Como as famílias milionárias estão lidando com as incertezas nos investimentos

De acordo com o Richard Ziliotto, sócio da Taler, um Multi Family Office com sede em São Paulo, os clientes querem saber de que forma o cenário macro interfere no desempenho dos fundos

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A falta de boas oportunidades de investimentos afeta todas as classes sociais. Claro que quanto mais recursos disponíveis o investidor tiver, maior será seu acesso a aplicações diferenciadas, muitas vezes com retornos maiores. Ainda assim, o momento atual é de muita incerteza e de rentabilidades menos expressivas, até mesmo para os investidores mais abastados.

De acordo com o Richard Ziliotto, sócio da Taler Multi Family Office (estrutura montada para famílias com muitos recursos), na atual conjuntura, os clientes querem saber de que forma o cenário macro interfere no desempenho dos fundos e procuram entender quais são as atuais recomendações diante das incertezas. Além disso, eles perguntam como o cenário internacional pode impactar no preço dos ativos no Brasil.

“O nosso cliente vê o cenário lá de fora, olha os protestos que estão acontecendo por aqui, a nossa bolsa caindo, e isso tudo o assusta. Então eles querem entender quais são os efeitos nas suas aplicações. Procuramos dar muita transparência para este tipo de informação”, afirma Ziliotto.

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Para a equipe do Familly Office, uma das melhores maneiras de mitigar os riscos e diminuir as perdas é utilizando a diversificação e a alocação correta dos ativos. “Nós procuramos educar o cliente, mostrando que os efeitos negativos quando você concentra são mais perversos. Se você tiver uma distribuição bem feita em classes de ativos vai conseguir passar com menos solavancos por estes percalços”, pontua.

O sócio da Taler aponta ainda que, tanto em momentos de incerteza como de calmaria dos mercados, o importante é sempre conhecer e ter segurança dos investimentos que estão na carteira. “Essa é uma lição de casa que precisa ser bem feita. Ter plena confiança nos ativos e nas diligências realizadas faz com que o caminho para o êxito se torne muito menos tortuoso”.

Segundo ele, apesar das incertezas e da maior dificuldade em conseguir retornos no cenário atual, existem opções. “As classes ditas como alternativas sempre foram e continuam sendo parte importante de nosso asset allocation. Etratégias de participações imobiliárias, empresarias e private equity fazem todo sentido para médio e longo prazo e, invariavelmente, no pânico aparecem excelentes oportunidades”, ressalta.

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Bolsa
Ziliotto lembra que a bolsa de valores foi bastante penalizada no primeiro semestre do ano e os índices de mid e small caps também recuaram de forma expressiva no período. No entanto, ao invés de ficar longe destes ativos, o investidor pode aproveitar o momento para montar posição, sempre depois de uma análise muito bem feita.

“Você só precisa entender como uma oportunidade de ir aumentando o portfólio em ações, sempre pensando no médio e longo prazo. Talvez daqui a 5 anos a gente olhe para trás e diga: ‘deveríamos ter aproveitado o momento e comprado mais”, diz Ziliotto.

De acordo com o sócio da Taler, o cenário ainda pede cuidados, mas já existe uma dose de otimismo na equipe. “Não somos 100% otimistas, mas diria que somos ‘otimistas cautelosos’”, ressalta. “Quando se fala em diversificação de ativos, faz todo o sentido você ter uma participação em renda variável e é isso que falamos aos nossos clientes”, continua.

Entenda o Family Office
O family office é uma estrutura montada para famílias com muitos recursos, normalmente donas de grandes empresas, e que precisam de uma assessoria completa, que inclua a parte jurídica, contábil, fiscal e de investimentos.

Enquanto a divisão de fortunas das gestoras de recursos, conhecidas como “wealth management”, se preocupam mais com o asset alocation (alocação dos recursos financeiros de clientes muito ricos) e a divisão de alta renda dos bancos (private banking) disponibiliza alguns produtos e serviços diferenciados, os family offices prestam uma consultoria muito mais completa para as famílias.

Como normalmente estas pessoas possuem vários negócios e empresas, são analisados aspectos como a participação societária, a incorporação imobiliária – via produto financeiro ou não – fluxo de caixa e o planejamento sucessório e fiscal.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip