma paleteria. O que acontece 6 meses depois? Você quebra”, diz Amorim.

O economista continua. “Quando a pessoa vê o negócio subindo, subindo, subindo, acha que encontrou o Santo Graal. A maior oportunidade do mundo. Mas existe uma regra básica na economia: oferta e procura. Quando a primeira pessoa montou a paleteria, só havia ela no mercado e um monte de gente querendo comprar. Quando muitas pessoas resolvem vender paleta, a oferta sobe – e a economia é cíclica: o desemprego sobe, o crédito sobe, a demanda por paleta despenca. Demanda para baixo e oferta para cima, então há uma quebradeira geral”, diz.

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Amorim destaca que esse tipo de comportamento é natural do ser humano e é conhecido como comportamento de manada – quando todos vão para a mesma direção ao mesmo tempo. No entanto, só ganha dinheiro de verdade aquelas pessoas que conseguem antever movimentos de alta e se antecipam aos outros investidores, aproveitando a maior parte da valorização do ativo ou as oportunidades de negócios.

Ele afirma que o momento atual pode ser muito favorável para os investimentos, desde que uma crise internacional não estoure nos próximos meses. “É fato que haverá uma crise, só não sabemos exatamente quando. Se ela demorar para acontecer, o cenário é muito positivo para a economia brasileira”, destaca o economista.

Para o economista, quando o passado recente é bom as pessoas costumam projetar o futuro “em direção ao céu”. Quando é ruim, elas projetam em direção ao inferno. “Os últimos 3 anos foram os piores do ponto de vista do desempenho econômico em toda história brasileira. O que significa que hoje os brasileiros estão muito pessimistas. Eu acho que as pessoas estão tremendamente enganadas. Isso porque a vida não é feita de retas, ela é feita de altos e baixos. Os mercados financeiros, as nossas vidas. Sempre temos ciclos”, diz.

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O economista diz que depois da maior recessão da história, as expectativas das pessoas são as piores possíveis. E é justamente aí que podem estar as grandes tacadas. “A medida em que a expectativa vai lá para baixo e o desempenho começa a melhorar, surgem as maiores oportunidades que existem de negócios, de investimentos, etc”, diz. Ao mesmo tempo, ele também afirma que ainda que o momento possa ser favorável, é necessário que o investidor tenha cautela e não coloque todos os ovos apostando no Brasil. Isso porque existe a possibilidade de uma crise internacional e há algumas incertezas no radar.

Escritório completa 10 anos

O sócio-fundador da CMS, Charles Susskind, também destacou a importância do investidor manter a calma em momentos de crise e lembrou que nos piores momentos da economia os clientes do escritório conseguiram se sair bem. “Nesses casos nós mantemos a calma e procuramos orientar os nossos investidores neste sentido”, diz.

Em 2008, por exemplo, no meio da crise econômica internacional, o escritório mandou um e-mail para os clientes orientando sobre os melhores caminhos a seguir naquele momento.  “Enxergamos aquela desvalorização como uma das melhores oportunidades de investir em Bolsa. Depois de uma queda, precisa de muita coragem para entrar no mercado assim. As pessoas têm muito medo. Mas do nosso e-mail até o final de 2010, ou seja, em pouco mais de dois anos, a Bolsa subiu expressivos 95%”, exemplifica Susskind.

Especializado em clientes do segmento private, o escritório foi o que mais cresceu em carteiras milionárias de toda rede da XP Investimentos em 2017 e já atingiu a marca de R$ 500 milhões em valores sob administração. “Trouxemos novos sócios para manter a qualidade do atendimento, que é sempre o nosso foco. Não queremos crescer a qualquer custo”, disse o fundador.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip